POESIA DE GOIÁS
Coordenação de SALOMÃO SOUSA
Foto por Janine Moraes
CLAUDINE M. D. DUARTE
Nasceu em Anápolis, Goiás, em 1962 e vive em Brasília desde 1979. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UnB, atuou como executiva no mundo das tecnologia da informação e comunicação e ativista na formação de jovens leitores e na direção teatral. Integra o Movimento Mulheres das Letras e coordena o Coletivo Editorial Maria Cobogó.
DUARTE, Claudine M. D. Desencontos. Brasília, DFD: Edição do Atori; Maria Cobogó, 2018. 109 p. 14 x 21 cm. Introdução de Eva Leones. Ilustração Támara Habka.ISBN 978-85-924942-0-9 Ex. bibl. Antonio Miranda
“O livro de estreia de Claudin E M. D. Duarte recusa o fechamento que uma classificação em gêneros literários pudesse impor. Os textos circulam pelo território do miniconto e do conto curto, sem se fixar neles, e pelos espaços da poesia.” EVA LEONE
NOITE
Inventava universos.
Sóis azuis. Girassóis brancos.
Ele abriria a porta, ela serviria o jantar.
No ar, um adagio. Andante, amarelo.
Acordava com a chave na mão.
Nem tinha
porta...
CAPRICHO
A mensagem tinha sido clara:
às onze horas, segure o vaso de crisântemos azuis no parapeito da janela.
Ali estava. Meio ridículo, meio poeta.
Um vento frio percorreu seu corpo nu.
Gotas espessas molharam algumas folhas. Colheu alguma delas com o
dedo.
E então a soube: ácida. O homem do tempo errara mais uma vez.
BRECHA
Primeiro foi uma porta.
Depois uma trilha comprida.
Um dia, um entardecer inaudível.
E foi assim que a noite despencou como sempre e a encontrou,
desavisada.
RENÚNCIA
Eu te compraria uma rosa inventada, uma assim meio Dali meio Miró.
E nada disso
adiantaria.
Página publicada em abril de 2019
|