CARLOS ALBERTO TINOCO

 Carlos Alberto Tinoco nasceu em1945, na cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte, onde concluiu o curso de Engenharia Civil pela Universidade Federal, em 1967. Fez mestrado em Educação, na Universidade Federal do Paraná, tendo obtido o título de mestre em 1983. É doutor em História da Educação pela Universidad de la Empresa, em Montevideu, onde apresentou tese sobre o Yoga. É também escritor e conferencista. Em Manaus, exerceu as funções de secretário e vice-presidente da Federação Espírita daquele estado, nas décadas de 1970/80. Atualmente se dedica a escrever e comentar textos da literatura sagrada da Índia, como Upanishads e o Yoga. É professor de cursos de pós-graduação lato sensu das Faculdades Integradas Espírita, em Curitiba, onde foi coordenador e professor do Curso Sequencial em Yoga.   Fonte: http://edconhecimento.com.br

 

TINOCO, Carlos Alberto.   Bhakti.  Manaus, AM: Edições Puxirum,  1986.  71 p. 14x21,5 cm.  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.

" Estamos diante de uma poesia inteiramente mística, entranhadamente devocional e, por isso mesmo, assinalada por um tônus vital que nos põe em harmonia com as esferas superiores do ser e do estar, aqui e agora, no mundo objetivado pelos sentido ou penetrado apenas pela visão interior do poeta."

 

               BHAKTI

Senhor,
se for da Tua vontade
desapareça aos meus olhos a face do mundo
como evanescente miragem
para que o esplendor da Tua essência
me seja revelado,
eu me transformarei em eterno e puro raio
da clara luz da lua:
assim, no silêncio de todas as madrugadas
envolto na túnica do amor e da ternura,
caminharei de porta em porta,
e com o leve toque de meus dedos
ressuscitarei a todas as flores mortas
esparsas pelos jardins do mundo.

 

         BRAHMA

Luz!
Minha Luz
alegria da vida
carinho da existência,
por que demoraste tanto
se és tudo que procurei?
Não me causes temor,
sou frágil como vaso de barro.
Como se fosse um rio
fluindo em cascatas alvinitentes
conduzes os segredos do tempo.
Leva-me para o teu seio
no esplendor deste silêncio
e eu serei eterno e uno Contigo.
Luz!
Minha Luz...

 

         ASPIRAÇÃO

Se por ventura a solidão de todos os ausentes
apagasse as cores do mundo
e me curvasse triste como a lua
silenciosa e pálida, tal a noiva da noite...

Se por ventura o anjo do abismo
vedasse a mim as portas dos meus sonhos
roubando minha esperança
nas asas ligeiras do infortúnio...

Se por ventura a noite abissal das teogonias
secasse em mim as fontes do amor e da paz
e as lágrimas da minha face
me fizessem chorar pelos olhos de todos os que sofrem...

Mesmo assim, meu Deus,
eu seria feliz e teria o mundo
se alcançasse os braços do infinito
pelas mãos sábias do meu Mestre.

 

         ATMA

Assim como o mármore bruto
comprime no seu seio
a forma a talhar
o cinzel do escultor,
os corpos dos seres vivos
são como vasos de aparência,
escondendo Essência oculta
que espera desabrochar.

 

Página publicada em abril de 2017