Quem tudo espera do acaso,
Do tempo que, eterno, rola,
Há de viver sempre a vida
Como mendigo, de esmola.
Quem, na vida, cruza os braços,
Não pode nunca vencer;
A fortuna é como o fruto,
Que ao ramo se vai colher.
A boca uma vez aberta
— Infeliz do desatento —
É porta por onde escapam
O bom e o mau pensamento.
Quem confia em toda gente
Prepara a si traição,
Pois aquele que vê cara,
Certo, não vê coração.
Já não sei do meu destino
Pisando tantos escolhos:
Sei, apenas, que me alegro,
Sempre que vejo teus olhos.
Para alcançar teu amor,
Palmilhei rudes caminhos:
Parti coberto de rosas,
Voltei crivado de espinhos.
Tenho a palavra difícil
E já falar eu não sei
De minha boca andar cheia
Dos beijos que não te dei.
SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda
Gemendo e sonhando
Embora viva ao sofrimento afeito,
Tenho, entanto, apesar da vida incalma,
Orquestrações estéticas no peito
E belezas latentes dentro dalma.
Seja o mal, do meu corpo, sem remédio,
Tragando fel, comendo amargo pão,
Como Verlaine inspiro-me no Tédio,
Em remígios, buscando a Perfeição.
E esta ânsia, que me impele para Cima,
Na tortura da intérmina escalada,
Faz-me, ainda mais, ao lavorar a Rima,
A sensibilidade requintada.
Mas, bendigo essa dor, se o sofrimento
Constela de Emoções a Estrofe clara
E esmalta de harmonia o Sentimento
Para afirmar uma Estesia rara.
E gemo. E sonho. E é assim o meu viver.
Mas, por Deus, abençoo este Penar
Que me dá, entre a mágoa de gemer.
A sensação divina de sonhar.
(Jornal Pequeno. Ano XXIV, 27.01.1973, n. 6728, p. 05)
*
SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda
Gemendo e sonhando
Embora viva ao sofrimento afeito,
Tenho, entanto, apesar da vida incalma,
Orquestrações estéticas no peito
E belezas latentes dentro dalma.
Seja o mal, do meu corpo, sem remédio,
Tragando fel, comendo amargo pão,
Como Verlaine inspiro-me no Tédio,
Em remígios, buscando a Perfeição.
E esta ânsia, que me impele para Cima,
Na tortura da intérmina escalada,
Faz-me, ainda mais, ao lavorar a Rima,
A sensibilidade requintada.
Mas, bendigo essa dor, se o sofrimento
Constela de Emoções a Estrofe clara
E esmalta de harmonia o Sentimento
Para afirmar uma Estesia rara.
E gemo. E sonho. E é assim o meu viver.
Mas, por Deus, abençoo este Penar
Que me dá, entre a mágoa de gemer.
A sensação divina de sonhar.
(Jornal Pequeno. Ano XXIV, 27.01.1973, n. 6728, p. 05)
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VEJA e LEIA outros poetas do MARANHÃO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/maranhao.html
Página ampliada em abril de 2021
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