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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



AFONSO HENRIQUE RODRIGUES ALVES

 


Nasceu em Rondonópolis, MT (1985). Estuda Ciências Sociais na UFMT, mas se considera ainda um amador em leituras filosóficas e poéticas.

 

http://dionisios.zip.net/

 

 

POEMAS INÉDITOS

 

 

Tento, soluço

um parto difícil

Estancar um rio de sangue

Tranças de cabelos escorrem

Salientes de uma mediação vinda do olhar

A pessoa que canta o cipó se envolve na algaravia

Paratática numa quebra que vem e se repete

Pequenos arbustos pretos-cinza

a segurarem o fio – cacho.

 


 

 

Perdi dentro de mim

fio-labirinto-estese

e hoje me sinto-corte;

saudades de só ter linhas e caminhos

pilares da ponte do gozo

a volta da odara no quarto ruidoso

sinto o uno

os pés de sátiro voltam a mexer

e ritmar na cama


 

 

Ágora... Há um momento em que perpasso
As sombras, os sonhos e as formas do indefinido
O vulgo de um olhar, étimo
Teus cabelos num instante desnudam-se
O que seria?
O que seria dito pelo vento dos meus sopros?
O que dos zéfiros das previsões?
Apenas o tempo poderá responder
o que o riacho-oráculo previu pelo átimo
Despedimo-nos desapercebidos,
consolados por toques de tons
que acalmam a ponte.

 

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Conhecimento tem sonoridade de diafragma
enche os pulmões e deixa respirar
o ar puro fluído da vida-indigência
numa panóplia libelada de qualquer criação,
ilação capaz de passar pelo momento celérico
longe do fluxo das armadilhas cotidianas
Fausto de minhas vitórias,
instante de fazer turibular minha aura
em tudo que passa por meu envolto querer.

 

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Lethes
esquecimento necessário
fibra volúvel que voltará de cor-ação
reminiscências que me fazem sentir...
deixam frisson
chegar de arremesso na orelha

 

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Olhos se comportam como fontes

modelam o querer

viril ponto-cego – idêntica entrada onde o que é – é

assalto que se torna entre pântanos - sugam, fundo, arredios

Leves ventos feitos pela mão nos cabelos da nuca,

Ressabiados no altar,

Repousam como beija-flor

Ilusão rápida de vários pensamentos

êxtase turvo de vinho

saída rápida do eu

 

 

                Voz que desabita, sem se esboçar, anda calmamente perto, traz ventos de outros pulsos, mas longínqua, não consegue chegar a ser possuidor. Apenas espera a fatalidade branca que se adormece na boca entreaberta, essa é a forma mais ingênua que um pressagio doma os lábios profundos e traz telúricos subterrâneos para o brado que resistia.

 

 

 As cinzas estão aqui para transir a pele serena. No estreito do rio, o pó é tragado pelos remoinhos e diluído na profundez da nossa visão. As idéias alheias parecem se irradiar, não sei se ouço algo a mais, somente surgi lembranças anacrônicas, reminiscências de tempos que não vivi.

A luz apreendida do fundo do rio Cumbuco é negra-essência. A cor que matiza é inquieta, não que ela me incomode, mas minha mão treme se colocada na água.   Onde estou, vejo pegadas de capivara, rastros pequenos e nodosos, isso me distrai, mas o vento, a fome, o cansaço trazem-me para o instante. Talvez não queira rezar como os outros e nem perceber as faces ruidosas, flamejantes, aspirantes, mas apenas olhar e não lembrar como esse pó há poucos dias era cancro, era sinuoso aceitar.

 

 

A visão              dentre a turva                nas faces

Espinhos           num ramo seco,             pendem.

 

 

A vida no silêncio dos olhos

Véu que furta-cor

Brando projetar de figuras que insistem em

Conservar

 

Página publicada em 15 outubro de 2007.




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