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VICENTE DE PAULA FALEIROS
Nasceu em Minas Gerais, em 1941 e reside em Brasília. Foi exilado político, é dirigente de ONG e participa das lutas pela emancipação social. Ah. É da torcida do Corinthians.
Publicou o livro LETRA VIVA (Rio de Janeiro: 7Letras, 2006), em parceria com a também poeta mineira Marta Helena de Freitas em que ludicamente trabalham poemas com as letras do alfabeto, alguns escritos em conjunto.
A CORDA
corda curta
cardo a lã de meu corpo
acorde de amarras
ando no corte
curto
curta
karma
corro
cala
caminho
O NÃO PROMETE
Não, passarão
O povo, não, será vencido
Não, darás falso testemunho
Não, caíras em tentação
Não, desejaras a mulher próxima
Não, fugiras da raia
Não, matarás o diferente
Não, renegarás uma, duas ou três
Não, abandonarás as promessas
Não, dessa água beberás
Não, mudarás
Não, descansarás em paz
Não, morreras
Não, retirarás a vírgula
PECADO
Pau, pênis, ponto g
puta, porco, peculato
prevaricação, perereca
Quanto pecado no p!
Perdão.
Procuro, procurais, procuramos
paz, pão, peito
pedaço de chão
pra plantar um sonho
pendurar um teto,
perceber o outro,
desfazer as penas,
participar
Posso pouco no que quero
passo a passo pelo tempo
sem paço
no poço
a tomar posse da morte.
DESVELO
No horizonte do dia D
desejo inteiro de ti
desdobramentos de alma e palma
desmembração de ócios
desvelar da dália
doce
Dia de dúvidas
silêncio de dívidas
a dor do dar
Deus e diabo nos pedaços
Desacordado de sonhos
desabitado de lonjuras
dados, sem defesa
na decisão da sorte
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