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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capas das edições em Português e Español pela editora Thesaurus.

 

UM FAMOSO BRASILEIRO DESCONHECIDO NO BRASIL

Antonio Miranda já viu uma de suas peças mostradas
em vários países, mas só agora é montada no Brasil

 

Por LUCIANO MILHOMEM

publicado originalmente no CORREIO BRASILIENSE – Caderno 2,
Brasília,, 19 de outubro de 1991.

 

A peça teatral Tu País está Feliz fez um brasileiro famoso em toda a América Latina, Caribe, Estados Unidos e em vários países da Europa. Menos no Brasil. Encenada pela primeira vez em 1971, na Venezuela, a peça consagrou o autor brasileiro Antonio Miranda e o grupo teatral formado por ele, o Rajatabla. Mas agora, 20 anos após a estreia da peça em Caracas, o autor — hoje o engravatado diretor do IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia) — poderá ganha fama no Brasil, mesmo que tardia.

Como parte da comemoração dos 20 anos da peça Tu País está Feliz (Teu País está Feliz, em Português), a editora Thesaurus tem pronta a edição bilíngue (português e espanhol) do texto integral da peça um poema dramático, em estilo jogral, que retrata aspectos da vida venezuelana do final da década de 60, quando ainda proliferavam os discurso revolucionários de esquerda, as canções pós-Woodstock, os Beatles da fase Let it Be, Joan Baez e Fidel Castro.

 

Milagre – Embora escrito em espanhol, em contexto cultural venezuelano, o “poemário musical” de Antonio Miranda não peca hoje por falta de atualidade, tampouco por não ter relação com a realidade brasileira. Os anseios do autor eram tipicamente brasileiros, apesar de expressos em terras venezuelanas. Afinal, Antonio Miranda, desencantado com o Brasil da ditadura, nos idos de 1966, procurou em “uma das poucas democracias do continente, na época, segundo ele mesmo, o espaço para suas manifestações culturais.

Mas, atual ou não, Tu País, tanto nos palco como em livro, tem sido uma prova de que a máxima popular, segundo a qual “santo de casa não faz milagre”, está correta. O livro editado pela Thesaurs já foi pré-lançado em maio deste ano em Caracas, Venezuela, na livraria Ateneu, casa de espetáculo mais consagrada do país. Este pré-lançamento antecipou o lançamento oficial na Feira do Livro de Miami, Estados Unidos, no fim deste mês. Mais um ponto para os norte-americanos, que já assistiram a peça, em 1984, no Teatro La Mama, a Broadway latina, em Manhattan, Nova Iorque.

Na verdade, Antonio Miranda tentou montar a peça, no Brasil, em 1980, mas foi obrigado a desistir. Segundo ele porque não encontrou em Brasília, onde se instalara, grupos realmente profissionais  Em 1989, Tu País voltaria para a gaveta por falta de financiamento. Atualmente, o autor estudo a possibilidade de formar um novo grupo, com atores jovens, para realizar trabalho semelhante ao que obteve com o Rajatabla (que hoje, hoje, dá nome a um teatro e uma fundação, após 20 anos de palco.

 

Religião —  O título da peça Tu País está Feliz é, naturalmente, uma ironia. Ironia que custaria bastante caro para seu autor, então um jovem de 31 anos. Quando a peça entrou em cartaz em 1971, grupos maoístas, esquerdistas radicais, acusavam o texto de Miranda de pequeno-burguês, e mais de uma vez impediram sua apresentação. A extrema-direita, por sua vez, o acusava de atentar contra a moral e a religião. Enquanto isso, a maior parte do público e da crítica aplaudia. Aspectos como esse, que compõem a história da peça (que, aliás é encenada até hoje em palcos venezuelanos), estão no livro, que além do texto original, contém vários documentos como fotos, recortes de jornais e revistas, cartazes, entre outros.

Se não bastasse o teor “revolucionário” da peça, o elenco ousava representar nu em pelo. Na direção, o enfant terrible do teatro latino-americano, o argentino Carlos Giménez. A música sairia do entusiasmo de Xulio Formoso, um venezuelano de origem galega. O Brasil não sabia o que estava perdendo. Prevista para se apresentar somente duas vezes, no antigo Ateneo de Caracas,  Tu País ficou um ano e meio em cartaz. Depois, partiu para turnês em vários países do mundo, a começar pela própria América Latina.

O Brasil carrancudo da ditadura era, segundo Antonio Miranda, “impermeável à peça”. O autor conta que, durante o tempo que vivia em Caracas, o amigo Martim Gonçalves assistiu à peça e resolveu trazê-la ao Brasil. Sugeriu que fizessem cortes, para burlar a censura, mas o autor não gostou da ideia. “Achei sem graça montar uma peça castrada, com a mensagem intimidada”, relata. Martim Gonçalves, porém, morreria antes de convencer o amigo.

 

Pedra — O sucesso de Tu País entre os latino-americanos tinha uma razão muito simples. Para o próprio autor, a peça foi “pedra de escândalo do teatro venezuelano, num momento de ruptura”. Foi o fenômeno social e cultural, mais que teatral. A razão é que os jovens assistiam à peça mais de uma vez. Era fácil para Antonio Miranda falar à juventude. Ele também era um jovem, recém egresso da universidade de Caracas, onde se graduara em Biblioteconomia.

Foi ainda nos muros da universidade que se revelou como dramaturgo. Tu País está Feliz foi concebida no último ano do curso. A proposta de espetáculo começou na Biblioteca Pública Paul Harris, onde Antonio Miranda colocou um cartaz, à entrada do salão de leitura, para convocar atores, cantores, músicos e compositores. Os ensaios começaram na sala de referência, depois do expediente. Gustavo Gutiérrez, estudante do curso secundário, foi que sugeriu o nome do então jovem diretor Carlos Giménez, que estava dirigindo um espetáculo no Ateneu de Caracas. Antonio Miranda era da diretoria do Ateneu. A ficha técnica estava completa. Nascia o grupo Rajatabla.

“Tu País foi um espetáculo que toda uma generacão amou” [conforme propaganda em jornais locais em anos futuros], entusiasma-se o autor.  “As pessoas se identificam com o tom anarquista do texto. A peça não tem um historia exatamente, ela recria situações do jovem na sociedade, seus conflitos com a família, a religião, as drogas, o sexo, a desilusão com os destinos do país e com os valores burgueses.

Tem forte conotação política, mas nega uma postura ortodoxa. Quando maoístas — como alguns grupinhos do PT fazem hoje — nos acusavam de pequeno-burgueses, respondíamos com uma máxima do próprio Mao Tse Tung: “uma arte esteticamente ruim é, necessariamente, politicamente ruim”, explica.

 

Um autor já veterano

 

Tu País está Feliz é apenas a melhor peça de Antonio Miranda, bibliotecário, professor universitário, dramaturgo, ator, diretor do Instituto Brasileiro de Informação e Tecnologia (IBICT), 51 anos. Ele se aventurou mais, confiante no sucesso, nos prêmios, na repercussão de sua primeira peça teatral. Antes dela, ensaios que não teve coragem de divulgar, “exercícios de dramaturgia”, como ele próprio denomina.

Era amigo de Ziembinski, mas não se considerava maduro para levar as peças aos palcos brasileiros, em 1966, quando deixou o Brasil. Destino: Venezuela. Bagagem: a necessidade de auto-exilar-se, fugir da ditadura, concluir seus estudos de biblioteconomia “numa das poucas democracias do continente”. Morava no Rio de Janeiro. Partiu para Caracas. Um ano depois, na capital venezuelana, publicava seus Versos Itinerantes, uma “publicação artesanal” [mimeografada, pioneiramente, para aqueles tempos...]. Viriam mais.

 

Nuvens —Tu País lhe traria o reconhecimento em 1971. Reconhecimento que jamais seria superado. Nem mesmo por peças que viriam depois, como Jesucristo Astronauta — Auto Sacramental sobre lo Profano y lo Divino, em 1972. “Peça bem mais elaborada, com mais recursos cênicos, mas que não teve a mesma repercussão da anterior. Houve uma forte reação da Igreja e a peça chegou a ser proibida no México. O enredo falava de um circo que resolvia montar, na Semana Santa, a vida de Cristo messiânico e o revolucionário latino-americano. Os papéis de Cristo e deum estudante revolucionário alternavam a cena. Mas, no final, exibia o revolucionário em Paris, onde ele sempre acabavam parando, com um modelo fotográfico”.

A peça não ficou mais de seis meses em cartaz. Temo o bastante para chocar a ortodoxia católica e de esquerda. “No Vaticano se comprava santinhos, em Cuba se compra Che Guevara em pratos, flâmulas, canecos”, observa o autor. A polêmica seria ainda mais forte com sua terceira peça: Calzoncillos con Nubesl o si prefieren S.O.S Colombia. Em Português, leríamos Cuecas com Nuvens, ou, se preferem S.O.S Colômbia. Era 1973 e a peça esteve no Teatro Popular de Bogotá. Estreou sob ameaças, tanto da esquerda como da direita. A peça criticava o regime oficial da Colômbia, e também a ortodoxia dos movimentos guerrilheiros.

“Eu criticava o radicalismo cego”, observa Antonio Miranda, voltou ao Brasil em 1974. Mas em 1975, já estaria na Europa, para fazer o mestrado em Loughborough, Inglaterra. Quis fazer o doutorado fora também. Seu nome estava na lista negra da ditadura militar e ele não obteve bolsas de estudo da Capes. Contentou-se com um doutorado feito na Escola de Comunicação e Artes da Universidade São Paulo (ECA-USP). Uma carreira que, no Brasil, se fez mais promissora entre as paredes de instituições públicas, como o CNPq, e agora o IBICT.     O dramaturgo aguarda, latente, a volta à cena.

 

VIDEOS DOS ESPETÁCULOS:

Tu país está feliz/ Rajatabla - Venezuela

https://www.youtube.com/watch?time_continue=9&v=-_X_Zy_-Ors

Tu país está feliz/ Cuatrotablas - Perú
https://www.youtube.com/watch?v=bPg-QuSRmY0&feature=youtu.be

Tu país está feliz / Montagem numa escola, na Bahia:https://www.youtube.com/watch?time_continue=15&v=BJgzPlHeblw

Tu país está feliz / Músicas em CD

http://www.antoniomiranda.com.br/musicas/musicas_index.html

 

JESUCRISTO ASTRONAUTA - Músicas (disco do espetáculo) Rajatabla - Venezuela

Leia textos: >>> reportagens, entrevistas, etc. sobre TU PAÍS ESTA FELIZ nas versões de RAJATABLA (Venezuela) e CUATRO TABLAS (Perú):
http://www.antoniomiranda.com.br/rajatabla/rajatabla_index.html
http://www.antoniomiranda.com.br/4tablas/cuatro_tablas_index.html


Leia textos: >>> reportagens, entrevistas, etc. sobre CALZONCILLOS COM NUBES O SI PREFIEREN S.O.S. COLÔMBIA
http://www.antoniomiranda.com.br/grupo_renovacion/grupo_renovacion.html

 

 

 

 

 

 
 
 
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