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ALMIR CASTRO BARROS
Poeta pernambucano, da cidade de Maraial, escreve poesia numa linhagem de economia verbal há mais de 40 anos. Figuram como alguns de seus mestres, na literatura universal, os nomes Paul Valéry, T.S. Eliot, Murilo Mendes, Drummond e Mallarmé. É autor de uma obra de contenção, presenciando-a na cena literária com cinco livros de poesia e o mais recente Um Beijo para os Crocodilos. Neste espaço virtual, expõe prosa ensaística, com trabalhos que enfocam a poética de Sousândrade, Cesário Verde, Coleridge, Emily Dickson..
Leiam e veja mais no blog do autro: http://www.almircastrobarros.blogspot.com.br/
BARROS, Almir Castro. Um beijo para os crocodilos. Rio de janeiro: 7Letras, 2009. 100 p. 13x20 cm. ISBN 978-85-7577-629-2 Imagem da capa: Mariana Avilez. Prefacio de Joamard Muniz de Brillo. Col. A.M.
ÚLTIMA TELHA
a Maximiano Campos
Indiquei-me ao esquecimento.
Como um morto emergente
À margem de ruína
Por onde passa o vento
E ninguém.
DO CORAÇÃO
Tudo inicia
Com os sins multiplicados
Na luz das retinas.
Virão os penhascos
Convertidos em bosques
No conhaque do beijo.
Depois é o silêncio
A mendigar em pergaminhos.
E o amor faz do coração
A pátria da agonia.
POESIA
ao Maestro Seba de Sertânia - PE
(in memorian)
Ladislau afinava pianos.
Fazia isso
Quando as folhas amareleciam
E desabavam no verão.
Nunca se compreendeu as juras desse ofício
De acumuladas buscas.
MERCANCIA
Infenso ao alarido dos que à rua vendem
Fiz voarem em mim velhos teatros
Onde verdeja um trigo na criança
Ou adorna a claridade alguns vizinhos.
Assim, um músico refaz a esperança
De quem triste e só mira águas fundas.
Página publicada em fevereiro de 2013
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