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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA

Coordenação de SALOMÃO SOUSA

 

  


EDIVAL LOURENÇO

 

 

Nasceu em Iporá (GO), em dia 13 de agosto de 1952. É bacharel em Direito, aposentado da Caixa Econômica Federal em Goiás, onde foi gerente de Comunicação Social e Promoção Cultural. Participa de mais de 15 antologias e teve cerca de 50 premiações, dentre as quais, o Troféu Tiokô de Literatura-Prosa, no ano de 1992. É membro da União Brasileira de Escritores de Goiás, sendo seu diretor jurídico na gestão 1992-1994. Pertence ao Conselho Estadual de Cultura.

 

Bibliografia: Estação do Cio, poemas, 1984; A Centopéia de Néon, romance, Prêmio Nacional de Romance do Estado do Paraná, 1994; A Perpétua Utopia, contos, prêmio Bolsa de Publicações José Décio Filho, 1992; Coisa Incoesa, poemas, prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos; Mundocaia, contos, 2004; As Vias do Vôo, poemas, 2005; Os Carapinas do Sri Lanka, minicontos, 2005.



MÚSCULOS DO VENTO

 

O vento bole na flauta

Sua corda vocal

Imprime fruto na florada

Em seu passeio matinal

Esculpe na pedra a face

E na face a pedra final.

 

Todo vento

É sobejo

Do sopro seminal

Nas narinas do fantoche.

 

Vento! Vento!

Cigano dos tempos,

Leva a semente do instante

Para o horizonte mais remoto.

 

O amanhã

(fascinante) é face nova

A ser esculpida

Ao comando de seu toque.  

 

 

MELOPÉIA ATROZ PRA CUÍCA E VOZ

(Com monotonia em or)

 

Quem sabe meu labirinto

Dê sentido a seu torpor

 

Quem sabe o seu ar livre

Calibre meu compressor

 

Quem sabe minha baqueta

Esquente mais seu tambor

 

Quem sabe o seu catarro

Dê sarro a meu estertor

 

Quem sabe o meu sexo

Lhe anexe ao Criador

 

Quem sabe o seu perfume

Sucumba o meu fedor

 

Quem sabe meu riso azedo

Azede o seu amargor

 

Quem sabe a sua baba

Embeba meu mau humor

 

Quem sabe meu desespero

Arrefeça seu pavor

 

Quem sabe seu prazer

Seja lamber meu horror

 

 

Quem sabe meu sal possa

Dar mais força a seu sabor

 

Quem sabe sua dureza

Dê firmeza a meu tremor

 

Quem sabe minha baliza

Localize seu vapor

 

Quem sabe a sua ida

Tenha vida onde eu for

 

Quem sabe a essa química

Denomine-se amor.  

 

 

UM RESTO DE BATOM NA BOCA DA NOITE

 

Foi assim

           sem premeditações

                    sem aviso prévio.

 

 De forma súbita e cruel é que aconteceu.

                  Você chegou

                  feito um olor

                            irresistível

de terra molhada

                    brotado de dentro

               dos engenhos do corpo

 dos agrestes da alma. Você veio

 brandindo a nova estação

 e todo o encantamento

                     que ela podia conter.

 

 Foi logo

revolvendo o esterco

          a terra compactada

                 a areia estéril, as sementes

                       distraídas, os sentimentos

                       já mortos, estimulando raízes

 ressequidas a novamente lançarem

                                              estolhos

                                                       e rebentos.

 

Outra vez

           olhos d’água brotaram

                 da terra crestada e baldia.

 

 Regatos diamantinos rasgaram os tabuleiros

                 das campinas

          rolaram-se nas vertentes

          em cascatas de vidrilhos.

                               O deserto se fez oásis.

Voltou a se ocupar de relva

           arbustos

                      arvoredos.

            Sob sol e bruma

 novamente o figo

                   o damasco

                            e a tâmara.

Novamente as pitangas

                    as amoras

                    os morangos silvestres

 trataram de demarcar seus quinhões

 na paisagem desde há muito devoluta.

 

Não tardou

        para que, entre as borboletas

        de mil cores, enxames

        de  vespas melífluas colhessem

        o néctar nos cachos de flores das acácias

                     do cedro

                              da caraíba

                                          da paineira

                              do jacarandá-mimoso

e produzissem mel com excedente

para adoçar a vida de todo ser vivente.

 

Novamente as codornas

                   as perdizes

                   as galinhas do campo

                   o ganso do banhado

                   o cervo da campina, a ovelha

 leiteira, a lebre-saltadora

                  de fácil captura pelo falcão serviçal.

 

O vinho, o leite e o mel novamente.

 Novamente o maná caído do céu.

 

Outra vez

            os sanhaços

                            os canarinhos

                                            os melros

 os uirapurus teciam manhãs

                                  em seus ninhos atados ao vento.

Pintassilgos e anus-brancos

                             executavam sonatas

                             em notas de bemol menor

                             ao cair da tarde

                                              sob o arco das alianças.

 

Era quando o Senhor

                       com seus serafins

        passeava calmamente pela viração do éden

e falava pela boca das cacimbas

                            pelo fulgor das sarças ardentes.

 

E ao pôr-do-sol

                a juriti-canora

                         o sabiá-laranja

            esbanjavam trinados.

 Entregavam a noite aos vaga-lumes

                   e às estrelas

 cujo crepitar era percebido

                              claramente

pela manifestação dos grilos

                         em suas cantilenas.

Pra depois repassarem aos galos

                  que regurgitavam auroras.

 

 

Você

         – poderes de fada –

                 espargiu em meu caminho

                                     o incenso

                                     o ouro

                                     a mirra.

 

Você

         – meneios de serpente –

                   enleou-se em meu corpo

emurchecido, já quase refratário ao prazer

                    e dele retirou sumos impossíveis.

 

Foi como uma primavera temporã

impregnando quimeras de nirvanas.

 

Foi a boa nova

       a canção divina

                     que reanimou forças

                                   há tempos esquecidas.

 

Você

        revigorou em mim

                              músculos e veias

        dentes e vísceras

                          visgos e ossos

                                        vistas e pele

 como raízes mortas sob o chão ressequido

 despertando-se com as chuvas de setembro.

 

Você

          – flor ruderal

                     de uma estação esporádica –

 foi a viração da tarde

              que precedeu à passagem do Senhor.

 

  Com a mesma sem-cerimônia

                com que chegou

                           você se foi.

E

   sob a tirania de sua ausência

              a mágica estação se esmoreceu

 desligou-se como um aparelho de TV

            só restando agora

                        este sentimento

nostálgico

           este ressaibo de absinto

                       um resto de batom

                                           na boca da noite. 

 

 

ESPÓLIO METAFÍSICO

 

Há quem duvide da alma.

 

Ao contrário, sinto que me habitam

Pelo menos duas:

 

Uma que é mansa

E se espreguiça

Ao sol da manhã;

Outra que é fera

E esturra ao pôr-do-sol.

 

Uma que é macia

E a outra que é áspera

E se exaspera e se lasca

Sem aspas de cortesia.

 

Se uma quer açúcar;

A outra, pimenta e sal

E ressaibo de absinto.

 

Uma que é ímã puro;

Outra, pura dissipação.

 

Uma que é clara canção

Outra, tambores no escuro.

 

Uma que é afeto e ternura;

Outra, dureza e vingança.

 

Uma que se santifica

Outra que se profana.

 

Uma quer apenas trilhar;

A outra, abrir caminhos.

 

Uma busca o equilíbrio;

A outra, a queda espetacular.

 

Uma visa o aconchego;

A outra luta por odisséia.

 

Se uma pede por água

A outra se incendeia.

 

Se uma se ajuíza

A outra se desidéia.

 

Se uma está quite com Deus

A outra deve a Deus

                                E à aldeia.

 

E quando chegar a hora

Do Juízo? Afinal,

Como será o inventário

De meu espólio metafísico?

 

Como vão acordar

O diabo e Deus

No formal de partilha?

 

Com quem ficará

               A alma insana?

Quem vai reivindicar                                  

A alma insossa?

 

E as almas – borboletas paradoxais

De meu corpo-crisálida –

Assim apartadas

Guardarão a memória de mim?

Ou serei descartado

Como um ramo resseco

Do que um dia foi

Um buquê perfumado?

                               Jaz mim?

 

 

LIDE COTIDIANA

 

Eis que campeio palavras

Entre grotas, outeiros, matagais

Na vastidão do cerrado léxico

Apascento-as horas a fio

Para depois tangê-las

Ao estábulo do verso.

 

Na lide cotidiana

Domo xucras palavras

Ensino-lhes a marcha

De novas métricas

Laço sentidos ariscos

Tosquio rimas enlanadas

Cavalgo metáforas rebeldes

Ordenho significados

Para finalmente

Sobre o olor e a maciez do feno

Deleitar-me com as carnes

 Do poema.

 

Mas, um detalhe me decepciona.

Um ínfimo detalhe.

Pois vejo que o til inútil

De sutil cobertura nasal

Não protege da chuva

 A palavra pão

Cujo sentido se esboroa

Antes mesmo da deglutição.

 

 

 

 

LOURENÇO, EdivalA caligrafia das heras.  Poemas.  Goiânia, GO: R&F Editora, 2012.  192 p. 13,5X21 cm.  ISBN  978-85-87481-72-6   “ Edival Lourenço “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Tempo-vento

 

O vento bole na flauta

sua corda vocal

imprime o fruto da estação

em seu passeio matinal

esculpe na pedra a face

e na face a pedra final.

 

Todo vento
          é sobejo

do sopro seminal

nas narinas do fantoche.

 

Vento! Vento!

Cigano dos tempos,

leva a semente do instante

para o horizonte mais remoto.

 

O amanhã

(fascinante) é a nova face

a ser esculpida
          ao comando de seu hálito.

 

 

Prestação de serviços

 

Em seis dias Deus fez o mundo

          mas no sétimo descansou.

 

                              Agora

para fugir do tédio

          da aposentadoria precoce

mandou divulgar em púlpitos,

decalques, panfletos e outras mídias

alguns serviços em domicílio

e intervenções localizadas:

reboques, curas, curetagens, consolos,

reparos, milagres supérfluos

e outros ofícios de pequena monta.

 

As igrejas

          são quiosques

                    dos bicos de Deus.

 

 

 

LITERATURA GOYAZ. Antologia 2015.  Adalberto de Queiroz, org.  Goiânia, GO: Ed. Livres Pensadores, 2015.  160 p.  Capa: Thálita Miranda. ISBN 978-85-69024-05-7   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

         REMÉDIOS

 

         Confesso:
         sou mesmo um ateu medicamentoso!

         Creio mais
         é nas apalpadelas do doutor
         nos chazinhos de minha mãe
         nas massagens de minha mulher
         no princípio ativo do carinho.

         É pela poesia
         e pela ternura
         que consubstancia
         o processo de cura.

         Sou propenso a crer
         é no poder curativo dos placebos
         no raminho das benzedeiras
         no poder universal das panaceias
         nas correntes de orações
         das comadres solícitas
         despertando a cura
         do centro vital do sofredor!

         O que cura é o amor;
         da fratura ao tumor!
         O resto, meu amigo,
         o resto é superstição química
                   — conversa de mercador!

 

 

         O ZUMBI DO MEU OUVIDO

 

         Meu ouvido sé distingue
         o que é som do que é ruído
         porque um é agradável
         e o outro, aborrecido.

         Meu ouvido malcriado
         quão ingrato ele tem sido
         se eu lhe agrado com sons
         me retribui em zumbidos.

         Zum é o tesão da foto
         (sua pose com libido)
         já o zumbido é fantasma
         o zumbi do meu ouvido

         que escuto até se não ouço
         pior que qualquer ruído
         uma cigarra maçante
         a me deixar aturdido.

 

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE. Número  31 – Ano 15 / 2009.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura. 2009.  217 p.    ilus. col. Editor Marco Lucchesi.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

                O vinho dos dias

                        Para Tânia Eloisa

        Os dias são frutas
         plenas de caldo e viço
         num daqueles cachos
         ainda apegados à videira.

         A gente colhe os dias
         transporta os dias
         que se ferem pelo mau jeito
         no assoalho da carroça.

         Os dias a gente esmaga
         com os pés na tina
         dos ofícios e do seu sumo
         faz o vinho
                   de safra possível.

         Vem, amada minha!
         Vamos nos embriagar
         com o vinho desta safra
         depois a gente se deita
         sobre o bagaço dos dias.

         E as sementes lançadas ao solo
         vão escrevendo novas videiras
         com caligrafia de cipó.

 

         Olho d´água

        Assim escrevo o poema
         como Deus escreve o rio
         entre o fluxo e o dilema
         o pleonasmo e o eclipse

         sem me importar se o veio
         vem ou vai para o sertão
         se nele dá barco a passeio
         ou nem dá navegação.

         Tiro por Deus que se atreve
         entre ofícios e inzonas
         e de gota em gota escreve
         regatos e Amazonas

         com seus tiques e sotaques
         e dicções e corredeiras
         suas gagueiras e baques
         declamando cachoeiras.

         Não sei que rio farei.
         Apenas destilo água
         de sentimentos sem rei
         nesta vida sem Pasárgada.

         Pode ser que nem dê rio
         tão somente uma lagoa
         mas por não achar caminho
         repentinamente voa.

 

         A casa da infância

        Ó magnífico enlevo
         que me envolve nesta hora
         ao retornar à casa de menino!

         Novamente adentrar esse quarto
         deita-me neste catre ao meio da tarde
         não uma tarde qualquer
         mas uma tarde reavida
         pelas magias da memória
         no que ela tem de mais nostálgico
         e seguir no vão da janela
         o revoo dos urubus
                              azuis pela distância
         como nos velhos tempos
                                      anteriores à malícia.

 

         A voz cava de meu pai na cozinha
         (que silenciou há mais de meio século)
         contando histórias pra minha mãe e ela
         apenas sorri como quem se ilumina
         enquanto a chaleira
                        exala o cheiro de erva-cidreira

         um galo velho arrisca um canto rouco pelo pátio
         golpes de um machado moroso ressoam ao longe
         em resposta ao ritmo débil
         do monjolo nos fundos do quintal
                                                         — o pulso do tempo.

         Os ventos de maio (de um maio de mil
         novecentos e antigamente) resvalam pelas frestas
         agitam as palmas das macaúbas
         esfregam os troncos de bambu
         na touça ao lado como se fosse
         o ranger do eixo sem graxa das galáxias
         que se movem ao redor de mim.

         Meu Deus! Meu Deus!#
         Meus olhos embaçam
         meu coração pulsa descarrilado!

                                 Nesta hora
         tudo é perfeição
                   e dor infinita!

                                               (14.07.08)


LOURENÇO, Edival. Estação do Cio. Poemas.Capa: Gomes de Souza. Ilustrações Carlos Dacruz.  Prefácio: Anatole Ramos. Goiânia, GO: Gráfica e Editora Piloto Ltda, [1983]  71 p
Exemplardoado pelo livreiro José Jorge Leite de Brito.

 



 

 APOLOGIA DO PRAZER

Vou antes (voante)
sorver (só ver e me dissolver)

 seus peitos
suspeitos
por tudo, portanto
desafiantes.
Vou correndo de cor lendo
seus lábios (astrolábio
que norteia meus dez tinos?) —
(laivos de astro
fu(l)gindo, fingindo
indiferença de fugidia fera.

Existir — (a)pesar
(d)os (an)seios;
nave(gar) no corpo do rio
mesmo que (n)a face (na)core,
ser um todo: anca, cara e carranca.
(Prazer : Verbo de substantivo
conjugado que,
rude, range, arde
e urde a vida
entre os liços e entrelaços
eriços no tear dos quadris).

Vou antes (esvoaçante)
ainda que o futuro nos pareça
passado (ru)minado.
Existir: pesar os seios —
naves do corpo
fontes do rio.

(Prazer : ação de objeto
simulada, que capta o ser
pelo avesso no arremesso
de seu tacape
na fúria dos tufões
intergalácticos
varrendo estrelas
meteoros e ânima
que pelos poros evapora).

Vou antes (voando montes)
cair nos (a)braços de l´âncora
da moça de louça
a doçura : loucura?
sorver seus peitos
suspeitos
pontudos portanto,
ainda que o presente
nos pareça (ful)minado.

Existir no escárnio da carne —
filhos da fenda
de fundo pecado,
navegantes (naves voantes)
nos trâmites do desejo
— de fendas e falos —
ante o bocejo lânguido
no relâmpago dos (d)entes.

(Prazer : aval da existência
no banco do pecado).
Vou antes (volante)
sorver suspeito o todo:
peitos, carrancas, coxas e ancas
ainda que o passado
nos pareça cristal
(conta)minado.
 

 

 

 ENCANTAMENTO

O que fazer deste fogo (con)tido
a me queimar o peito em desalento?
Prisioneiro me fez o sofrimento
e me arrasto qual gato combalido.
Mas no momento louco da libido
em que a dor maior faz-se encantamento
saltaremos telhado e cata-vento
como os felinos no cio de alar(ido).
Nosso rumor acordará vizinhos
os quais nos olharão (boqui)abertos.
Nada vai deter o que a alma conluia:
Nossas asas farão nossos caminhos
entre as estrelas e, da dor libertos,
cantaremos com anjos hallelu Yah.
 

 

 

 VULCÃO

Que eu negue a eternidade e sua monotonia
mas que eu me expanda na ex tensão do profano instante
vivendo o efêmero, profundo, quiçá vibrante
(a) qual ter(re)no deus numa glória fugidia.
Que eu me perca ao relevo da densa (geo)grafia
de seu corpo, entre montes e o vale exuberante,
servir-me de esmeraldas qual louco bandeirante
e alimentar a sede, posto que não sacia.
Que eu me sufoque ao me adentrar pela estreita gruta
de sua alma a mostrar a performance de fera
num clima de mira(gens) no mundo da (qui)mera.
Que o seu vulcão exploda exibindo a força bruta,
que eu caia exangue bem ao fundo dessa cratera
mesmo que muito mais amara se gás houvera.
 

 

 

 

 ANJO FÉRTIL

 

 Seu corpo tem ginga de peixe nágua,
contorno tais que não se mede a régua
seu ardor me persegue légua a légua
(per)seguição de que não tenho mágoa.
Seu ardente cio de fogosa égua
apossa de minhalma quando trago-a
ao peito e meu corpo no seu deságua
em (j)atos de prazer e amor sem trégua.
— A divina ira sobrepor, destarte
gozar-lhe a chama em Vênus ou em Marte,
sem cama, sem pecado e até sem brio
qual cachorro vadio o anjo fé(rtil)
a disparar-lhe sempre meu projétil
a saciar-lhe o insaciável cio.

 

 

*

 

 

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Página publicada em abril de 2021

 

 

Página ampliada em junho de 2017. Ampliadda e republicada em setembro de 2018



 

 

 
 
 
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