Foto: https://br.pinterest.com/
BRUNA SIENA
Nasceu e vive em 1993 em Maringá (PR).
Os fantasmas da cidade que ri
Arrumando as cidades
enquanto escuto aquele disco
que me lembra da sua retina grudada
nos vidros blindados do parapeito
e meu peito estourado
de fumaça dos carros
do cigarro
do incêndio aqui dentro
e queima tudo que é de gelo
não descongelo.
As cidades me desarrumam
e no quadro do corredor
você ri pra mim
engulo o choro
passo reto
não te olho pra não ser
obrigada a arrancar os meus olhos
e a cidade toda ri
o céu fechado
o sinal aberto
o café quente pra caralho
queimando os dedos calejados de punheta.
E tudo continua vazio
tudo geme
fecunda
rebola na minha cara
é lá na vida que eu descobri a coisa
a coisa que atira e não resgata
deixa o corpo apodrecer
no ventre da cidade que ri
no beco que estupra e não goza
o asfalto molhado refletindo
os fantasmas do alto
bebendo conhaque
voltando pra casa.
VEJA e LEIA outros poetas do PARANÁ em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/parana/parana_index.html
Página publicada em dezembro de 2020
|