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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


ÁGUIA MENDES
ÁGUIA MENDES

 

É natural de João Pessoa, Paraíba. Graduado em Letras pela Universidade Federal de Paraíba, onde atualmente trabalha. Colaborador de varais revistas e suplementos literários, publicou diversos livros: Jardim da Infância, Contos Policiais, A Bíblia Profana, Blue para um Cadáver Sonhador e O Livros do Adivinhão.

Bipartida entre os macrotemas da angústia existencial e da eroticidade, a poesia de Águia Mendes normalmente faz apelo de uma ótica às vezes lúdica, às vezes amarga, transubstanciá-los em elementos dramáticos da liricidade. Seus versos são breves e de dicção simples, embora em alguns casos atinja um grau de complexidade retórica.”  João Batista Brito, crítico paraibano

 

A casa

 

         A gustavo fernandes de lima sobrinho

 

Há quatrocentos anos

eu sonho

uma casa no mundo

varanda dos lados

wc com luar

ruas refulgentes

poltronas & sofás.

 

há quatrocentos anos

eu sonho

uma casa marítima

alcova com beira-mar

padarias & jardins

vulva crepuscular

 

casa que é bar

vulgata vulgívaga

retreta lunar.

 

mercearia

com pomares em órbita

e sonoros pardais

ou um negro coagido

por uma confederação

de poetas marginais

 

há quatrocentos anos

eu sonho

 

uma casa em desvario    

sala de estar com sol poente

zoológicos & rios.

 

terraços com auroras boreais

um porsche movido

a sonho

cocas & guaranás.

 

casa que é mundo

rolando em mar profundo

casa que é casa

com uma manhã cada manhã

nascendo no ar na selva

casa trágica onde habitam

feras intramuros.

 

há quatrocentos anos

eu sonho

Um home sweet home

londres paris

montanhas carnavais

boulevards colibris.

 

há quatrocentos anos

eu sonho

uma casa erigida

sobre a areia do sonho.

 

 

Morrer

 

morrer

é apagarem-se

todas as luzes da casa,

 

quando tudo gela

na noite

maravilhosa e bela

e o céu se infesta

de estrelas

e faz um

silêncio de rachar.

 

morrer

é não mais

ir à feira.

 

é ficar em casa

descansando

em trajes

de madeira.

 

 

Poema da vagina

 

a vagina

é um bolso

um calabouço

um poço no jardim.

 

a caixa de Pandora

a lâmpada de Aladim

que homens adoram

e mulheres que não

e que sim.

 

a vagina é uma chama

uma chaminé 

o chapéu do pênis

o tênis do seu pé.

 

a boca de um jacaré

sem dentes

um galpão

uma gruta

um grotão

um cano de passar

gente.

 

a vagina

é uma mala

uma maleta

um vale

uma valise

uma valeta.

 

um cone

um canal

um monte

uma fonte

um horizonte

vertical.

 

a vagina

é uma boca

com gula

um forno

uma fornalha

uma fagulha.

 

Um viaduto

um aqueduto

um bornal

a caixinha de rapé

para o nariz do pau.

 

 

Extraído de ANTOLOGIA SONORA – Poesia Paraibana Contemporânea. João Pessoa: Edições O Sebo Cultural, 2009. Produção executiva de Heriberto Coelho de Almeida. Contendo 9 CD com gravações de poemas nas vozes dos autores, e 31 encartes em caixa de madeira. ISBN 978-278-995423

Página publicada em novembro de 2009, a partir do material cedido pelo Editor.



 

 

 

 
 
 
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