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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HEMETÉRIO CABRINHA

(1892-1959)

 

 Nasceu em Fortaleza, Ceará, no dia 3 de março de 1892 e faleceu em Manaus, Amazonas, em 12 de fevereiro de 1959. Poeta filiado ao Espiritismo, de formação romântica e parnasiana. Trabalhava como carpinteiro. Estreou com o poemeto Satã (1922) e depois publicou Vereda Iluminada (1932) e O Cristo do Corcovado (1952).

 

FALANDO A MEU COVEIRO

É aqui neste lugar, ao pé deste cipreste,
junto a este mausoléu. Pega uma enxada, cava
sete palmos de chão! Anda depressa, grava
no teu semblante mudo o riso que escondeste!

Abre o meu leito eterno... O meu lugar é este!
Quero nele abafar minha paixão escrava!
Quero enterrar-me logo... a vida já me agrava...
Depressa! A minha dor de dores se reveste!

Alarga-a mais um pouco, afasta mais a areia!
Ela, assim como está, torna-se muito feia,
profunda-a mais... trabalha! Este dinheiro é teu!

esLimpa-lhe bem o pó! Dá cá, quero estudá-lo
Como alguém algum dia há de estudar o meu!

 

              (De Vereda iluminada – 1932)



O CRISTO DO CORCOVADO

 

 

No escalavrado píncaro da serra,
Que o luar alveja e a luz do sol estanha;
E onde a cidade, abençoando a terra,
Se espreguiça na falda da montanha;
Ergue-se o Cristo-Redentor, coitado!
Braços ao ar, o triste olhar cravado
Na base de granito que o suporta
De alma apagada e a consciência morta.

 

0 Cristo cujo busto alvinitente,
Granítico, imponente
E lavado de sol;

Aureolando de alvura o Corcovado,

Qual Prometeu, virado

Para o horizonte, a medir o arrebol;

 

E, de distância imensurável, visto

Qual uma forma etérea

É apenas um Cristo

Eeito à custa de angústias e miséria.

 

Se o Cristo real, na sua pura essência,
Inebriado de amor e de clemência,
Dos céus viesse e visse a sua imagem
Naquela pétrea e estúpida roupagem!
— Monstrengo exposto
Ao sol, à chuva, à neve, à ventania,
Tendo a seus pés um povo em agonia;
Em seu cândido rosto
De Santo deixaria

Mil lágrimas de fel correrem doloridas,
de olhos para os céus,
E de mãos estendidas
Para Deus,

Numa exortante súplica sem fim,
A Escribas e Fariseus,
Calmo e sereno, falaria assim:

 

— Quando vim entre vós, há quase dois mil anos,
Sem ter onde pousar a fronte iluminada;
Saturando de amor os corações humanos
E chamando ao redil a ovelha tresmalhada;

(..........)

 

                  (De O Cristo do Corcovado - 1952)

 

 

POESIA E POETAS DO AMAZONAS. Organizadores: Tenório Telles; Marcos Frederico  Krüger.  Manaus: Valer,  2006.   326 p    ISBN 85-7512-141-3

Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

Velho tronco

 

Olha esse tronco de árvore esgalhado, l
evado à toa pela correnteza.
Quem nos sabe contar o seu passado?
Quem nos diz sua história? Com certeza

 

Floriu, frutificou, teve seu fado,
foi luz, foi pão, foi ouro, foi grandeza,
teve um viver de inveja saturado,
foi um sorriso aberto à natureza.

 

Vê! como ele vai sereno, a esmo,
arrastando o cadáver de si mesmo
para um destino torturante, triste...

 

No entanto, Quantas vezes não enchera
de frutos bons, a mão que o abatera! ...
Como esse tronco muita gente existe!

 

    (In: MELLO, Lira Amazônica, p. 123-4)

 

 

 

 

     A Pororoca

 

Calmo, sereno, plácido, espelhante,
Nas horas de luar, frias e brancas,
O Mearim, gargalhando nas barrancas,
Se estende, estica e perde-se distante.

 

O céu, como uma concha de safira
Emborcada por toda a Natureza,
Enche a paisagem de real grandeza
Enquanto o rio pelo chão se estira.

 

A floresta conserva-se parada;
Nenhuma folha Quebra-lhe o silêncio.
E o intérmino trajeto, o rio vence-o
Calmo dentro da noite enluarada.

 

Mas, um rumor, ao longe, de repente,
Ecoando à distância, estruge, esturra...
Uma invisível força o rio empurra
De encontro às margens assombrosamente.

 

As águas fervem, tumultuam, crescem
Alagando, destruindo, aniquilando,
Num furor infernal arrebatando
Árvores altas Que nas águas descem.

 

As raízes do solo se deslocam
Sob a fúria dos bruscos elementos.
Ondas revoltas, vagalhões violentos,
Na agonia das margens se rebolam.

 

Em derredor das ribeirinhas zonas
Nada fica Que o rio não ameace;
Como se no seu dorso galopasse
Um tropel de raivosas amazonas.

 

Embarcações desgarram-se, afundando,
Quebrando amarras, rebentando mastros.
E a Pororoca, em seus sinistros rastros,
Rola por entre abismos esturrando.

 

Depois... Volta o silêncio. O rio desce;
Plácido e manso o curso continua.
Enquanto branca e só se esconde a lua
Como se nada acontecido houvesse...

 

Mesmo assim somos nós, nas nossas trocas
De amores e emoções. Tranquilamente,
Quando mal esperamos, de repente
Rebentam nalma doidas pororocas.

 

                                       (Frontões)

 

 

 

Em busca da perfeição

 

A alma Que busca exílio nas clausuras
Emotivas da vida transitória,
Traz em sua odisséia, em sua história
}As consequências das ações impuras.

 

Absorvida nas dores, nas torturas.
Nos desesperos de uma luta inglória.
Percorre amargurada trajetória

 

Reparando a fraqueza de seus atos,
Como o cego levado pelos tatos,
Busca na treva a meta desejada.

 

Até oue um dia, em vestes vaporosas,
Abre no espaço as asas luminosas
E conquista a Mansão Iluminada.

 

(Ibidem)

 

*

 

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Página publicada em abril de 2021

 

Página publicada em janeiro de 2020


 

 

 
 
 
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