ALBERTO LINS CALDAS
Pemambucano de Gravatá, onde nasceu em 1957. Publicou Canto Fundamental e Cacimbas. Colabora em jornais do Recife (Diário de Pernambuco, Jornal do
Commercio e Diário da Manhã) com artigos de critica literária e poesia. Fundador do grupo informal Poetas da Rua do Imperador. Cursou Historia e Arqueologia na UFPE. Ensaísta proustiano e poeta.
www.albertolinscaldas.unir.br/
CANÇÂO NOTURNA
O poema é uma lagoa distante
Onde os sapos segregam pios
Que se tecem como a noite
E se coagulam numa longa
Canção noturna
Que se adensa pela casa
Bailando com a neblina
Pelos quartos
Partindo
Sem o cheiro salino dos vales
E o vazado rangir da rede
Quando ao amanhecer
A cantoria se transforma
No mugir das vacas
E duendes e morcegos
Vão dormir
É chegada a hora de o poema
Mergulhar no lodo da Titara
Hibernando a linguagem da terra
Buscando a busca do tempo
Para quando o sol morrer
A força vegetal da vida
Brotar mais fundo
Do cora?ao das serras
Arrancando lá de dentro
Os frutos apodrecidos
E os olhos de fogo
Da canção noturna
Extraído de POETAS DA RUA DO IMPERADOR. Recife: Pool, 1986. Coletânea em homenagem ao Dr. F. Pessoa de Queiroz e ao jornalista Esmaragdo Marroquim.
Página publicada em outubro de 2009.
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