POESIA GOIANA
Coordenação de Salomão Sousa
PRIMO VIEIRA
PRIMO NEVES DA MOTA VIEIRA (Primo Vieira) - Poeta/GO - Nasceu em Romaria (MG), em 11-06-1918.
Concluindo o primário, ingressou no Seminário Menor, em busca da carreira eclasiástica. Em 1944, na Catedral de Santos (SP), recebeu as ordens presbiteriais. Em Santos, foi vigário na paróquia de São José e teve intensa vida intelectual, participando da fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, e da Academia Santista de Letras.
Foi diretor do Jornal de Santos. Em 1962, veio para Goiânia, tornando-se vigário da paróquia Nossa Senhora das Graças.
Foi professor da Universidade Federal de Goiás. Pertenceu ao Instituto Histórico c Geográfico de Santos, à Academia Goiana de Letras e â Academia Catalana de Letras. Em 1970, colou grau em Direito pela Universidade Católica de Goiás.
Faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 19-07-1994.
OBRA - Litanias, 1949; Penumbra votiva, 1951; Elevações Marianas, 1953; Prece de Angelus, 1955; Cromos, 1956; Verso e a subversão do verso, 1961. Vitrais, 1963; Estrelas de rastros, 1964; Borboletas brancas, 1967; Postais antigos, 1973-
FERREIRA, Sônia. Chuva de poesias, cores e notas no Brasil Central – história através da arte. 2ª. edição revista e melhorada. Goiânia: Kelps, 2007. 294 p. ilus. col. (antologia de poemas de autores do CECULCO – Centro de Cultura da Região do Centro-Oeste) Ex. bibl. Antonio Miranda
H A I C A I
Milagre de escol:
O santo
perdura o manto
num raio de sol.
A POESIA GOIANA NO SÉCULO XX (Antologia) – Organização, introdução e notas de Assis Brasil. Rio de Janeiro: FBN / Imago / IMC, Fundação Biblioteca Nacional, 1998. 324 p. (Coleção Poesia brasileira) ISBN 85-312-0627- 3 Ex. bibl. Antonio Miranda
Mater
Virgem dos cânticos, a primavera
madrugou nas encostas orvalhadas.
Tempo de poda, foi-se o inverno, impera
turturinando a rola nas estradas.
Em nossa terra há flores e floradas,
e esperança a sorrir em folhas de hera,
amada pomba, vem a que te espera,
larga as da pedra escavações sagradas.
Oh, vem, que a tua ausência é meu inverno.
Abro corolas para um dia eterno,
porque és a primavera para mim.
Oh, vem, minha alma é escura, faze-a agora
clara tão clara de um claror de aurora,
branca tão branca de um brancor sem fim.
(Litanias/ 1949)
Saudade
Uma folha morta
de malva no livro antigo...
tão viva a saudade...
Caridade
— Milagre? — Não sei.
Minha alma se multiplica
No pão que reparto...
Marinha
— Farol quieto,
é tua noite imensa
a angústia do mar?
Gota d´água
Milagre da chuva:
a gota d´água é uma estrela
no céu de uma folha!
(Borboletas brancas/ 19167)
Súplica
Nas tuas mãos que lembram duas valvas
de uma concha divina,
guarda o meu coração, ó Virgem, como
a pérola mais fina...
Nos teus olhos serenos e brilhantes
de tão meigos afagos,
guarda a minha presença refletida
como um céu sobre dos lagos...
Nos teus lábios que são dois horizontes
que, entreabertos, diviso,
guarda para a minha alma em noite escura
a minha própria via...
(Postais antigos e outros poemas/ 1975)
Página publicada em dezembro de 2019
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