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ARAYLTON PÚBLIO
Araylton é um artista de múltiplas faces. Há muito vem atuando como dramaturgo, diretor teatral e ator. Seus palcos: Feira de Santana e SãoPaulo. Paralelamente, jamais deixou de fazer suas incursões no terreno da poesia. Publicando sempre em jornais e revistas, jamais reuniu seus poemas em livro, até nos brindar com esta Canção dos corações foragidos.
PÚBLIO, Araylton. Canção dos corações foragidos. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia, Fundação Cultural do Estado da Bahia, EGB, 1998. 57 p. (Coleção Selo Editorial Letras da Bahia, 37). ISBN 85-86485-43-8
A VERDADEIRA HISTORIA DO
DESCOBRIMENTO
Poesia à vista!
Grita o descobridor
Pois é, poesia
Terra desejada
Índias
E por assim dizer Bahia
Que eu desvendo a minha
"Oh, tu, joia no lótus"
Poesia - flor
Poesia - pedra
Pedro avista um monte de versos
Poema é o porto
Lírica flecha
Poesia, pôr-do-sol
Em se amando tudo dá
Desfraldai as velas
Atirai âncoras ao mar!
SE É QUINZE DE NOVEMBRO...
Se troveja Deus está zangado
Se cai um garfo é uma mulher chegando
Estou cá no meu quarto escrevendo poemas
Que são borboletas que rapto
Uma amarela e preta aparece-me desde a infância
Uma fada sorrateira que contemplo em paciência
Se estou triste é porque sou Cristo
Se penso muito e pouco faço, não existo
Sou a metáfora alojada em mim
De asas pretas e amarelas...
Revoando enlouquecida
AI CAI
Troveja sobre nós
O céu se movimenta
Em caravelas azuis
Um instante de luz quebra o espaço
A chuva a cair sobre nós
Cai, cai, o tempo
Estamos a sós
A carruagem do destino que nos carrega
Está sem cocheiro
A CHEIA
Posta no olho do céu de prata
Lua enche os olhos d'água
Fica cheia a madrugada
Com pingos de estrelas pelas portas
A sete mil distâncias de mim
Mar de prata estancado
A grande chuva já se foi
Firmamento do espelho invertido
Uma estrela te segue
Ouço a tua derrama por dentro
Posta no centro do mar sedentário
Em ti eu saio, e me encho
Página publicada em janeiro de 2015
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