Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




PAULO TARSO BARROS

Nasceu em Vitória do Mearim, no Maranhão, em 1961 e reside na capital amapaense, onde graduou-se em Letras. Assumiu a Presidência da Associação Amapaense de Escritores – APES, em 1995. Publicou muitos títulos de poesia, dede No Dentro de Mim ( 1985) e é um ativista cultural reconhecido local e nacionalmente.


ESTE EXISTIR

 

A quem interessar possa

o meu sentir

meu solipsismo

ou minha logorréia

 

ou este afundar-se

em cismas intransponíveis

nas crateras

dos meus instintos

informo:

 

que este existir não seja

apenas versos,

não seja apenas golpes

desferidos sobre a alma.

 

 

RISCO, RABISCO, LAMBISCO

 

Risco, rabisco, hesito:

existo, descubro-me à-toa,

na noite,

resguardo-me de obrigações

para concentrar-me neste mister,

perambuletrar,

penitenciar-me pelas desvirtudes,

por não inventar o suficiente

nem ter o poder de traçar o texto

claro e preclaro,

enluarado e quase semiparnaso.

 

Risco, rabisco, lambisco;

mas não é nada disso:

desmancho, apago, reviso,

rasgo, dano-me,

prof iro objurgarções...

Mesmo pisoteado,

Levanto a cabeça

e não repreendo o mundo:

brigo comigo mesmo.

Os automóveis passam,

os aviões e satélites sobrevoam o planeta

e eu continuo pelejando,

continuo lavrando meus papéis e

sobrevivendo com pequenas colheitas.

 

 

Extraído de O Devaneio é o Cetro do Poeta. 3 ed. Macapá: Tarso Editora, s.d. 

 

 



FUGA PARA O NADA

 

Eu mesmo elaborei

todos os meu enclausuramentos

e participei do silêncio

nos interstícios das noites.

 

Em longos aprendizados

fiquei sabendo

que os vidros mais cortantes

não mais rasgam meus espíritos.

 

Há em mim, ainda,

pedras que não foram partidas

e sementes aflitas por primaveras.

 

E este simulacro de proscrição,

que me faz temer cintilações,

luzes de neônio e outras claridades

é o assassino inviável

dos pálidos desejos de amor à vida.

 

Dias metálicos

passam sobre meu ser,

esmagam meus rumos,

meus descansos;

 

e a noite pedante

fotografa com infravermelho

o meu esqueleto compulsório.

 

 

LONGE DE CASA

 

Mano,

eu não merecia tantas pseudo-utopias

(afinal, somos de um mesmo

e torrencial sangue,

da mesma água-Mearim)

e esta cidade de luz que me deste

é hoje um pesadelo redivivo.

Não,

Eu não merecia uma cidade inteira.

 

O bairro do Trem, onde moro,

é uma desgovernada locomotiva

de madeira, alvenaria,

fumaças, ossos e cachorros.

 

É o tempo das letras:

meu desjejum,

as refeições principais

de sonhos e fantasias,

as madrugadas aziagas e cheias

de hidróxidos de alumínio

e hipocondrias gástricas.

 

E vivo momentos de intimidade

com as carapanãs,

que beijam meu corpo com agulhas,

ofendem meus espíritos

e ainda zunem marcialmente

às minhas ilusões,

fomes e desastres cotidianos.

 

 

LUMIAR

 

No ininterrupto trabalho

de elaborar-me, detecte

a primeira pedra do meu organismo

- ainda projeto de Deus.

 

E hoje, nas minhas reflexões

metabolizadas, há presença de répteis,

espíritos de água, gases e enxofres

em todas as densidades.

Essas alucinações do tempo

auxiliam as pedras mais consistentes

a esmagar a composição deste corpo

provisoriamente encarcerado.

 

 

Extraídos de Existencial do Pássaro Migratório. Acapá: Tarso Editora, 1998.

 

 

 

Voltar à página do Amapá Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar