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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

ULISSES GÓES

 

 

Natural de Itabuna, Bahia. Escritor, poeta e designer gráfico. Participou, no final da década de 1990, da Antologia Poetas Ocultos. Em 2001, conquistou o Io lugar no XI Concurso Regional de Poesias Euclides Neto, promovido pela JP Produções, Casa dos Artistas e Fundação Cultural de Ilhéus, com o poema Oração para Amado, uma homenagem ao escritor baiano Jorge Amado.

No mesmo ano, publicou Flores do Caos, seu primeiro livro de poesia. Em 2013 lançou, pela Coleção Pedra Palavra, idealizada pela poeta Iolanda Costa, uma plaquete poética intitulada Contaminação de Versos. Participou do Projeto Exposição Telas Poéticas, organizado por diversos poetas da região, expondo suas poesias em telas e recitando seus trabalhos poéticos com intervenções musicais.

Em 2014 lançou, pela Editora Mondrongo, seu primeiro romance de ficção intitulado Efeito Cacaos e, em 2015, pela mesma editora, publicou seu segundo livro de poesia, Antes que o astronauta aterrisse. Ainda no mesmo ano recebeu o prêmio de Melhor Poeta no VIII Festival Multiarte Firmino Rocha promovido pela Fundação Ita-bunense de Cultura e Cidadania - FICC.

 

 

 

 

IMAGENS LITERÁRIAS: a realidade e o sonho. Antologia 202 – UBE – PB: autores paraibanos e convidados.  Poesia – Contos – Crônicas – Artigos.    Organizadores: Ana Isabel de Souza Leão – José Edmilson Rodrigues – Luiz Augusto         Paiva.   Itabuna, Bahia: Mondrongo, 2020.  224 p.  13,5 x 23 cm.  ISBN 978-65- 86124-22-4  Obra publicada sob a chancela da União Brasileira de Escritores – UBE, Subseção da Paraíba.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

 

        ALMA PECULIAR

 

       Ela dança descalça ao meu redor
com sua labaredas de palavras
girando em puros sorrisos e delírios
seus pés pulam piscando passos
iluminando meu caminho de lírios
e girassóis rodopiando sob meu céu
persegue assim meus pensamentos
segue minhas rotas e sentimentos
intoxica meu ar de rimas e incestos
nascida de meu choro e minha alegria
batizada desde sempre como Poesia.



ALMA DESGARRADA


A Poesia saiu de mim por esses dias
desaparatou enfeitiçada em alegrias
achando graça de suas rebeldias
carregou minha insônias e inspiração
várias flores e algum manjericão
agora vive descalça a me espionar
primorosa na arte de me decifrar
vocabulariosa e melindrosa
sussurra de longe seus esconderijos
apaga rastros de suas rotas secretas.
A Poesia anda ausente de mim
caminha silenciosa à distância
sentindo minhas outras fragrâncias
observando meus passos na chuva.
Não demora muito e ela retorna
trazendo frescas folhas de pitanga
numa xícara com água morna
e sua cândida ansiedade sem fim
para contar sem demora
tudo aquilo que viu em mim.

 

 

 

       ALMA SAUDOSA

Na noite em que a Lua ocultou Marte
a Poesia bateu mansa em minha porta
numa mão trazia palavras mal ditas
na outra, malditas palavras francas
seus olhos ensaiavam sorrisos
sua boca pronunciava silêncios.
Mais velha, madura e mais dura
os cabelos tingidos de vermelho poente
o infinito tatuado no ombro esquerdo.
Mostrou seus pés sujos de terra
marcados pela trincheiras de guerras
travadas por mais de 480 dias
contra uma saudade que sentia por mim
ardendo gélida em seu coração de jasmim.
Rasgou seu peito em cerejeiras brancas
Sufocou-me num doce abraço, pediu colo
e eu lhe ofereci todo o carinho
que estava guardado em meu
pequeno universo particular.

 

 

 

       ALMA OCEÂNICA

A Poesia em mim aprendeu a nadar
para amarrar as pontas de pontes
corajosas beijando margens distantes
que nunca se encontram.
A Poesia acena para o oceano
que nunca se apequena
diante da cena que desponta
no horizonte que aponta para pontes.
Afogo meus pés pacíficos
com um olhar atlântico
enxergando amores onde há mares.

 

 

      
JARDIM DESCALÇO


Calçou seus pés de flores
para superar os caminhos
feitos de pedras e dores.



       REALIDADE PARALELA

Sobreviver é sobre viver
em meio a um mundo
morto de possibilidades.

 

 

*

 

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Página publicada em janeiro de 2021


 

 

 
 
 
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