FRUTUOSO FERREIRA
(1846? – 1910)
Poeta maranhense.
SOUSA ANDRADE
Erguem brumas do mar do etéreo brilhantismo,
Num faustoso Ocidente umas exéquias grandes...
Loira tarde no céu. Desse cristal dos Andes
Rola um Sol a cair nas vastidões do Abismo.
E na augusta amplidão daquela tarde enorme
Surge um vulto de azul de esplêndida safira:
É a bela Guimarães... A Pátria que delira
Na opala sideral do Ocaso que ali dorme.
É que entra nos Panteons da cérula turquesa,
O Gênio imorredoiro, escultural do Guesa,
O Gênio que entre nós chamou-se Sousa Andrade.
Como as que ele sonhara eternamente belas,
Possam novas coroas desfolhar-lhe estrelas,
Por sobre a noite azúlea da ampla Eternidade.
(De Jornal Pacotilha -São Luís em 20-4-1902)
15 DE NOVEMBRO
Repúblicas dos céus tão belas, tão faustosas...
Oh! Quem vos concebera as formas grandiosas?
- Quem fora esse Escultor dos vossos alabastros
E o Fáon que acendera os fogos desses astros?
Sereias ou vestais de uns esplendores lácteos,
Em meio às amplidões de aéneos céus, eufráteus,
Por entre o oiro e o azul de siderais Elêusis,
Vossos seios, em flor, de apocalípticos deuses,
Entre a pompa a escander, dos arrebóis ardentes
E o deserto e o negror das noites arquialgentes:
- Quem vos alcandorara as negridões nevosas,
Repúblicas dos Céus... Valquírias... Nebulosas? ...
Minhalma é vaga e loira assim como as Quimeras,
Eu ouço a meIo pé ia ardente das esferas,
Eu sigo no Infinito os grupos das visões
..................................................................
Eu sou como Aassvero, eu venho de outras plaga
Remotas, de outros céus azúleos como as vagas,
Exausto e já cansado atrás das harmonias,
Deixai banhar-me aí ao sol das Utopias,
Nas vossas regiões adúleas, peregrinas,
Quero beber a luz das vastidões divinas,
Repúblicas do Azul... Valquírias... Nebulosas...
(De Jornal Pacotilha -São Luís em j15-11-1904)
NOITE BRAHMA
Corre a Noite de Brahma... A Eternidade avulta...
Aí junto à Porta de Oiro o grande Arcanjo exulta
Na voragem sem fim dos êxtases deiformes;
Estruge o vendaval dos céus pelagiformes
E o Arcanjo vencedor enfrenta os temporais,
Cheio desse esplendor das glórias eternais
E Ele vibra da epopéia azul dos cataclismas,
Nas lavas colossais dos Etnas das cismas.
Corre a Noite de Brahma... O espírito da Flor
Desdobra um madrigal - a apoteose do Amor,
O Amor - Guerreiro audaz - Sol de inefável luz,
Que se tornara um Deus, assim como Jesus:
Pompeiam céus, a flux, chispantes de arrebóis
E a Noite, em flor de Brahma acorda os seus Heróis;
Este que vem fulgindo assim como os cristais,
É um daqueles milhões de assinalados tais.
(Jornal Verdade e Paz/São Luís/ 15-12-1906,
completado nas edições de 21 de janeiro e 20 de abril de 1907.)
Fonte: ASSIS BRASIL.
Página preparada por ZENILTON DE JESÚS GAYOSO MIRANDA,
Publicada em junho de 2008.
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