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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 



GIOVANI IEMINI

 

 

Mão Branca é escritor, peladeiro, motoqueiro, cachaceiro, leitor voraz, cactólogo, historiador, gibizeiro, roqueiro, (ex) cabeludo, marido, enxadrista, pintor, músico (frustrado) e conhecido nas redondezas como o amigão de todas as horas.  

 

Mão Branca é o pseudônimo de Giovani Iemini, que mora em Brasília, tem mais de 30 anos, conhece profundamente a perversidade humana e tenta de todas as maneiras ver-se livre das amarras da própria limitação. Gosta de Charles Bukowski e de Wander Wildner. Vive tomando umas nos bares da cidade mas está sempre à paisana. Gosta de coisas simples mas limpinhas. Destesta politicagem e vive mandando tudo à merda. Gosta de futebol, da mulher, roquenrou e cerveja. Acha a cachaça a bebida dos deuses.

 

 

Poemas de Mão Branca

 

 

Último pedido

 

Sobre meu túmulo

Não quero flores mortas

Nem imagens

De religiões idiotas

 

Apenas a grama nascendo

Numa pedra fria

Escreva meu nome

E da morte o dia

 

Nessa vida sem sentido

Tudo se vai

Só faço um pedido

Junte-me a meu pai 

 

 

Profissão

 

Mais fácil que difícil

Confundir o ofício

Com a pessoa

 

Eu não me restrinjo

No trabalho, finjo

O que faço é à toa

 

Não sou doutor

De derrota sou professor

Caminho de cara no chão

 

Aprendi já tarde

A arte da vida arde

Sou maior que a profissão

 

  

 

Grande Mão Branca

 

Nas memórias infantis

Meu fraco pulmão

Trouxe dias febris

Brincadeiras na solidão

 

Ao cair da noite

O frio e o medo

Acertavam-me como açoite

Um menino azedo

 

A paz só voltava

Numa hora franca

Minha testa meu pai segurava

Com sua grande mão branca

 

 

 

Sentido errado

 

Tudo o que faço

É um ímã

Em descompasso

A coisa termina

 

Caminho decidido

Num andar inútil

O objetivo escolhido

Mostra-se fútil

 

Desgastado

Sento-me agora

E penso no passado

 

Arrasado

Joguei a vida fora

Segui o sentido errado

 

  

  

Melancolia

 

A pele do meu rosto

Verga meus lábios

Para baixo

 

Neste mundo tosco

Não me encaixo

Queria desaparecer

 

Sem deixar rastro

Sem ninguém sofrer

Só pro meu peito

Parar de doer

 

  

 

Amigo poeta

 

Amigo poeta

Maluco pateta

Tão sem noção

 

Maltrata a letra

Nunca entra

Em pára-quedas

De brincadeiras

 

Amigo poeta

Mestre profeta

Não sem razão

 

Milagra a letra

Sempre saindo

Em espaçonaves

Além da imaginação

 

 

 

Olho fechado

 

No percurso

Ando de olho fechado

Pedra no caminho

Não é meu pecado

 

Há pedras

Por todo lado

Quando tropeço

Não é meu pecado

 

Se tenho errado

É por crer no destino

Ando de olho fechado

Em desatino

 

  

 

Cinzas

 

Centésima vez

Que você diz

É infeliz

 

Isso nunca quis

Sou um aprendiz

Do revés

 

Só pensei talvez

Ao invés

Tudo vire cinzas

 

 

 

Primeira

 

primeiro beijo foi Luciana

primeira transa, Joana

amor, Ana

a primeira esposa foi Renata

 

em cada passo

uma marca

no músculo coração

 

primeira recusa foi Paula

primeira falha, Cláudia

perfídia, Juliana

o primeiro abandono dói até hoje



 


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