SABINO BARBOSA DE CAMPOS
SABINO BARBOSA DE CAMPOS, baiano de Amargosa, nasceu a 3 de setembro de 1893, havendo cursado humanidades no Rio de Janeiro. Alto funcionário da Diretoria do Domínio da União (Ministério da Fazenda), e percorreu, durante oito anos, o Nordeste brasileiro, amando o convívio da natureza, os usos e costumes de nossa gente.
João Ribeiro lhe chamou — "Poeta de cancioneiros e romances".
Bibliografia: — "Jardim do Silêncio" (versos) ,Bahia, 1919; "Sinfonia Bárbara" (versos). Rio 1932; "Catimbó" (romance folclórico, enriquecido de um dicionário de expressões e curiosidades nordestinas), com prefácio de Catulo da Paixão Cearense, Rio 1946. "Os Amigos de Jesus" (vida, história e morte dos Santos), versos, Rio, 1955; e "Lucas, o Demónio Negro" (romance histórico-folclórico), Rio, 1957. Inéditos: "Contos da Terra Verde" (prosa) e "Natureza" (versos).
REZENDE, Edgar. O Brasil que os poetas cantam. 2ª ed. revista e comentada. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958. 460 p. 15 x 23 cm. Capa dura. Ex. bibl. Antonio Miranda
NOITE DE SÃO JOÃO
Fecha-se a tarde, vem a noite, quando,
Entre folguedos e venturas mil,
De balões de papel, ao céu de anil,
Voa, erradio, luminoso bando...
Ardem pilhas de lenha fulgurando...
No lar — bom vinho velho e amor sutil:
Para quem bebe há vinho no barril,
Para quem ama há corações arfando.
Ao lume da fogueira, as raparigas,
Supersticiosas, gárrulas, amigas,
Deitam sortes a ver o que a alma encerra...
Filhos do meu rincão de ingenuidade!
Que saudades longínquas, que saudades
Das noites de São João na minha terra.
("Sinfonia Bárbara")
HADAD, Jamil Almansur, org. História poética do Brasil. Seleção e introdução de Jamil Almansur Hadad. Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio Abramo. São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943. 443 p. ilus. p&b “História do Brasil narrada pelos poetas.
HISTORIA DO BRASIL – POEMAS
PRIMEIRAS EXPLORAÇÕES
Outra esquadra veleja, norte a sul,
Por toda a costa do Brasil, imensa.
Cada marujo sonha ver no Azul
Uma esperança aurífera suspensa.
E nela está Vespúcio, que povoa
Os seus dias de glórias, invencido,
Porém, tempos depois, torna a Lisboa,
Ficando a terra a florejar no olvido.
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( O BRASIL – in “Sinfonia Bárbara” -
Rio de Janeiro, 1932)
[ O GOVERNO GERAL. TOMÉ DE SOUZA
E DUARTE DA COSTA ]
Compreendendo, por fim, D. João III
A imprudência dos feudos, e a agonia
Das vítimas do infame cativeiro,
Um Governo Geral manda à Bahia,
E homens de lei, do fisco e seis jesuítas.
Começa a catequese, brota o amor...
Tomé de Sousa, entre afeições benditas,
Funda a Cidade, assim, do Salvador.
E pitoresca, no alto da montanha,
Cercada, contra as hordas malfazejas,
A cidade trabalha e se emaranha,
Na construção de casas e de igrejas.
E, por armas de terra alvissareira,
Desenha-se uma pomba, em fundo azul,
Tendo ao bico três ramos de oliveira,
Como o emblema da paz, de norte a sul.
Pelo seu porto, em meio ao continente,
Com as velas enfunadas, muitas vezes,
Cruzam frotas do oriente e do ocidente,
De iberos, de normandos, de holandeses.
E a Bahia — Metrópole do oceano —
Com suas lojas, templos e casais,
Agita, alegre, para o mar insano,
Os leques dos formosos coqueirais.
( O BRASIL – in “Sinfonia Bárbara” -
Rio de Janeiro, 1932)
A REGÊNCIA
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Fervem os sentimentos desarmônicos,
Vacila o trono, o enredo se complica,
E diante dos princípios antagônicos,
Pedro I, com surpresa, abdica.
E enquanto, para o seu país distante,
Parte, a pensar no filho idolatrado,
Pedro II, imperador infante,
Entre festas e flores é aclamado.
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(Obra citada)
Maioridade
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Em meio a esses tumultos e investidas,
Quando, apenas quinze anos tem de idade,
Na Côrte, as duas Câmaras reunidas,
Ao soberano dão maioridade.
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(Obra citada)
4 — ENTRADAS E BANDEIRAS
AS MINAS DE PRATA
Melchior Dias, por selvas milenárias,
Sem temer a nortada e as invernias,
Busca as alvas e infiéis, depois lendárias
Minas de prata de Robério Dias
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Página publicada em outubro de 2021
Página publicada em dezembro de 2019
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