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REGINA LACERDA
Natural de cidade de Goiás, Goiás, nascida em 25 de junho de 1921
Faleceu em Goiânia, em 14 de dezembro de 1992
Tomou posse na AFLAG, como membro fundador, em 9 de novembro de 1970. Seu currículo e trabalho na área de literatura e folclore encontram-se no Anuário 1970, desta Entidade.
ATIVIDADES CULTURAIS - Foi acadêmica muito querida, atuante e participativa. Fez parte da Diretoria da Academia, como vice-Presidente, por vários mandatos. A sugestão do nome Troféu Papyrus da AFLAG, escolhido por sufrágio entre as acadêmicas, foi de sua autoria. Deixou palestras e entrevistas gravadas no Museu de Imagem e Som da Academia. Tem trabalhos em todos os anuários da AFLAG e publicou inúmeras pesquisas folclóricas em periódicos goianos, da cidade de Goiás e de outros estados.
Foi também membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores - Seção de Goiás, da Associação Goiana de Imprensa, do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e da Academia Trindadense de Letras.
FERREIRA, Sônia. Chuva de poesias, cores e notas no Brasil Central – história através da arte. 2ª. edição revista e melhorada. Goiânia: Kelps, 2007. 294 p. ilus. col. (antologia de poemas de autores do CECULCO – Centro de Cultura da Região do Centro-Oeste) Ex. bibl. Antonio Miranda
CANTILENAS DA CIDADE
"A Cidade é velha e tristonha:
às vezes canta, às vezes sonha"
— É de madrugada.
Pela calçada gelada
caminha o moleque
contente:
Que melodia gostosa:
"Bolo de arroz....
quente... bem quente..."
Já passou o leiteiro,
outra cantilena
sumiu na esquina.
Esta agora é voz rouquen
Ouviu o que anunciou?
Meio desafiado
mas foi assim:
"— Olha a lenha"...
Um crioulinho sabido,
chapéu de palha
chão,
calça furada,
e voz esganiçada,
entoa
outra canção:
"— Comprá empada"...
Biscoito de queijo
e bolo de fubá
vêm no tabuleiro
coberto
com toalha
de algodão
muito limpinha,
com franjas de abrolhos
e bordados
vermelhos.
— Ao café do meio-dia,
reboa
Na quietude das ruas
a voz do vencedor
que no fundo do corredor
de manso anuncia
"— Quitanda"...
À tardinha
(à hora do doce)
a criançada,
recebe
alvoroçada,
com palmas e gritos,
a mais bela toada:
"—Alfinim .... pirulito...."
A lua
encontra essa garotada
lambuzada,
no meio da rua,
no meio das gentes,
cantando cirandas,
debaixo dos postes,
com a velha canção
que é toda um carinho:
“— Menina, toma esta uva.
Da uva se faz o vinho.
Teus braços serão gaiola
eu serei teu canarinho".
E os seresteiros, meu Deus,
como são sonhadores...
Vão bebendo,
vão cantando...
(Como és feliz, trovador).
Um acorde ao violão
Tim-tim-bão...
E o coração chora:
"Tão meigas, tão claras,
tão belas, tão puras
as noites de cá..."
Página publicada em dezembro de 2019
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