PÁGINA PESSOAL OU UM PORTAL? reflexões sobre o primeiro aniversário...  

Completamos um ano na web. À princípio, era o projeto de uma página pessoal, montada graças à extrema dedicação da webmaster Elmira Simeão (doutora em Ciência da Informação e jornalista), para levar a público a obra de um autor. Vertendo poemas, contos, romances, artigos científicos e a fortuna crítica para os formatos multimídia, tarefa que deve continuar. São mais de cinqüenta anos de uma vida dedicada à literatura que entregamos ao julgamento dos internautas curiosos e aos estudiosos contumazes.

Mas a literatura científica e também a de ficção não é uma empresa solitária. Cada vez é mais participativa e interativa e até mesmo coletiva, que inclui parcerias, as co-autorias, os apoios recíprocos. Por isso, vamos abrindo espaços para os autores consagrados ou emergentes de vários países, também para os clássicos (a começar pelos latino-americanos), com a ajuda dos amigos Anderson Braga Horta, Elga Pérez-Laborde, José Jeronymo Rivera, Raimundo Tadeu Correa, Trina Quiñones , Sofía Vivo e outros que começam a unir-se a nós. Não só os escritores e intelectuais, mas também artistas plásticos como José Campos Biscardi e Zenilton de Jesús Gayoso Miranda.

A resposta do público tem sido decisiva, ao ponto da Hostnet – onde hospedamos nossos conteúdos – elevar o aluguel por causa da superação dos fluxos previstos em contrato. Uma conquista notável porque a concorrência com páginas pessoais e institucionais é crescente e avassaladora, para um público relativamente restrito, ainda que em expansão contínua. Poucos leitores para um torrente de textos – que vão do melhor ao pior, do luxo ao lixo -, invadindo os nossos computadores, na forma de releases, de mensagens, até como spans indesejáveis. Quantas dessas iniciativas sobreviverão, quantas merecerão a atenção de um público que, por sorte, é muito variado e, teoricamente, tem gosto e interesse por todo tipo de literatura...

Na nossa opinião, esta avalanche – mesmo quando incomoda – é salutar. Para ficar apenas no exemplo da poesia – e de poeta e louco todo mundo tem um pouco – é praticada por muita gente. Não importa os desníveis. Da quantidade é que surge – paradoxalmente – a qualidade... Se não houvesse o futebol de várzea, a pelada de rua e os jogadores de praia, não teríamos Pelé nem Ronaldinho. Dos milhares de laboratórios de pesquisa dos países avançados é que saem quase todos os prêmios Nobel, não de países com dois ou três centros de excelência. Lógico, há exceções, principalmente no campo da literatura mas, se fizermos uma análise mais profunda, veremos que os ganhadores de tais prêmios na América Latina quase sempre viveram em países em que proliferaram os movimentos literários, não raro viveram longas temporadas no exterior.

A Internet estaria multiplicando estas oportunidades e novos autores e formas de escritura vão surgindo. Apesar da barreira da língua, estamos ganhando leitores fora de nossas fronteiras, até mesmo entre os nossos vizinhos hispano-americanos, que começam a familiarizar-se e a aceitar o Português como língua legível. Para abrir um canal transnacional é que estamos, aos poucos, promovendo traduções do português ao espanhol e desta língua para a nossa, mas sonhamos com leitores bilíngües...

Não vamos falar de planos e projetos – que são maiores do que as nossas disponibilidades materiais pois não temos nenhum apoio financeiro. Queremos apenas agradecer a solidariedade dos que nos visitam, deixando registradas ou não suas críticas e sugestões. É com este estímulo que pretendemos avançar. E avançaremos.