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EILEEN GUEDES DE PAIVA E MELLO
Nasceu em Rio Branco-Acre. A Amazónia foi seu berço onde sentiu o vigor da selva com seus ritos, cores e animais.Trabalhou ao lado do seu pai eletricista e regente de música, Jayme Plácido de Paiva e Mello.
Foi professora no Ginásio Acreano, Escola Normal e LBA. Em Itabuna/Bahia foi Superintendente do Ensino Primário e Iniciação Profissional.
Foi professora da Universidade de Brasília no CIEM( Centro Integrado de Ensino Médio). Estruturou e dirigiu a Diretoria de Recreação e Jogos do DEFER.
Foi Vice-Prefeita no biénio 2004-2006 na Prefeitura Comunitária da Península Norte. Atu-almente Presidente do Clube da Melhor Idade do lago Norte. Diretora de eventos do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal.
Autora dos livros:
"Questão de Tempo" e "Vou te Contar..." Premiados pelo fundo da Arte e da cultura(FAC) da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. E em fase de conclusão o livro, "Poesias desimpossí-veis". É denominada em sua comunidade "A Poetisa do Lago Norte". Mãe de cinco filhos, avó de cinco netos e, três bisnetos. Todos maravilhosos.
O RESGATE DA PALAVRA: I Antologia do Sindicato dos Escritores do DF. Brasilia: Thesaurus, 2009. 156 p.
ISBN 978-85-7062847-3 Ex. bibl. Antonio Miranda
Ora, pois, idade
Dizem que eu sou da terceira idade
Porque me atacam a artrite, o reumatismo
O lumbago. E, eu pergunto:
Os remédios genéricos que existem por aí,
Não servem para atenuar este estrago?
Por que tenho cabelos brancos? Ora, ora,
E os WELLATONS, os COREAL da vida,
Em todas as cores: loiro, prata, preto, acaju,
Ameixa e todos os vermelhos!
Haja tinta para tantas mechas , listras, cachos, traços
Rastafari. Sei lá! A qualquer preço!...
Também dizem que sou da terceira idade
Porque tenho rugas, celulite, papo de anjo
Culote, ora, ora!
Nada que uma boa lipoaspiração, silicone, botox,
Nas pálpebras, no nariz. Barriga e peito tudo num pacote.
E prestação! Haja sorte!
Sou velha, porque já não traço um bom churrasco
Rasgando com sucesso uma boa fatia de carne Convenientemente, com dentes incisivos,
Caninos e molares. Mas, eu pergunto:
E o dentista pra quer serve?
Dra.Thais taí mesmo...
Também me atacam de velha, por que já não danço
A "Habanera", a "Cumparcita", o forró, o samba e
O pagode, mole?
Dançar , eu sempre danço na corda-bamba-da-vida
E com bons requebros... Olhem!
Se dou saltos! Cada um... Nesses anos
Vocês nem imaginam... Cada noite se transforma em dia
Cada dia numa longa noite? Porque viver é
estar acordado sempre, senão, dança!...
Talvez. Talvez, isso não seja pragmático
Prestem bem atenção.
Que eu não tenha hoje aquele par (o gostoso bonitão).
Como dantes! Quando era difícil fazer a escolha..
Por que tantos? Todos a pedir, uma valsa, um tango
E, no meio do salão, aos volteios.
Ao pé do ouvido um galanteio uma declaração!
AH! Os vinte anos cheio de amor e de paixão!
Mas a idade flui como um rio.
Uma corrente arrastando as pedras, os troncos,
As folhas e os galhos uma corrente canto-chão!
Mas são os dias que se somam. As horas que repercutem.
As idéias que vêm e que vão! E, os amores reticentes.
Embalsamados em resinas. Um corte feito
Na friba da carne, na estria do peito,
Com respeito ao coração!
Idade? Nem segunda, nem terceira, nem quarta,
Besteira. Idade é caminhar direito, bem vivendo
A esteira da existência, feita e refeita
De carinho, de anseios e comunhão...
Este respirar escaldante
Este tic-tac vibrante
Batendo desmedido. Esta vontade de cantar:
Tr-1-1-1-1-1! De elevar a voz bem alto,
Dizendo:
Isso de morrer não tem importância:
O importante é viver um pouco agitando,
Encantando e merecendo a vida!
Página publicada em julho de 2020
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