GIOVANI IEMINI
Mão Branca é escritor, peladeiro, motoqueiro, cachaceiro, leitor voraz, cactólogo, historiador, gibizeiro, roqueiro, (ex) cabeludo, marido, enxadrista, pintor, músico (frustrado) e conhecido nas redondezas como o amigão de todas as horas.
Mão Branca é o pseudônimo de Giovani Iemini, que mora em Brasília, tem mais de 30 anos, conhece profundamente a perversidade humana e tenta de todas as maneiras ver-se livre das amarras da própria limitação. Gosta de Charles Bukowski e de Wander Wildner. Vive tomando umas nos bares da cidade mas está sempre à paisana. Gosta de coisas simples mas limpinhas. Destesta politicagem e vive mandando tudo à merda. Gosta de futebol, da mulher, roquenrou e cerveja. Acha a cachaça a bebida dos deuses.
Poemas de Mão Branca
Último pedido
Sobre meu túmulo
Não quero flores mortas
Nem imagens
De religiões idiotas
Apenas a grama nascendo
Numa pedra fria
Escreva meu nome
E da morte o dia
Nessa vida sem sentido
Tudo se vai
Só faço um pedido
Junte-me a meu pai
Profissão
Mais fácil que difícil
Confundir o ofício
Com a pessoa
Eu não me restrinjo
No trabalho, finjo
O que faço é à toa
Não sou doutor
De derrota sou professor
Caminho de cara no chão
Aprendi já tarde
A arte da vida arde
Sou maior que a profissão
Grande Mão Branca
Nas memórias infantis
Meu fraco pulmão
Trouxe dias febris
Brincadeiras na solidão
Ao cair da noite
O frio e o medo
Acertavam-me como açoite
Um menino azedo
A paz só voltava
Numa hora franca
Minha testa meu pai segurava
Com sua grande mão branca
Sentido errado
Tudo o que faço
É um ímã
Em descompasso
A coisa termina
Caminho decidido
Num andar inútil
O objetivo escolhido
Mostra-se fútil
Desgastado
Sento-me agora
E penso no passado
Arrasado
Joguei a vida fora
Segui o sentido errado
Melancolia
A pele do meu rosto
Verga meus lábios
Para baixo
Neste mundo tosco
Não me encaixo
Queria desaparecer
Sem deixar rastro
Sem ninguém sofrer
Só pro meu peito
Parar de doer
Amigo poeta
Amigo poeta
Maluco pateta
Tão sem noção
Maltrata a letra
Nunca entra
Em pára-quedas
De brincadeiras
Amigo poeta
Mestre profeta
Não sem razão
Milagra a letra
Sempre saindo
Em espaçonaves
Além da imaginação
Olho fechado
No percurso
Ando de olho fechado
Pedra no caminho
Não é meu pecado
Há pedras
Por todo lado
Quando tropeço
Não é meu pecado
Se tenho errado
É por crer no destino
Ando de olho fechado
Em desatino
Cinzas
Centésima vez
Que você diz
É infeliz
Isso nunca quis
Sou um aprendiz
Do revés
Só pensei talvez
Ao invés
Tudo vire cinzas
Primeira
primeiro beijo foi Luciana
primeira transa, Joana
amor, Ana
a primeira esposa foi Renata
em cada passo
uma marca
no músculo coração
primeira recusa foi Paula
primeira falha, Cláudia
perfídia, Juliana
o primeiro abandono dói até hoje
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