AUGUSTO CESAR RIBEIRO ROCHA
AUGUSTO CESAR RIBEIRO ROCHA nasceu em Rosário, filho de Carlos Rabelo Rocha e Odinéia Ribeiro Rocha. Estuda Física e Letras, na Universidade Federal do Maranhão, e é autor de alguns livros inéditos, como LÁGRIMAS DA VIDA, AURORAS DE UM SONHADOR, SOMBRAS DA TARDE, RENUNCIA. Seu poema "Umbrais de Miraflores" foi selecionado para o I Festival Universitário de Poesia Falada.
ABAIXO, uma biografia mais recente do autor:
Augusto Cesar Ribeiro Rocha é professor de literatura, língua portuguesa e produção textual, pós-graduado em Literatura e Língua Portuguesa pela Universidade do Maranhão (UFMA), integrante do Instituto da Poesia Internacional, cronista, contista e poeta. Autor de livros como Crepúsculo das horas (Sioge, MA), Existencial de mim, Quimérico, Rumo ao sol, Além do arco-íris, Tecendo as manhãs (poesia, Scortecci Editora, SP), O que ficou no caminho (contos, Scortecci Editora, SP), Recados ao tempo em folhas de vento (poesia, Scortecci Editora, SP), Cronycontos (crônicas, Scortecci Editora, SP) e Dourando pílulas (poesia, Scortecci Editora, SP). Recebeu prêmio de publicação no V Concurso “Raimundo Correia de Poesia” (Shogun Editora – RJ), Menção Honrosa e Destaque Especial respectivamente no V e VI Concurso Nacional de Poesia (Revista Brasília, DF), e integra coletâneas nacionais expressivas, sobressaindo-se Escritores Brasileiros (Crisális Editora, RJ), Os novos poetas do Maranhão (edição da UFMA), Antologia poética 500 anos – em homenagem aos 500 anos do descobrimento do Brasil (Shan Editores, RS) e Antologia Internacional Del’Secchi (RJ), vol. XI, dentre outras. Seus textos literários procuram estabelecer pontes de harmonia entre o universo etéreo, a infância, a juventude, a maturidade e a velhice. Cada livro é uma esperança posta, uma chama que se acende, uma viagem pelos umbrais da imaginação. Fonte: https://www.scortecci.com.br
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NOVOS POETAS DO MARANHÃO. São Luís: Edições UFMA, 1981. 79 p ilus 15 x 22 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
UMBRAIS DE MIRAFLORES
Tributo a resistência e ao heroísmo do
povo boliviano
Nos jardins de Miraflores
não há graça nem fulgores
nessas rosas sem essência
que desfolham desamores!
Nos jardins de Miraflores
pastam lardos e estertores
no gasganete dos horrores
que deploram dissabores!
Nos jardins de Miraflores
a própria água é diferente
tem o tom vermelho de morte
e troa na foz dos gatilhos!
Brota dos braços quebrados
dos bravos pulsos rasgados
e dos narizes arrebentados
qual chafariz improvisado!
Jorra dos golpes de baioneta
nessas refregas encarniçadas
em que párias sugam a seiva do povo
e cospem opróbrios na face da liberdade!
Nos jardins de Miraflores
não florescem lindos sonhos
como os livres sonhos do outono
que floriram a minha inocência!
Nos jardins de Miraflores
o tempo sussurra irrisão
o vento carpeia torturas
nos ossos da servidão!
Soldados plainam terror
nas asas da devastação
Mineiros perdem a razão
diante da repressão!
Crianças caminham encurvadas
ao peso lasso da desnutrição
Os parcos músculos se afrouxam
ao trídulo comum da detonação!
0 solo mirrado e espúrio
resgata os trapos inglórios
dessa gente renitente de tez ambulante
galvanizada de pátria imperfeição!
Homens fardados de presunção
com os lábios ímpios de ódio
desfilam garbosos nas praças
ao som inufano da bajulação!
0 povo perplexo se prostra de espantos
com as vísceras frustradas de violação
Trilhas infaustas de sangue se encimam
mas a esperança é uma abstração!!!
Os olhos vítreos dos generais
estão no poder assentados
túrgidos de posses e ambições
e não se espelham em abjurações!
Nos quartéis de Miraflores
como em qualquer quartel do mundo
vida e morte se acasalam profanas
em aviltamento e consternação!
Câmaras ardentes de interrogação
se estendem em subsolos fundidas
pejadas de padecimento e reclamo
no reduto silente da sofisticação!
Nos catres noturnos vagueiam demências
como nas mentes revoltas vazões espectrais
Pelos corredores em pérfida peregrinação
desfilam zumbis de fuzis nas mãos!
Ainda hoje a pleno mastro covarde
se pode ver tremeluzir solenemente
do desagravo o portentoso pavilhão
içado pelo acinte de uma revolução!
Por todo lado ha corpos suados
lutando por um pedacinho de chão
gritos lascivos de sobrevivência
nesses milhões de barrigas sem pão!
Toda manhã o sol arrepiado reponta
os campos infestos de fome despertam
os pastos de verde lânguido empestam
os pássaros responsos padecem!
As ósculas gotas do orvalho
imbuídas de suma ironia tradicional
parecem querer despertar a florzinha perdida
resposta na cova esquecida de um injustiçado!
Janelas e pórticos se lacram
presídios em gala se alargam
cala-se à bala a voz da imprensa
e das universidades!
No entanto pra geral espanto
ó franco encanto paradoxal!
Tanto mais cresce o eco da tormenta
serpenteia mais a águia da aurora!
Nos peitos desnudos e flagelados
onde habitam corações crucificados
a flama latente do amor não se extingue
esse desejo, essa vontade, esse lampejo!
Quanto mais se extirpa o corpo molesto
mais se incrusta no espírito protesto
um só vivo ideal, um mandamento global:
morrer pra viver a liberdade!
Página publicada em setembro de 2019
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