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EDSON MOREIRA
Edson Moreira (1919-1991) foi um poeta, livreiro e editor de Minas Gerais. Nasceu na Fazenda do Tanque, em São Francisco do Glória, MG, e se fixou em Belo Horizonte na década de 1940, onde se formou em Letras. Fundador, com o irmão Pedro Paulo Moreira, da Livraria-Editora Itatiaia, uma das mais importantes de Minas e do Brasil nas décadas de 1950 a 1970, tendo se credenciado pela publicação de obras da mais completa "brasiliana" de autores nacionais e estrangeiros esgotadas há décadas. O poeta publicou em 1951 "Cais da eternidade", recebendo o prêmio de poesia da Prefeitura de BH. Em seguida, "O jogral e a rosa", "Poemas existenciais" e "Tempo de poesia". Eleito em 1966 para a Academia Mineira de Letras.
REVISTA DA ACADEMIA BRASILIENSE DE LETRAS. Direção: Antonio Carlos Osorio. Brasília. No. 10 – Março 1991 - No 09 848 Ex. bibl. Antonio Miranda
Obs. Aparece na revista como EDISON MOREIRA...
CAIS DA ETERNIDADE
III SONETO
Nutres o tempo e a solidão, enquanto,
demandando a amplidão do teu império,
sobre o pó do silêncio arrasto o manto
pereginro das vias do mistério;
sombra substancial que sobre o canto
lhe transfunde a vivência de saltério,
fecundas mais e mais o meu espanto
sob as constelações de outro hemisfério.
Na dimensão espiritual das horas,
anjos fixos na paz multiplicada
clamam por mim no bojo das auroras.
Pois tenho sido, ao luar de cada idade,
concha marinha, peixe, lírio, espada,
corpo e sinal de temporalidade,
VI SONETO
Enviado pelo Rei dessa cidade
que se debruça sobre o outro oceano,
sou no tempo a visão da eternidade,
contida num silêncio sobre-humano.
Talvez a inquietação que hoje me invade
dentro da solidão do cotidiano
seja a procura de uma realidade
oculta sob um símbolo profano.
Longe dessas planuras estreladas,
como detro das conchas exiladas
o longínquo rumor do mar aflito,
sinto no incoformismo de imigrante:
— o desencanto, a "sede de infinito
e a nostalgia do país distante.
A MULHER NA POESIA DO BRASIL. Coletânea organizada por Da Costa Santos. Belo orizonte, MG: Edições “Mantiqueira”, 1948. 291 p. 14x18 cm. Capa de Delfino Filho.
Ex. bibl. Antonio Miranda
MERETRIZES
Exalto-vos ó pobres meretrizes,
proletárias do amor, filhas da orgia,
que tendes n´alma fundas cicatrizes,
e à face um riso falso de alegria.
Eu vos bendigo ao ver-vos infelizes,
nesta existência anônima e sombria,
na pratica de vícios e deslizes
indo buscar o pão de cada dia.
Vós sois como essas árvores magoadas,
que perdidas à margem das estradas,
em suas melancólicas missões,
dão efêmera sombra aos viajores,
E, sem ninhos sem frutos e sem flores,
crestam-se ao fogo das insolações!
*
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Página publicada em setembro de 2021
Página publicada em agosto de 2020
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