BEATRIZ BAJO
(São Paulo/SP, 1980). Poeta, diretora-geral da Rubra Cartoneira Editorial, revisora, tradutora, professora de língua portuguesa e literatura, especialista em Literatura Brasileira (UERJ). Seus livros são domingos em nós (PR), publicado agora em 2012 pela Rubra Cartoneira Editorial, a face do fogo (SP) e : a palavra é (PR), os dois de 2010. Traduziu os livros Respiración del laberinto, do poeta mexicano Mario Papasquiaro, pelo Coletivo Dulcinéia Catadora (2009) e uma novela, também mexicana, pela editora LetraSelvagem que publicada em 2016. Esteve com um verso exposto na mostra POESIA AGORA, do Museu de Língua Portuguesa, de junho a dezembro de 2015. Participou da antologia poética 29 de abril: o verso da violência, ed. Patuá: 2015; antologia de poesia contemporânea brasileira En la otra orilla del silencio (Na outra margem do silêncio) organizada por José Geraldo Neres, lançada e traduzida no México em 2012; do livro de entrevistas Diálogos com a Literatura Brasileira – volume III, organizado por Marco Vasques (Movimento, Porto Alegre/RS; Letradágua, Joinville/SC, 2010); antologia Moradas de Orfeu, organizada também por Marco Vasques (Letras Contemporâneas, Florianópolis/SC, 2011; antologia Realengo: poetas pedem paz- Revista Germina Literatura & Arte, junho 2011. Mantém o blogue Linda Graal (http://lindagraal.blogspot.com/) e o Esquina Literária, de ensaios, resenhas e divulgações, (http://esquinaliteraria.blogspot.com/). Morou por 17 anos no Rio de Janeiro (RJ) e vive agora em Londrina-PR.
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“A poeta provoca-nos indeterminações, tribalizacões cromáticas, rodopios cénicos (...) cosmovisões fractais, tatuagens multisígnicas (...)” LUIS SERGUILHA, em: http://www.germinaliteratura.com.br/2010/literatura_set10_luisserguilha.htm
101 POETAS PARANAENSES (V. 2 - 1959-1993) antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI. Seleção de Ademir Demarchi. Curitiba, PR: Biblioteca Pública do Paraná, 2014. 398 p. 15X 23 cm. (Biblioteca Paraná)
PRIMAVERA@LONDRINA
uma velha quebrava galhos
curvada como uma árvore imensa
tocada de amarelo pressentir
sob densas nuvens escarlates
enquanto pelas ruas nubladas folhas corriam
de pó e pólvora abaixo dos pés vermelhos
atados nas sandálias de flores
trabalhadas com couros e cores
de espantar levemente os segredos
milongas pelas saias amarrotadas de sol
e sal dos dias entardecidos não escolhidos
uma estátua encolhida branca e nua
no quintal dos ventos rosados
primavera@londrina
amor-botão em perfume
menina mineral beijando
lápis-lazúli
com grãos nos seus olhos “
vagalumes
LUX
um homem constrói sua mulher
pela beira de si, pilares
altares de singelezas
arquitetados de aleluias
por milênios dentro
dos momentos
acende colunas e
tonifica músculos
no peito aberto
para o sempre
inventa hélices
alianças
amálgamas
assim
eternamente
apalavrados
— no franco
caminho
de seus corpos —
despertam a linguagem
intraverbal
que os ultrapassa:
“nós
nos
vivemos”
ALI ALÉM
cílio de cristalizar
com a língua
o coro do dia
TRISTANTE
tristante é uma fisgada acesa
arranhando a abóbada silvestre
dos que não veem o céu
tristante é ante antes
do néon estúpido que embaça
o sal nos ferimentos
ah! tristante intenso e vingador
partindo ao meio os substantivos
coisapalavrasemjeito
não há unguentos mas fardas
cingindo a cinzas as singelezas
dos que imploram aos perfumes
óleos essenciais lavandas
nos quintais insolúveis
álcoois para forjar imagens
batons, sandálias e dálias
nas amenidades desconcertantes
para macular de vez ou tristante
Página publicada em maio de 2016
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