MARINA MARA
MARINA MARA DA SILVEIRA CHAVES, nasceu em Taguatinga, DF, em 1979. É publicitária, jornalista e produtora literária.
O livro "Sarau Sanitário.com"é parte de um projeto de inclusão social e popularização da Poesia por banheiros públicos e pelo mundo virtual. Tem versões em Braille e em outros idiomas, traduzidos por alunos da cidade de Celiândia, DF.
De
Marina Mara
Sarau Sanitário. com
Capa e ilustrações de Clarice Gonçalves.
Brasília: FAC, 2009. 93 p. ilus. col.
ARTE URBANA
As galerias das ruas
No museu cotidiano
Passam de gris a grafite
Num passe, num passo
Traçando trajetos
Com traços de tons
E compasso de sons
Que cantam a realidade
E pintam pela cidade
Um jeito diferente de ver
E de viver o que está aí
E quem vier ver, verá.
BURLE
(Ao músico, pintor, poeta e paisagista Roberto Burle Marx)
Burle o que não for arte
Marques com cores as veredas
As varandas, as telas e teclas
E quando chover no jardim
E o sol trouxer as sete cores
O mestre dará sete notas
Todas mudas, que plantadas
Florescem como poesia
Enraizada em projetos
De cheiro, a vida e simetria
Seja tela, terra ou tom
Sim, tudo são flores
Quando a magia é dom
É o poder da alquimia
Que tira som de planta
Como maestro que encanta
Os pardais de orquestras naturais
Que leem nas linhas das folhas
Suas partituras musicais.
TARJA
o sol tatuava uma tarja dourada
em meus olhos quando pelo espelho
vi a estrada se afunilando
e de tão estreita foi engolindo
o caminho de volta ao seu colo,
a sua companhia e também a tarde
só não devorou meus olhos por piedade
pois quando a saudade incomodar
é para o mesmo espelho que vou olhar
não pra lembrar de sua estrada
mas de sua essência que colore
minha íris quando chovo
mesmo da outra ponta do arco.
O MCDONALD´S ME COMEU
hoje comi mcdonald´s.
pedi meu castigo pelo número
e mesmo sabendo ser efêmero,
fui fast e me food.
por favor, uma promoção:
um combinada de raiva
com molho de autoflagelação.
senhora: esse item está em falta
mas se quiser, temos molho alienante
que acompanha suas idéias... fritas.
eram mordidas crocantes como isopor
croq! dando à consciência um sumiço
visual colorido, como você pode supor
ah... como não-amo-muito-tudo-isso.
foi como se pichasse meu próprio muro
que há décadas mantinha-se casto
mas foi um castigo aplicado com juro
e hoje, senti-me mais uma no pasto.
era como se cupuaçu, guaraná e guarani
fossem algo ilusório, não poderia estar ali
e viva o país contaraditório!
o mais belo, o mais livre
o que mais insiste em se diminuir.
e hoje, antes de dormir, pedirei perdão
à amazônia, a mim mesma e à nação
por, triste, achar que o bem morreu
mas, "amanhã vai ser outro dia"
melhor que esse, no qual
o mcdonald´s me comeu.
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1o. Prêmio Cassiano Nunes - Concurso Nacional de Poesia - Seleção 2009. Antologia. Org. Maria de Jesus Evangelista. Brasília: Universidade de Brasília -Biblioteca Central- Espaço Cassiano Nunes, 2010. 152 p. 14 x 21 cm. Ex. bib. Antonio Miranda
BURLE
Burle o que não for arte
Marques com cores as veredas
As varandas, as telas e teclas
E quando chover no jardim
E o sol trouxer as sete cores
O mestre dará sete notas
Todas mudas, que plantadas
Florescem como poesia
Enraizada em projetos
De cheiro, vida e simetria
Será tela, terra ou tom
Sim, tudo são flores
Quando a magia é dom
É o poder da alquimia
Que tira som de planta
Como Maestro que encanta
Os pardais de orquestras naturais
Que leem nas linhas das folhas
Suas partituras musicais
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Página publicada em abril de 2022
Página publicada em julho de 2010
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