POESIA GOIANA
Coordenação de SALOMÃO SOUSA
CLÁUDIO FERNANDES RIBEIRO
Graduado em história pela Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás, 2006 a 2009. Mestre em história pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás, 2010-2012. Área de investigação: teoria da história e história intelectual.
LITERATURA GOYAZ. Antologia 2015. Adalberto de Queiroz, org. Goiânia, GO: Ed. Livres Pensadores, 2015. 160 p. Capa: Thálita Miranda. ISBN 978-85-69024-05-7 Ex. bibl. Antonio Miranda
ESCÂNDALO
Há certo sangue das poças
de um homicídio primevo que
teu passo deixa em selo
impresso, por onde passas.
Há certo olhar sem espelho no
infenso fito que esboças...
Mancham o teu lenço as nódoas
do mais escuro desejo.
O ódio vem e lhe acossa, grassa
com fúria no acervo
da intimidade, sobejo,
e à sanidade destroça.
Não passas tu de um excerto do
livro de todas as levas
dos degredados de Eva,
ante as pedras de tropeço.
EPITÁFIO PARA UM GUARDANAPO DE PAPEL
No armário azul, em plástico embalado,
tu repousavas alvo e todo incólume.
Após a festa, o vi todo aviltado,
no chão imundo, à luz de um velho lume.
Cerveja vil, saliva e molho soyu
marcaram fundo a tua derme implume.
Tiveste o Fim, contudo, em um arroio
no qual deságua um fétido chorume.
Cumpriste um dever tétrico entre nós.
Mas tu, à celulose, deste a glória,
sereno e puro como a branca neve!
Teu corpo se desfez na turva foz,
cumprindo uma jornada merencória.
Que o Hades dos papéis lhe seja leve!
Página publicada em junho de 2017