EDUARDO RANGEL
RANGEL, Eduardo. Araan. Brasília: P. I.R.A.T.A., 1982. 44 p. Capa de Leonardo Bianchetti. Ilustrações de Maria Luiza Fragoso, Alex Guimarães, Madson Alves. ProduçõesIndependentesReabilitando aoAutor osTributosAutorais”.
Músico e poeta da cena brasiliense. Esta é uma plaquete alternativa, publicada quando era muito jovem.
Araan
Araan
veio cantar
nesse meu peito escravo ateu
que já nem pode mais lutar
pois o que havia a se vencer perdeu
Sagrada paz
de taua-cuera meu lugar
onde andará o povo meu
que pelas ruas se perdeu
o que restou
ninguém cantou
Cuore
misturo run com martini
o cigarro me consome
e aqui eu nada sou
lá donde vim
qualquer um era senhor
“Robaron mi cuerpo antes libre
oculto bajo el traje
que Io bautiza de impuro”
Ganho o meu nas ruas da central
exibindo um animal
que entrou em extinção
sou um selvagem
para a dita civilização
Erimpaé
era tudo bruto puro
a grande sabedoria
de quem respeita seu chão
prometeram flores
e só vi crescer desilusão
“Sinaá un día ha de sacar
la enorme horquilla
que sostiene nuestro cielo”
Buscava a vida com as mãos
hoje suo em outro chão
pra ganhar minha ração
meu bem querer
já não está mais nas minhas mãos
Araan — profunda tristeza
Taua-cuera — civilização antiga que já não existe
Cuore — hoje
Erimpaé — antigamente
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