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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


POETAS DO AMAZONAS

Coordenação: Donaldo Mello  e  Inês Sarmet

__________________________________________________________________________________

 

 

Inês Sarmet

s/foto constante em Poesia e Poetas do Amazonas

 

ALCIDES WERK

 

 

Alcides Werk Gomes de Matos nasceu em Aquidauana, Mato Grosso, no dia 20 de dezembro de 1934. É poeta de identidade amazônica, forjada no convívio com o modo de vida interiorano, resultado de suas aventuras pelos altos rios, pelos paranás, pelos lagos distantes, abeberando-se da cultura aborígine. Sua estréia aconteceu em 1974, com a publicação do livro de poemas Da noite do rio. Outras obras poéticas: Trilha dágua (Manaus. 1985), Poemas da água e da terra,edição bilíngüe (Manaus, 1987), In natura: poemas para a juventude (Manaus, 1999). Cantos ribeirinhos e outros poemas (Manaus. 2002) e A Amazônia de Alcides Werk (Manaus, 2004). O poeta faleceu em Manaus, no dia 13 de novembro de 2003. 

*

 

DAS FRONTEIRAS

 

 

Na cidade onde eu vivo de lembranças

existem muitas pessoas

que só conhecem a rua principal

e a grande praça da igreja,

onde há passeios laterais, flores e um obelisco.

Tecem suas vidas numa rotina agradável

que lhes assegura a paz

que transmitirão aos seus descendentes

como uma herança legítima da palavra de Deus.

 

(Creio que é um costume de muitas gerações,

pois todos possuem verdades profundas e inabaláveis).

 

Nas minhas tardes vazias,

enquanto o céu não me espera

por total falta de méritos,

atravesso essas fronteiras

à procura de outras vidas,

e quando retorno à casa

trago a alma pesada de canções amargas.

 

Mas se ergo a voz uma vez,

e canto um canto rebelde

num gesto forte de amor,

todos me julgam um hostil estrangeiro.

 

Quando se esgotar o meu tempo de luta,

construírei minha morada entre árvores sadias e simples,

e assistirei em silêncio

força do tempo destruindo as fronteiras.

 

(Poema constante no livro Trilha dágua, transcrito de material gentilmente cedido pelo prof. Tenório Telles)

 

 

*

DA NOITE DO RIO

 

 

Nesta noite sem medida

eu todo banhado em sombras

fugi de casa, fugi

para o branco desta praia,

como se a aurora que busco

neste rio se afogou.

 

Preciso acordar o rio

que está cansado de viagens

para ver se me alivio

da morte que trago em mim

com falas de cobras-grandes

e de mortos pescadores

que fazem parte do rio

e estão assim como estou.

 

No céu repleto de nuvens

há nuvens cheias de chuva:

por que não chove? Quisera

molhar-me dentro da noite,

tremer de fome e de frio

por remissão dos meus males

deixar meu corpo vazio

guardando o castelo inútil

e partir buscando a aurora

para que venha depressa

banhar as águas do rio

e minha face marcada

dos ventos com que lutei.

 

*      

 

ESTUDOS

 

VI

 

O amargo deste sal que me alimenta

agora, eu mesmo o consegui catando

abismos nesse mar desconhecido

que o tempo me mostrou depois de mim.

 

Este sabor estranho de distância

que vivo a cada hora e que me envolve,

vem da vida que vi nessa voragem.

Sei, agora, que após a ronda inútil

 

por além dos limites do meu nada,

voltamos mais vazios, eu e o barco

que construí para guardar tesouros.

 

No regresso noturno, cumpro o gesto

de buscar o local, em cada porto

onde possa esconder um sonho morto.

 

                       

*

Da opção

 

Um belo mundo

de muitos lagos

de muitos rios.

 

Um belo mundo

de muitas matas

de muitas vidas

elementares.

 

Um belo mundo

 de muitas lendas

de muitas mortes

antecipadas.

 

Velhas estórias

de água e florestas.

 

O homem e a terra.

 

A terra cansando

dos anos compridos

de extrativismo

na selva

no rio

na rua

na mente.

 

O homem cansado

de andar pelo tempo

sozinho sozinho

no meio da mata

na beira do rio

à margem da vida.

Velhas estórias

de água e florestas.

 

O homem e a terra.

 

­- Eu canto para o homem.

 

    (A biografia e os demais poemas, constantes no livro Trilha dágua,foram transcritos de Poesia e poetas do Amazonas, organizado por Tenório Telles e Marcos Frederico Krüger, publicado pela Editora Valer, Manaus, em 2006 )

 

 

 

WERK, Alcides.  Trilha dágua. Poesia. 2ª. edição aumentada. Manaus: Edições Governo do Estado do Amazonas; coedição União Brasileira de Escritores, 1982. 138 p. 14x21 cm.   Capa e ilustrações Van Pereira. “ Alcides Werk “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 


WERK, Alcides.
  Trilha dágua.  Org. estudo crítico por Tenório Telles.  5ª ed. revista e aumentada.  Manaus: Editora Valer / Governo do Estado do Amazonas, 2000.   192 p.   14x21 cm.   “ Alcides Werk “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

WERK, Alcides.  Trilha dágua.  Poesia.3ª. edição, aumentada.  Manaus, AM: Casa Editora Madrugada, 1985.  163 p.  24,5x221cm. Inclui um glossário de termos amazônicos. Capa e lustrações: Van Pereira. Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.

 

 

ESTUDOS

 

II

 

Eis o campo deserto. Das batalhas
resultam faces apagadas, corpos
vencidos pelo sono, e agora vejo
inútil todo esforço despendido

Por um mau capitão. Da necessária
ronda da angústia volto sobraçando
uma dúzia de espectros fugidios
que foram meus irmão e me condenam

 o ofício de matar. Num poço seco,
que constrói e alimenta minha sede
vou recolhendo dardos e silêncios

com que penso inventar novas trincheiras.
E a morte, secretária dos meus gestos,
vai nutrindo a avidez com os outros restos.

 

 

XI

 

Imprecisa memória. Apenas lembro
o momento fecundo. E minha mente
aferindo os sinais de identidade
e conhecendo a lógica do encontro.

Tempo de amor maior quase tardio:
traços de adolescência em nossos sonhos,
a graça do recato em cada gesto
e a ternura brincando em nossos olhos.

Conceitos torturados, regimentos,
palavras soltas sobre as estruturas
e a sensação de perda irreparável.

Trago daqueles dias luminosos
uma angústia mortal e o gosto mórbido
de estudar as origens dos enganos.

 

        

 

 

VEJA também o E-BOOK:http://issuu.com/antoniomiranda/docs/alcides_werk?workerAddress=ec2-54-166-237-105.compute-1.amazonaws.com

 

 

 

WERK, Alcides.  O Amargo Sal. Jaboatão, PE: Editora Guararapes, 2015.  23 p.  24 p. ilus. 20x13 cm.  Edição artesanal, tiragem limitada.  Editor: Edson Guedes de Moraes.  “

 



 

 

 
 
 
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