LEONALDSON DOS SANTOS CASTRO
LEONALDSON DOS SANTOS CASTRO nasceu em Belém-PA, em 22 de agosto de 1962. Muito cedo veio com seus pais residir em Pinheiro-MA. Iniciou seus estudos no Colégio Pinheirense e publicou seus primeiros poemas no semanário Cidade de Pinheiro, e aluno do 4º. período de Medicina e do 1º período de Comunicação Social, na Universidade Federal do Maranhão /em 1981, na época da publicação do livro NOVOS POETAS DO MARANÃO, de onde extraímos a presente biografia.../ Participou da final da III Maratona Escolar José de Alencar, promoção nacional da Caixa Econômica Federal e Bloch Editora; do Concurso Literário Odylo Costa, filho - Vida e Obra, promovido pela UFMA, obtendo o 39 lugar, na categoria universitária, com o ensaio "Um pássaro em voo nacional". Participou do I
Festival Universitário de Poesia Falada, com o poema "São Luís: retrato e realidade". Em 1981 esse mesmo certame lhe conferiu Menção Honrosa pelo "Poema multinominal com gosto verde".
A seguir, uma biografia do autor mais atualizada:
Em janeiro de 1985, o jovem Leonaldson dos Santos Castro, nascido em Pinheiro-MA, chegava ao Rio de Janeiro para completar seu sexto ano de Medicina, por convênio celebrado entre a Ufma e UFRJ. Graduou-se médico no final daquele ano e, nos nove anos seguintes, obteve três títulos de cirurgião especialista em Cirurgia Geral, Cirurgia Coloproctológia e Cirurgia Oncológica. Pela Faculdade de Medicina da UFRJ obteve os graus strictu sensus de mestre e doutor em Cirurgia Abdominal. Nos Estados Unidos, freqüentou várias instituições consagradas de tratamento de câncer, como o Memorial de Nova York/Cornel University, e tornou-se Fellow of the American College of Surgeons, onde, em New Orleans/2004, apresentou vídeo de uma nova técnica cirúrgica para tratamentop de câncerpélvico avançado (Radical Proctoprostatectomy for em bloc Resection of Rectal Câncer), o qual faz parte, por convite, do acervo permanente da videoteca do Colégio Americano de Cirurgiões (www.cine-med.com/index), feito único entre os cirurgiões brasileiros. É autor dos livros Tratamento Cirúrgico do Câncer Gastrointestinal e de mais de 100 artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. Atualmente, é cirurgião sênior do Instituto Nacional de Câncer (INCA/Ministério da Saúde) e titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. Dentre vários prêmios recebidos, foi laureado com o Prêmio Jovem Cirurgião da América Latina, Melhor Vídeo e Trabalho Científico outorgados pela Federação Latina-Americana de Cirurgia, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva.
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NOVOS POETAS DO MARANHÃO. São Luís: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
POEMA MULTINOMINAL COM GOSTO VERDE
Á minha mãe,
que se faz amor e dedicação.
Leonaldson dos Santos Castro
I
Mal a vida começa
a morte já visita
o corpo que padeça
e no sangue umedeça
a sina microbiana
desta vida leviana.
0 nascimento
esse brutal
esforço
e modorral
conforto
dos que morrem.
Economizar o espaço
na vertigem do compasso
no orgasmo do descaso
e por tudo da progênie
ao homem chamado carrasco
na escuridão de um céu
apocalíptico que vomita
o seu cuspe voraz
em línguas de fogo
em rajadas de fuzis
em faro de mastins
aos sons das catênulas
de lembranças suásticas
de mortes de há 42
II
0 espírito
cúmplice da carne
por que a encarna?
III
0 meu neuroma pensa
e se pensa pensa em algo?
mas pensei no normativo nada
que a carne ficará disfarçada
depois de ser tanto protoplasma
e agora sorvando feito estrume.
Estrume também é vida:
faz fermentar a semente
da morte que me engravida
a vida
que vivo
doente.
IV
No silêncio das vozes
o choro grita latente
extirpando o sorriso
do rosto programado
por computador que computa dores?
acidificando a tristeza
da pessoa já triste
em querer viver
morrendo.
0 desejo narcísico de existir
sustenta alucinógena imagem
de esquecimento do que me sou
de paralisia das mãos
feitas de foice e de martelo
naquilo que é larval
e que nunca amadurece
no seu gosto verde.
V
Mas a vida é igual na morte.
SÃO LUÍS: RETRATO E REALIDADE
França Equinocial.
Sobrados, casarões e azulejos.
Ruas estreitas,
oscilantes em ladeiras,
que seguem para o mar
e se misturam numa só boca
com as espumas dos recifes.
0 mar intumescido chora
soltos frêmitos.
(Não há muralhas para sufocá-lo.)
Nos becos ermos,
onde os lampiões se apagam
com o passar débil e calmo
da brisa noturna,
dormem boêmios encharcados de cachaça.
0 silêncio ali pela
igreja do Desterro
é autêntico:
confidência eloquente se converte
em segredo afônico,
como se todos aplaudissem
a cumplicidade do sossego
dos santos em concílio.
Casarões azulejados eternos...
Pedras de cantaria
em apólogos de romance
jazem na madrugada desgarrada.
(Por que sepultá-las?)
Ei-la arguta e suaveamarga
a Fonte do Ribeirão,
chorando tristes lágrimas
ou rindo alegrias.
(Quem sabe?)
A estrela na luz do céu aflita
se olha
no mar sulcado
por canoas do Portinho.
0 mar na luz da terra desvirginado
se vê
na estrela insulana:
encantamento que transcende o tempo
e ignora a razão das proporções.
Casarão azulejado ázigo
e "ab aeterno",
com varanda
que ti convida... Céu de guarás.
(Para que chaminés que soltam fumaça
para esconder as estrelas?)
Ai, esse e o presente
de minha convulsiva lembrança,
mas passado de São Luís aço e vidro.
Página publicada em setembro de 2019
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