Viagem
Solitária viagem ao eu profundo.
Tão fundo que quase não consegue voltar.
Percorrendo como andarilho
a vasta extensão de sentimentos.
Errante jornada humana em busca de sentido.
Peregrina ingénua e atrevida.
Alegre menina a restaurar a vida.
A eterna caravana de eus
se dissolve e se agrupa
para escapar das tocaias
de realidade onipresente.
Sou alienígena de mim mesma?
Fui abduzida para meu interior
e não reconheço onde estou?
Ou é apenas um dos viajantes
reclusos do mesmo invólucro
que tenta aparecer na janela d'alma
e tumultua todo andamento capenga do Ser?
Qual é a razão da viagem?
Qual é a origem da volta?
Qual é a fascinação da vida?
Solitária Sou
Fui.
Guerreira
Sou guerreira, sou forte.
Descendente direta do século XX.
Filha dos anos 60.
Corre em minhas veias
séculos de costumes e opressões;
arte e ideologias.
Sou peça principal
no mosaico de minha vida,
e peão em tantos outros.
Tentando espantar a miserabilidade
do mundo massacrante.
Nada está pronto
estando quase acabado.
Luar
Noite de luar.
Clareando corpos e almas
mentes e desejos.
Estrelas, planetas,
cadência estelar.
O corpo veio.
O desejo ficou
com cara d
e noite escura.
Tempestade
Raios descrevem estranhas retas
no obscuro céu da vida.
As luzes desenham
raios de dores em agonia.
Não há luar.
Não há estrelas.
Só clarões cíclicos.
Iluminando medos.
Um furacão de imagens
preenche e atormenta
as lacunas da ansiedade.
O desespero rompe
em tempestade de lágrimas
molhando mente e alma.
E o espírito em desespero
se acalma novamente
para um novo
revoar de vida.
Renascendo
em cada amanhecer.