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Foto  por Jakob Ganslmeier

 

ADELAIDE IVÁNOVA

 

 

Adelaide Ivánova (Recife, 1982)é poeta e fotógrafa brasileira, lançou os livros Autotomia (Pingado-prés, fotos) e Polaróides (e negativos das mesmas imagens) (Cesárea, 2014, poemas e crônicas), Erste Lektionen in Hydrologie (und andere Bemerkungen) (edição da autora, 2014, fotos)  e O martelo (Douda correria, 2016, poemas). Tem trabalhos fotográficos publicados por diversas revistas internacionais. Adelaide Ivánova vive e trabalha entre Colônia e Berlim, na Alemanha. Há ainda mais material que vale a pena conferir no site https://adelaideivanova.com.

 

 

 

a sentença

     

        duas releituras de duas odes de ricardo reis

 

I.

 

pesa o decreto atroz do fim certeiro.

pesa a sentença igual do juiz iníquo.

pesa como bigorna em minhas costas:

         um homem foi hoje absolvido.

se a justiça é cega, só o xampu é neutro:

quão pouca diferença na inocência

do homem e das hienas. deixem-me em paz!

         antes encham-me de vinho

a taça, qu'inda que bem ruim me deixe

ébria, console-me a alcoólica amnésia

e olvide o que de fato é essa sentença:

         a mulher é a culpada.

 

II.

 

pese a sentença igual do ignoto juiz

em cada pobre homem, que não há motivo

para tanto. não fiz mal nenhum à mulher e

         foi grande meu espanto

quando ela se ofendeu. exagerada, agora

reclama, fez denúncia e drama, mas na hora

nem se mexeu. culpa é dela: encheu à brava

         a garbosa cara.

se a justiça é cega, só a topeira é sábia.

celebro abonançado o evidente indulto

pois sou apenas homem, não um monstro! deixai

         à mulher o trauma.

 

 

 

50 POEMAS DE REVOLTASão Paulo, SP: Companhia das Letras, 2017.  144 p.  11x 16 cm.  ISBN  978-85-359-3016-0   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

a porca a escrivã é uma pessoa
e está curiosa como são
curiosas as pessoas
pergunta-me por que bebi
tanto não respondi mas sei
que a gente bebe pra morrer
sem ter que morrer muito
pergunta-me por que não
gritei já que não estava
amordaçada não respondi mas sei
que já se nasce com a mordaça
a escrivã de camisa branca
engomada

é excelente funcionária e
datilografa me lembra muito
uma música

um animal não lembro qual.

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2018


 

 

 
 
 
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