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RODOLFO TEÓFILO

TEÓFILO, RodolfoOcaso versos.  Brasília: Edições da Casa do Ceará de Brasíllia, 1997.  99 p.  15x21 cm.   Roldolfo Teófilo usou o pseudônimo de Marcos Serrano quando participou da célebre movimento Padaria Espiritual (1892 a 1998) que reunia as principais figuras da literatura de Fortaleza à época. Estes 31 sonetos aqui reunidos não constam de seus livros anteriores, eram inéditos até esta edição. Foram  escritos (e datados) entre 1917 e 1979, revisados em 1930, pouco antes de sua morte, auxiliado por familiares.


OCASO

Helena, vão bem longe aqueles dias,
Lindas manhãs de nossa mocidade.
Como eu te amava, como me querias,
Com todo o amor de tua puberdade!

Que luz serena, quantas alegrias,
Na natureza quanta majestade!...
Tudo cantava, só porque sorrias
Sem ter as tristes notas da saudade.

O sol da vida aos poucos foi subindo;
As ilusões com ele foram indo,
Com elas o viver, viver de enganos.

Aurora, luz, amores e cantares
Tudo se foi... ficando só pesares,
Mudou-se tudo no correr dos anos.

 

O SUICIDA

Belo exemplar em carne cinzelado,
Era o mancebo que pôs termo à vida;
A estética num corpo bem moldado:
Não se notava linha mal cabida.

A perfeição enfim tinha chegado
Naquele corpo. A arte assim vivida
Em cada traço. O todo modelado
Numa plástica nova, não sabida.

Que formas puras tinha o desgraçado!...
Numa saturnal fora ele gerado
Por um bêbedo, quase finda a orgia.

Da mãe, uma formosa messalina,
Tinha a beleza; mas do pai a sina
De outrem matar ou matar-se um dia.

 

O LIVRO

Ao meu netinho João
(Prêmio de sua aplicação na escola)

O bom livro é, filho, um buril sagrado,
Faz de nossa alma um belo cristal.
Exalça o bem um prisma facetado
Apaga as linhas tortas do mal.

Nossa alma qu´era um sólido apagado,
Sem faces, linhas, plano, todo igual
Faz gema pura, cristal, que lapidadeo!
Na vida nos servindo de fanal.

Nosso espírito quanto mais ele burila
Mais luz d´aresta do cristal cintila,
Mais pura a gema se tornando vai.

Façamos dele o nosso companheiro
Guia na vida com igual luzeiro
Nos escolhos do mundo não se cai.

 

 

Página publicada em janeiro de 2012

 

 

 


 

 

 
 
 
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