| POESIA GOIANACoordenação:  SALOMÃO SOUSA
   Foto: https://www.jornalopcao.com.br/       CRISTIANO  DEVERAS   Nasceu em Goiânia,  Goiás, Brasil, em 25/12/1972.Vencedor do Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, da UBE, Goiás,  em 2006 e 2012 com seu livro de estréia, Jantar  às 11 e o Etéreo Ser de Carbono.
 Menção Honrosa no Prêmio Lucilo  Varejão do Concurso Lirerário da Cidade do Recife- 2008, com Coração de  Pedra.
 Organizador do projeto Bar do Escritor.
 Participa des de 2010  da FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty – RJ.     BRITO,  Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.   21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa.  Projeto gráfico e capa: Victor Marques.   ISBN 978-85-400-1248-6 BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.   21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa.  Projeto gráfico e capa: Victor Marques.   ISBN 978-85-400-1248-6 Ex. bibl.  Antonio Miranda                CONSTATAÇÃO
 Armazeno palavras
 no oco oposto
 da  minha cabeça
 e  as despejo destratadas
 de  maneira tosca,
 infiel,
 entre  as bordas brancas
 de  um pedaço de papel,
 sem  orgulho ou presunção,
 sem  plano ou meta,
 escrevo  palavras ao léu:
 sou  pobre, não poeta.
 
 
 
 MADRUGAL
 
 Sequestro  sorriso
 da  boca da noite,
 anoiteço  incertezas
 atravessando  as alamedas
 das  madrugadas frias
 da  vivência vazia
 do  estar
 sem  ser.
 
 
 
 BELEZA IRREFLETIDA
 
 Narciso  no sertão
 aflito,
 não  tem lago ao largo
 para  se ver refletido,
 e  vendo que não há Eco
 para  seus gritos,
 se  desespera,
 e  acaba afogado em lágrimas.
 
 
 
 EXPIRAÇÃO
 (em parceria com o filósofo Marcus  Renato)
          Onde andará minha  inspiração?parece  estar tão apagada
 quanto  esta caneta
 que  expõe meu penar.
 
 De  tão vadia é
 deve  estar
 em  um beco qualquer
 (ela  diria que está em um beco sem saída).
 
 De  tão livre é
 deve  estar num vasto campo
 coberto  de flores
 (para  ela, um campo de concentração).
 
 De  tão louca é
 pensaria  estar me inspirando,
 entretanto,  ela não percebe
 que  sequer estou respirando
 (ela  pensa que estou dormindo).
              UM NOVO EU
 Eu,  que não sofria
 de  falta de ares
 de  arroubos e suspiros
 de  amores
 
 Eu,  duro como um prego
 no  madeiro,
 altaneiro,
 hoje  cabisbaixo,
 sinto  fraquejar as forças,
 mas  ainda mantenho as poses.
 
 Quisera  eu, como um pensamento,
 cruzar  instantâneo
 toda  a extensão do firmamento
 à  fera que me rouba
 os  pensamentos.
 
 Monstro  triste e trágico
 batizo-o  saudade
 quisera  eu...
 quimera  eu...
              DOS DIAS EM QUE O CÉU DESABA
 Eu,  que não sou mais que um banido,
 um  pretérito, proscrito
 deitado  em gozo vilipêndio
 de  uma noite vinte vezes varonil
 grito  contra o véu da noite
 tramando  hoje os insucessos alheios
 (pois  já tive muito sucesso em fracassar).
 
 Frio  como o aço da baioneta
 indago  os céus e cobro vendavais
 —  Que caia agora a tormenta!
 Deságue  nos portos que destrua o cais
 (porto  seguro das minhas desconfianças).
 
 Trovejam  mágoas,
 e  chovem tristezas
 em  grossas gotas
 misérias  meninas e marotas
 brincam  de roda em minha volta
 batem  palmas e gritam
 se  exasperam, se animam, excitam emoções
 pesadas  e perdidas desditas;
 
 E  o céu não para de cair
 minha  quimeras não deixam de rugir
 vendo  as janelas chorarem
 e  a felicidade trancada do lado de fora
 (desde  que ela foi embora).
 
 Quem  a mandou sair sem as chaves?
 Quem  lhe abriu as portas em pares?
 
 Quem  tomou-lhe meu endereço,
 o  nome do lugar onde vivo
 apodreço  na minha sala-sepultura
 quarto-caixão  copa-cova solidão...
 
 Ah!  tristeza tanta!
 Que  sempre me acompanha,
 que  sabe da minha sina
 e  se espanta
 com  o mar de líquidos represados n´alma.
 
 Anda!
 Escancara  o leito seco da minha dor,
 pois  apesar de jorrarem mágoas,
 a  fonte não transborda milímetro sequer.
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 http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/goias.html  Página  publicada em junho de 2021
 
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