GODOFREDO FILHO
GODOFREDO REBELLO DE FIGUEREDO FILHO nasceu no dia 26 de abril de 1904, em Feira de Santana. Cursou Filosofia e Arte Brasileira. Dirigiu o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Bahia-Sergipe). Lecionou na Escola Normal em Feira de Santana, História do Brasil, na Escola de Belas Artes e Estética, na Faculdade de Filosofia da UFBA.
Foi representante do Brasil na UNESCO, sediada em Paris. Foi membro da delegação brasileira no II Congresso de Cooperação Intelectual em Santander, na Espanha.Era membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, do Instituto de Geografia da Bahia. Foi dirigente da ala de Letras e Artes do Centro de Estudos Baianos, do Conselho de Assistência ao Plano de Urbanismo da cidade de Salvador, do Instituto de Filosofia e da União Baiana de Escritores.
Foi condecorado com a Medalha de Olavo Bilac, do Exército e da Ordem do Mérito da Bahia. Foi membro da Academia de Letras da Bahia.
Suas obras: Poesias: Poemas de Ouro Preto (1932); Poema das Rosas (1952); Sonetos e Canções (1954); Lamento de Rendição de Enône (1959); Cinco Poetas (1966); Sete Sonetos ao Vinho (obra prima); Poema de Feira de Santana (1926). Prosa: Seminário de Belém da Cachoeira; A Torre e o Castelo de Garcia D´Ávila; Introdução ao Estudo da Casa Baiana; Introdução Crítica do Navio Negreiros de Castro Alves; Influências Orientais na Pintura Jesuíta na Bahia; Pethion de Villar; Um Grande Esquecido Poeta; Guia Prático e Prosaico de Cachoeira; Fundamentos da Estética Psicológica; Dimensão Histórica da Visita do Imperador a Feira de Santana, Samba Verde; Solilóquio; Auto da Graça e Glória da Bahia (1949). Sua obra foi reunida no livro "Irmã Poesia", pela Fundação Cultural da Bahia.
Faleceu, no dia 28 de agosto de 1992. Seus restos mortais foram trasladados para o Cemitério Piedade, em Feira de Santana.
Biografia extraída de: http://www.academiadeeducacao.org.br
De
Godofredo Silva
Poema da Feira de Sant´Ana
Ilustrações de Carybé.
Salvador: 1977. (Coleção “Ilha da Maré”)_
Folhas soltas em carpeta de cartolina.
Poema escrito em Salvador, Bahia, em março de 1926.
Livro publicado sob os auspícios da Fundação Cultural do Estado da Bahia,
como parte da edição das Obras Completas do autor.
Ex. bibl. Antonio Miranda
(fragmento)
Feira de Santa´Ana
— a de hoje tão diferente
também é boa
riscadinha de eletricidade
torcida esticada retesada de fios negros aéreos longos
Fords estabanados raquíticos
levando no bojo viajantes de xarque
ó Fords arados desvirginadores defloradores de sertão
tempo morto
eleições de meu tio Zé Freire
gorda dezena de anos o chefão daquilo
coronel turuna seu Zé Freire
com escravos cavalariças fazendas dinheiro dinheiro
tempo morto
(e um rapaz alfaiate um magricela romântico pernalta
rondando minha prima feita que morreu
esse rapaz era um grande namorador
namoro de caboclo guabiru
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De
Godofredo Filho
sonetos e canções
Bahia: 1954
formato x c. Acondicionado em caixa dura.
Com um retrato do autor por Presciliano Silva.
Ilustrações de Carlos Bastos, Carybé, Genaro de Carvalho, Gilberbet Tavares, Jenneer Augusto, Lydia Sampaio, Maria Celia, Mario Cravo, Pancetti, Rescala e Rubem Valentin. Bahia 1954
“Da edição deste livro, em papel apergaminhado Petrópolis, tiraram-se apenas 150 exmplares, dos quais 133 destinados aos subscritores, 4, respectivamente à Biblioteca Nacional, Biblioteca do Estado da Bahia, Biblioteca Municipal do Estado de Feira de Santana, Biblioteca da Faculdade de Filosofia da Universidade da Bahia, e os restantes para o autor.
O exemplar na Coleção A.M. pertenceu ao subscritor da obra Oswaldo Imbassahy da Silva.
a seguir, dois poemas extraídos da obra:
Ilustração de Pancetti
DOIS SONÊTOS À PERDIÇÃO DE MARIANA
I
Vaga, tênue lembrança de um perfume
de flor esguia, delicada e pura,
Mariana entre as frágeis, lindas rosas,
que à tarde o vento máu despetalava.
De vestido azul claro e de sandálias
recurvas, laço rubro nos cabelos,
recordo quando a via, ó enfermeira
silenciosa das fontes do jardim.
Do destino das coisas compungida,
o sinistro mistério aprofundando
da evanescente e efêmera beleza,
Mariana talvez que pressentisse
o mudo horror das rosas derradeiras
que em seu féretro branco morreriam.
Penso no amargo instante, ó alta Amada,
em que se apartarão, cheios de mágoa,
de mim teus negros olhos, rasos de água,
e essa ternura ingênua e delicada.
Que mais posso dizer? Nem se apagada
sempre, não hoje só, verei a frágua
a salamandra de teu sonho. Trago-a
dentro d´alma, já murcha e mal fanada,
a flor do afeto a que sorrimos ambos,
e a deixaste gelar neste abandono,
no limbo vítreo domais longo sono.
Embora ! O aroma dúlcido dos jambos
sentirei, que me lembra um céu perdido,
ó fruto verde, ó fruto proibido!
CINCO POETAS: Florisvaldo Mattos, Godofredo Filho, Fernando da Rocha Peres, Carvalho Filho , Myriam Fraga. Salvador: Edições Macunaima, s.a. 85 p. 17 x 23 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
Tu Solus
(1949)
Agora, eu sei quem és. Eu te conheço, agora.
A minha angústia te pressente
de mundo a mundo. E o caos, e a imensidade,
mares, florestas, sóis, flores, abismos,
eu vejo tudo em teu olhar.
E êsse olhar a que fugi a vida inteira,
(ora alegre, ora inquieto, ou pávido, ou blasfemo,
no meu orgulho humano,)
hoje, sei que é o só que ilumina
o silêncio da alma,
— clarão rasgando a noite onde se escondem
o mistério do amor e o mistério da morte.
Da Lívida Expectação da Aurora
(1946)
Madrugada sem a rosa
pendida do hastil do sono,
nem frisos de azul contidos
na pauta do esquecimento.
Sem arabescos volvidos
no canto dos galos negros
sobre trilhas distendidas
em paralelas de orvalho.
Madrugada que o silêncio
devolve ao itinerário
das infindáveis rotas indo
a planícies de sidéreo olvido.
Irei ver-te face a face
da ausência que traz o dia,
lívida expectação da aurora
sobre a parábola das ruínas.
4 POETAS 4 GRAVADORES. Florisvaldo mattos; josé carlos capinam; fernando da Rocha peres; godofredo filho —— emanuel araujo; sônia castro; calazans neto;gley. Gravura de Henrique oswald ceidia pela família do artista. Apresentação gráfica: Sônia Castro. Salvador, Bahia: Editora Casa Grande, Gráfica Santa Rita Ltda, 1966. Edição: 200 exs
Ex. bibl. Antonio Miranda
POETA GODOFREDO FILHO
GRAVADOR GLEY
entre maguncia e bingen,
à margem direita do reno,
está rheingau, a terra de meu sonho,
distante embora na névoa perdida,
da tarde em frio azul,
a rheingau volto sempre com os lábios úmidos
de rüdesheimer hinterhaus.
a taça ao claro céu levanto, esgalga,
o traslúcido copo
de onde o pálido amigo sorrindo me espreita,
entre aromas que traem a ternura secreta
com que volto a rheingau, a terra do meu sonho.
e se o cansaço vem e em meio à longa viagem
os ânimos me vence,
ou some-se do copo o amado rüdesheimer,
não importa,
retomarei caminho com winkler hasenprung
e, é certo, a aurora me possuirá dormindo
nos prados de reheingau, a terra do meu sonho.
*
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Página publicada em maio de 2011; página ampliada em dezembro de 2020
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