POESIA GOIANA
Coordenação de SALOMÃO SOUSA
ISMAR LEMES
Natural de Rio Verde-GO, em Brasília desde 1978. Militou na imprensa escrita e falada, foi redator e cronista, ex-diretor do Centro Cultural de Taguatinga, ex-coordenador Político 'e Institucional da Administração de Taguatinda-DF, ex-vice-presidente da Academia Taguatinguense de Letras.
Figura nas antologias poéticas Cantos e Encantos, organizada pela ALETRAS, Vozes da poesia, organizada por Ádyla Macial, chancelada pelo FAC. É filiado também às Academias Aguaslindenses de Letras e Piracicabana de Letras. Participou das Rodas de Conversa sobre Ditadura Militar e a Culturado DF-, na UnB, apresentou-se na Faculdade LS e na Semana Nacional de Ciências e Tecnologia, para os Institutos Federais do Brasil, presentes ao sarau em homenagem a Vinícius de Morais, com o poema autoral, Poema em homenagem ao centenário de Vinícius de Morais; participou, como mestre de cerimónia, do sarau A Ditadura Militar, com o poema autoral 1 Golpe Nunca Mais, na II Bienal de Brasília-DF; atualmente é co-gestor do Celeiro Literário Brasiliense, Leia-me e ativista cultural no DF.
COLHEITA 2, Celeiro Literário Brasiliense, Leia-me; organização e correção de Ronaldo Alves Mousinho. Brasília, DF: Arteletras Editora, 2017.
132 p. ilus. 14,5 x 22 cm. ISBN 978-85-9506-038-8 Ex. bibl. Antonio Miranda
Epifania
Noite boêmia, madrugada macabra,
Adeja- me a negra odalisca,
Em apineia, odor cipreste.
Veem-me pergaminhos pretéritos,
Lágrimas obsequiosas...
Suavidade etérea.
Abre-se-me ventre sepulcral,
Sinos dobram,
Acorda-me o tênue hálito da vida.
Em epifania, ressurjo.
Poema para Maria Rosa e Raquel
As rosas que se foram
Deixaram marcas.
Tenho o coração tatuado.
VOZ POESIA FALADA. Coordenação e organização Adyla Maciel. Brasília, DF: Verbis Editora, 2016. 124 p ISBN 978-85-62781-26-1
Ex. bibl. Antonio Miranda
TERRA BRASSILIS
Opróbrio cruzei os sete mares
Estou em ignotas terras
Onde sobrevoa o condor as altas serras
O vento favónio sopra nos vales
Trazendo odoroso cheiro carmim
Longe vejo nadar gracioso o eglefim
Nas fechadas matas esverdeadas
Correm extensos rios de águas cristalinas
Mostrando beleza quando o sol ilumina
Nas altas árvores gorjeiam a passarada
Saborosos frutos espalham pelo chão
Servindo de ágape ao bonito mico-leão
Nas distantes planícies alcatifadas
Voa vôo solitário a águia soberana
Pascem aves e alimárias em caravana
Sorrateira aproxima a onça pintada
Corre pernalta e veloz ema
Abaixo canta a rouca siriema
Onde estou não faço ideia
Terras ricas e belas não há
Encontro os tupiniquins donos do lugar
E o misterioso Bacharel da Cananéia
Ajoelhado faço o sinal da cruz
Beijo esta terra, terra de Santa Cruz
A B C
Dê-me livros e livros
Para serem o elixir
a essência da minha intelectualidade,
Quero os caminhos poéticos da leitura pra eu existir.
Dê-me o cálice do saber
O a b c da vida.
Páginas e páginas de letras
Pontos e vírgulas
Quero o odor das margaridas
Dê-me sua mão professoral
O fanal que guiará meus passos
Rumo à escola, à universidade
Quero a cátedra, quero voar
Dê-me livros e livros
CANDANGOIANOS, NA POÉTICA BRASILIENSE / organização José
Sóter. Capa: Sobre o quadro Campo de Espinhos, do artista
Lemuel Gandara (escrito com tinta do Pequi). Projeto gráfico do
capista Potyguara Pereira Netto. Miolo: projeto gráfico e diagramação
de Alex Siva. Organizadores: Sóter, Augusto Niemar, Salomão Sousa.
Brasília, DF: SEMIM 2024. 116 p. ISBN 978-85- 980743-6-4
No. 10 203
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda, doação de Salomão Sousa.
A Gênese
A ti dediquei os mais belos versos,
nunca antes proferidos.
Minha profana boca te entreguei, para ser
depositária dos teus beijos.
Tua alma resgatou a minha
e trilham por caminhos marginados de flores.
Habitei abismos:
meu corpo agora é tributário do teu.
Cicatrizaste as erosões do meu coração.
No aconchego dos teus braços,
a gênese e o êxtase.
Ao renascer,
ouço os sons do universo.
Raia o crepúsculo multicor.
Me vêm sonhos pretéritos.
O exílio
Moça, mira-me nos olhos,
vê quanta tristeza habita meu olhar.
Moça, pela última vez deita tua cabeça em meu
peito
e ouve meu coração em descompasso.
Reverbera o timbre meigo de tua voz
É a dor da despedida!
Vejo tua pele despindo a minha
e tu seguindo para o exílio.
Imerso
busco-me no reverso.
A noite arrasta o seu manto.
Solitário nas madrugadas vago pelos corredores
da saudade.
Surgem os rubros tons do amanhecer.
Ouço os acordes do tempo.
Sinto morrer,
sem estar morto.
Latim Vulgar
Esta língua que corretamente falar almejo.
Navegou mares, oceanos e também o glorioso Tejo.
Desbravou terras banhadas pelo Negro e Solimões.
A língua que me navega é a mesma que navega
Camões.
Ventos de agosto
Banham-me os rios Pajeú e Poti e o riacho de
infância, que saciava minha sede e ainda
hoje corre em minhas veias.
Hoje suas diminutas águas tornaram-se verbos na
boca do povo e refletem versos impregnados de
saudades.
O menino criou asas buscou novos horizontes.
Ao retornar, os ventos de agosto removem a
poeira do tempo.
Tudo é silêncio!
A casa margeada pelo rancho não está mais lá.
A janela por onde o menino olhava admirado as
plácidas água e revoada dos pássaros está
tatuada em minha memória.
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/goias.html
Página publicada em novembro de 2024.
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Página ampliada e republicada em maio de 2022
Página publicada em abril de 2019
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