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VI CINFORM- Encontro   Brasileiro de Ciência da Informação

Salvador, no Tropical Bahia Hotel, 15 a 17 de junho de 2005

 

Organizado pela

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Programa de Pós- Graduação em Ciência da Informação    

 

Identidade e Cultura Nacionais

e Sociedade Digital    

 

Antonio Miranda

 

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação

Universidade de Brasília  

 

 

APRESENTAÇÃO

 

O presente texto, montado a partir das diapositivas (slides) de uma apresentação em Power Point que realizamos no VI CINFORM, em Salvador, Bahia, pretende atualizar o texto que redigimos com os especialistas convocados pelo Programa Sociedade da Informação, publicado no ano de 2000:  

 

LIVRO VERDE – SOCINFO

 

Sociedade da Informação no Brasil

 

Takahasi, Tadao, org.

Brasília : Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000

Capítulo 5  

 

Conteúdos e Identidade Cultural

 

Antonio Miranda, coordenador  

 

Membros Abel Packer, Abigail de Oliveira Carvalho, Aldo de Albuquerque Barreto, Fernando Flávio Pacheco, José Marques de Mello, José Teixeira Coelho Neto, Nelson de Castro Senra, Othon Jambeiro e Yone Sepúlveda Chastinet.

 

Por Antonio Miranda  

 

Para os efeitos da apresentação, fizemos uma busca específica no

Resultados de aproximadamente 30.600.000 para Identity Internet (0,11 segundos) 


Fizemos uma rigorosa seleção de textos considerados mais pertinentes, em busca daqueles supostamente mais relevantes. Os textos escolhidos foram sumarizados e traduzidos ao português e são apresentados de forma “extensiva”, podendo os interessados consultarem os textos integrais nas versões originais.

 

O primeiro faz referência à questão mais geral da identidade pessoal:
 

 

The Problems of Personal Identity
Os Problemas da Identidade Pessoal
 

 

Não há só um problema de identidade pessoal,
mas uma gama de problemas relacionados livremente.    

 

A seguir, uma consulta a uma enciclopédia, na tentativa de encontrar uma definição mais atualizada e categorizada sobre a Teoria da Identidade:



Identity Theory

 

 

A famosa declaração de Hilary Putman :

 

 

estados mentais são verdadeiramente capazes

de uma realização múltipla”....   

Continuamos a busca tentando entender o fenômeno da Identidade em sua relação com a Internet:

  

Identity in the age of the Internet

 

(Turkel, part 1)

Media 255

Prof. Lenert  

 

Vida na Tela  

 

Por que o Prof. Turkel acredita que os computadores são “identity transforming machines?” (máquinas transformadoras de identidade))  

 

As relações entre pessoa e máquina

 

Por que o Prof. Turkel intitulou As seduções da Interface o primeiro

capítulo de seu livro?  


O próximo slide é ainda mais específico sobre a Identidade Cultural, a partir de um estudo realizado com populações nativas da Nova Zelândia:

 

Cultural Identity and the Internet: Exploring culturally appropriate content on the Internet with Maori and Pacific families in New Zealand

 

Barbara Craig.

 

O projeto de pesquisa fez uso de Tecnologia da Informação para conectar famílias e a escola de uma comunidade carente para demonstrar que adultos podem vencer o isolamento geográfico em busca de educação e emprego.

 


As famílias encontraram nas infovias o caminho
para buscar as conexões familiares perdidas, explorando as identidades culturais (pela genealogia - registro de seu legado cultural em página na Internet) com sua “família extendida” em outras regiões do Pacífico, reafirmando o uso da língua comum (com riscos de extinção).  

 

Encontramos uma quantidade enorme de matérias sobre Identidade interativa, em verdade representando empresas e serviços oferecidos para a definição, desenho e desenvolvimento de sítios e páginas e suas estratégias de marketing.  

e-business e web development...

 Qual é a sua Identidade na Internet?

 

 

Como você usa a Internet talvez diga alguma coisa sobre como você dirige

seu negócio. Descubra o que você necessita…

A seguinte refere-se ao problema de furto de imagens seja por espírito emulativo ou mesmo criminoso. Há casos em que indivíduos se apropriam de imagens alheias para cometer atos ilícitos como, por exemplo, copiar a imagem de uma página de um banco comercial determinado para logo atrair usuários incautos que dispõem seus dados, dando lugar a clonagens e desfalques. Há casos de uso de imagens da Receita Federal, do Serasa, de agências governamentais e privadas. Refere-se ao “phishing”...  

 Você pode evitar o roubo de sua identidade…Tem um novo tipo de pirataria na Internet intitulada
"phishing."...  No pior dos casos, você pode tornar-se uma vítima do roubo de identidade....
 

O seguinte texto, de autoria de Zurawski, aborda a questão mais específica ainda da relação entre Identidade, Cultura e Internet:


Culture, Identity and the Internet

 

by Nils Zurawski © 1998  

 

Um aspecto que pôde ser revelado a partir dos dados examinados foi a possibilidade, da etnia ou da identidade cultural, de serem utilizadas pelos usuários da Internet, como  formas descentralizadas de organização, opostas às identidades centralizadoras promovidas pelo estado nacional .

 

Os resultados apontam:  

 

40,7% (N=113) concordaram muito ou moderamente com a afirmação de que “o estado nacional não tem um papel decisivo na Internet”.   

 

Não obstante, a questão “o Estado não tem um papel decisivo na sociedade global foi confirmada plena ou moderamente por somente 23,9% (N=113). Complementarmente, 42,5% (N=113) responderam que concordam com a afirmação de que a Internet cria novas comunidades', que vão substituir as atuais.  

 

As declarações talvez indiquem que o potencial de auto-organização da Internet tem conseqüências no futuro da humanidade. A principal conseqüência que deve ser claramente identificada é a da auto-organização da Internet . oposta à concepção hegemônica do Estado.  

 

Comunidades e Sociedades provavelmente irão -  inteira ou parcialmente - organizar-se a partir deste conceito.  

 

É relativamente improvável que os estados desaparecerão no futuro próximo, eles certamente ensejarão práticas mais participativas com a população. A auto-organização das etnias poderia ser uma arma das comunidades, dos indivíduos e  o estado poderá valer-se dela também.  

 

Modalidades de auto-organização:  necessitarão apoiar-se em diferentes estratégias de mercado.

 

O foco na questão da Identidade Cultural pode impedir a massificação da Internet  e transformá-la numa força transformadora da sociedade.

 

Na apresentação oral fizemos uma relação entre os textos acima e as atividades das ONGS, TERCEIRO SETOR, MOVIMENTOS COMUNITÁRIOS...


Outro trabalho muito válido é o seguinte, considerando a importância da Língua na formação e preservação da Identidade:

 

Language, Identity, and the Internet  

 

A Língua sempre teve um papel importante na formação e expressão da identidade.  

 

O papel da língua e do dialeto na construção da identidade torna-se ainda mais central na era pós-moderna, à medida que outras  formas de identidade estão sendo desestabilizadas, incluindo as raças.

 

Explora a relação entre língua e raça, assim também raça e identidade na era da informação. Examina o papel específico que a língua tem no cyberespaço.  Finalmente, ilustra estas questões ao examinar experiências dos havaianos no uso da Internet como instrumento de promoção e revitalização de sua língua nativa.  

 

Se a língua assume um papel cada vez mais importante na formação da identidade na era da informação, qual será o papel da língua no cyberespaço?

 

Enquanto a raça ainda é considerada uma fonte de opressão, a dinâmica da raça foi transformada pela velocidade das mudanças sociais e econômicas da era da informação.

 

Novos padrões de imigração, casamento, emprego, e interação significam que a dinâmica étnica nos EUA não é mais fundamentalmente de Brancos X Negros, mas de uma complexa rede de múltiplos conflitos criados pelo nacionalismo, religião, gênero, raça e cultura.

 

A língua exerce um importante papel neste novo mix, na medida em que representa um poderoso e flexível meio para a afirmação da identidade contra a homogeneização cultural.

 

A Internet não gera novas dinâmicas sociais totalmente novas, no entanto, ela magnifica algumas das já existentes.

 

A globalização amplia o papel do Inglês como uma língua franca,  internacionalizada, enquanto a reestruturação abre espaço para outras línguas nacionais e locais se reafirmarem:

dá uma oportunidade para aqueles que lutam contra a hegemonia da língua inglesa.

 

Sherry Turkle sugere que a questão da identidade no cyberespaço seria “Quem somos Nós?” :

 

.” Se o (dialeto)  havaiano é uma indicação de uma tendência futura na América, como eu acredito que seja, então o “nós” será cada vez mais alguém que usa o Inglês padrão em certos espaços da Internet mas que escolhe línguas alternativas ou dialetos em outros domínios na web, e que o exercício desta escolha representa um ato de resistência cultural contra a homegeneidade da América  branca e monolingüística


Com relação à identidade de minorias, o caso dos gays, lésbicas , bissexuais e transexuais é recorrente e vai abaixo um exemplo significativo:  

  • Identity and Coming Out: Internet Resources The gay, lesbian, bisexual, and transgender identity formation process is notwell understood. One of 22 subjects. See Index.  




    www.fsw.ucalgary.ca/ramsay/ gay-lesbian-bisexual/1q-gay-lesbian-identity.htm


“Recriando as raízes” é um trabalho sugestivo que aborda a resistência de línguas e dialetos que tentam sobreviver em sociedades culturais hegemônicas. Parte do pressuposto de que a Internet, ao mesmo tempo que impõe padrões mundiais (globalização),também abre espaços para a reconstrução e reagrupamento de culturas dispersas geograficamente.

 

Reinventing Roots

New media and national identity

 

Piet Bakker

Amsterdan 1999

A Internet pode transformar-se num importante veículo de transmissão de idéias relativas à identidade nacional, principalmente para os povos que perderam ou deixaram sua terra natal. Os sem-pátria.

 

Completeza de uma identidade significa representá-la pelos seus aspectos de todo tipo possível: artísticos, culturais, musicais, gastronômicos, símbolos nacionais, turismo, política, etc. Resgate e difusão de produtos e valores culturais. 

 

Portanto, aumentar o número e a qualidade de conteúdos nacionais é uma demanda e um desafio enorme que o Brasil está enfrentando hoje não somente para assegurar a nossa presença futura na rede mundial mas principalmente para dotar a sociedade brasileira dos recursos, produtos e serviços de informação adequados às nossas necessidades e condições sociais, econômicas e culturais.  (SOCINFO, BRASIL, 2000)

 

 

Resumindo, a sociedade se organiza em torno de uma CULTURA, que é uma maneira de ver o mundo, através de um conjunto de idéias implícitas e explícitas, que acabam predominando entre as possíveis.

 

O conceito de IDENTIDADE CULTURAL impõe-se nesse contexto, o que implica também na noção dos CONTEÚDOS desejáveis e necessários no pretendido processo de informatização/socialização.  (SOCINFO, BRASIL  2000)

    

Agora apresenta-se o fenômeno das comunidades virtuais:  

 

Virtual communities
Comunidades virtuais 

 

O escopo das comunidades: existem comunidades centradas em interesses comuns (amantes da música, criadores de animais, filatelistas, crentes de que a terra é plana, etc.) enquanto que a supremacia dos brancos e o fanatismo islâmico compartilham uma ideologia comum.  

 

Estamos interessados principalmente neste último tipo de comunidades: gente que compartilha idéias e crenças, que não se limita a um tópico e que participa, compartilha, promove e defende estas idéias e crenças.

 

Identidades instituintes, de baixo para cima, e até as de resistências, opostas àquelas de cima para baixo: identidade instituída (“oficial”).


Os estudos de Lisa Nakamura são representativos de uma vertente que analisa os Cybertipos e sua relação com raça, etnia e identidade na Internet:

 

May 24, 2005

Cybertypes: Race, Ethnicity, and Identity on the Internet

 

Lisa Nakamura

ISBN: 0415938368
Publisher: Routledge
Publication Date: 6/21/2002
Pages: 192 pages
 

 

Online Stereotypes / Estereotipos em linha

O Cyberespaço

 

 

Seduz-nos com a promessa de uma utopia em linha – uma rede de identidades fluidas e suas  infinitas possibilidades. Quando a gente pergunta pelos sinais da liberdade em linha – desde as conversações (chat) até a cyberpunk fiction -  estamos quase que inevitavelmente exigindo nossa própria “liberação” de nossos corpos e de seus atributos “limitantes” como sejam a raça, o gênero, e a idade.  

 

Mas Lisa Nakamura, especialista em cybercultura, afirma que a raça sempre se coloca na Internet.  

 

 

A noção de raça talvez não seja fixa ou finita, mas Nakamura argumenta que os estereótipos raciais – ou “cybertipos” – são inculcados (estereotipados) nas interações em rede: em “identidades” reconhecíveis como as da gheisha asiática e do amante latino.  

 

Os diretórios na Web estreitam muito as categorias raciais. Usuários anônimos da rede assumem sua condição de brancos.


Ao examinar as facetas de nossa experiência no dia-a-dia na Internet, relativa aos anúncios e remessas de piadas, Nakamura demonstra que o ideal pós-moderno de identidades fluídas pelas facilidades tecnológicas da rede não é necessariamente subversiva, progressista ou mesmo de liberação....

 

 

The harder race is pushed off-line, the greater the consequences in real life for people of color.”

 

  

Não obstante, Nakamura acredita na possibilidade de uma real e provocante discussão em torno da questão dos “Cybertipos” como uma forma valiosa de entendimento das raças e identidades na era da informação.  


Outro texto revelador refere-se à relação entre literatura e construção de identidades e as variáveis interpostas:  

 

Hypertext poetry and essays exploring the connections of identity such as race, class, gender, and sexuality.  

The Identity Web

By Sarah Elizabeth

Spring, 2000 

 

 

Na tentativa de explorar a interatividade da web sobre a própria raça, classe social, gênero e identidades sexuais, Sarah Elizabeth criou uma página com textos de poesia e prosa.

 

Os textos são interligados para ressaltar os formadores de identidades que formam e informam sobre nossas vidas e a política. O ethos pós-modernista, pós-estruturalista de nosso tempo pode ser interpretado como uma tentativa de transformá-los em meros textos alheios à formação de nossas próprias identidades...

 

O objetivo de Sarah é explorar os caminhos pelos quais nós realmente somos agentes na construção de nossas identidades.

 

Ela acredita que cada um dos textos que inclui na página tem validade independente mas, em conjunto, eles podem enriquecer-se, explicar-se, e aprofundar-se na relação com os outros, pela leitura. 


Mais um texto revelador da questão da identidade, abordando sua relação com o anonimato:
 

 

Identity and Anonymity: Some Conceptual Distinctions and Issues for Research
In J. Caplan and J. Torpey

 

 Documenting Individual Identity.

Princeton University Press, 2001.  

 

Um texto sobre identidade e anonimato, parte de uma obra coletiva sobre o tema geral da identidade, que merece uma leitura se estivermos interessados no aprofundamento das questões pertinentes. Mas não faz uma relação mais estreita com a sociedade digital.

 

 

Em seguida, uma panorâmica dos textos em português,  na Internet.  A busca revelou a mesma intensidade de conteúdos sobre questões comerciais e empresarias mas foi possível descobrir alguns trabalhos valiosos sobre o tema em questão.


Não são poucos os textos em português sobre o tema. O primeiro é bastante abrangente e versa sobre a

 

A INTERNET QUE NOS PROTEGE

 

por Luana Negrelly Saraiva e Adilson Cabral

 

RESUMO

 

A partir de uma análise das relações interpessoais nos canais de chat, pretende mostrar a Internet como um espaço de proteção da mesma sociedade repressora que a criou, abrindo portas para o desenvolvimento e o resgate dos valores humanos. 

Ao perceber a Internet como um novo e determinante meio de comunicação que está mudando as formas de relacionamento entre pessoas e grupos, pretendeu investigar nesse artigo até que ponto as relações interpessoais poderão mudar após o surgimento da Internet, pois várias pessoas em todo o mundo já estão online e muitos internautas passam a trocar momentos de sua vida social ‘real’ pela ‘virtual’.

 

 

A Internet, como um meio inovador de comunicação, surge para romper barreiras preconceituosas, delimitadoras do desenvolvimento emocional do indivíduo, que, ao mesmo tempo, percebe a necessidade de sentir sem medo as emoções da vida, exaltando sua própria natureza e se permitindo conhecer e desfrutar sua existência na sua totalidade, sem temer a rejeição causada pelos obstáculos que a própria sociedade criou para sua aceitação. 

 

A velocidade e o imediatismo da Internet são características que determinam cada vez mais os comportamentos dos usuários.


O autodidatismo se desenvolve através do uso freqüente da Internet, já que ela providencia constantemente tutoriais que ensinam o usuário a navegar sem se perder. Após o uso freqüente da rede, alguns tutoriais básicos passam a pertencer à lógica do internauta, facilitando o uso de todos os recursos da Internet.   

 

Através das telas dos programas de bate-papo e do espaço livre para escrever, o internauta sente que suas emoções podem ser expressadas e sentidas com a mesma ou maior intensidade que são sentidas na vida real.   

 

O homem está aprendendo a lidar com o que não é material.

Cada indivíduo 'navegante' desse mundo virtual determina a função da Internet em sua vida, mas todos encontram nela a fuga das pressões psicológicas, físicas e emocionais da sociedade que desprotege. O mais fascinante é a sensação de ter encontrado um hipnotizante e sedutor caminho que leva cada ser humano a abrir seu coração e sua alma para o mundo e saber que os seus valores são a sua verdadeira identidade


A próxima referência é mais bem caprichosa e baseia-se numa notícia curiosa :

 

Comunicação e Tecnologia

Disciplina COM-104 - Comunicação e Tecnologia do Departamento de Comunicação da Facom/UFBA

Prof. Dr. André Lemos  

 

Perda de identidade é a maior ameaça"

de Londres:

 

afirma o diretor da área de serviços de segurança da Symantec, Jeff Ogden:  

 

Uma das coisas interessantes é que, na verdade, perder os detalhes do seu cartão de crédito é menos importante, hoje em dia, do que perder sua identidade. 

 


Sexta-Feira, 10 de junho de 2005

 

 

A seguinte matéria revela a opinião de um dos especialistas que participaram dos grupos que discutiram e redigiram o Livro Verde da Socinfo:

 

 

JC e-mail 2258, de 11 de Abril de 2003. 

 

Identidade do Brasil na Internet deve ser explorada   

  

O Brasil já tem uma identidade forte na Internet, que deve ser mantida e explorada. A bandeira foi levantada por Ivan Moura Campos, ex-coordenador do Comitê Gestor da Internet no país,que proferiu palestra a respeito, nesta quinta-feira no auditório do MCT, em Brasília


De Portugal vem um texto interessante sobre a blogosfera:

 

Nónio Search

Cultura, Ciência e Tecnologia

 

Internet: Humor e identidade na blogosfera ( e no nonio)

 

Contributed by timshel on Tuesday, June 24 @ 13:29:35 WEST

Topic: internet   

 

Este artigo propõe-se reflectir sobre os limites do humor e sobre aspectos relacionados
com a identidade na blogosfera (e no nonio)
 


E, se os media 'tradicionais' já exerceram uma profunda inovação, a Internet veio seguramente conduzir a metamorfoses ainda mais vincadas no que diz respeito à constituição e manifestação da identidade.



Faz referência a  Manuel Castells (A Sociedade em Rede),

 

 "embora por si mesma não determine a evolução histórica e a mudança social, a tecnologia (ou a sua ausência) molda a capacidade de transformação das sociedades, assim como os usos que aquelas, através de um processo conflitual, resolvem dar ao seu potencial tecnológico1 ". 

 

As identidades mudam de facto no ciberespaço. As múltiplas possibilidades deste meio electrónico transformam-na, tornando o eu em algo múltiplo, desfragmentado, mas simultaneamente, mais liberto para experimentar novas formas de ser.   

 

Além disso, as inúmeras comunidades on-line permitem que os indivíduos se associem em torno dos seus interesses sem constrangimentos sobre as suas mais profundas fantasias ou taras, uma vez que na rede  há espaço para todas, permitindo-lhes encontrar pessoas com gostos comuns, por mais bizarros, e socializar em torno de matérias do seu interesse.



Neste sentido, perante um mundo de possibilidades em aberto,
o indivíduo pode

escolher ser quem quer, descobrindo, desta forma, novas formas de ver o mundo

 que podem até eventualmente alterar, através da sua vida virtual,

 a sua existência 'real'. O mesmo acontece nas comunidades virtuais.

 

 

Por outro lado, embora a expressão do eu na rede seja esteticizada e adornada também pelas nossas fantasias, isso só traz algo de novo para quem nos conhece apenas on-line.

 

 

Isto é, nas relações virtuais, cada um se mostra como gostaria de ser, como fantasia, de tal forma que posso não corresponder ao mesmo eu no espaço 'real', mas se só socializo na Web, onde a mente comanda e já não o corpo, posso ser quem sonho, e isso não fará de mim menos eu.  


Por último, selecionamos dois poemas de nossa autoria, para ilustrar as questões da identidade cultural individual e coletiva.



OS VÁRIOS EUS

(maneirismo literário)
 

 

Poema de Antonio Miranda  

 

Para Luiz Alberto Machado  

 

Arte gráfica de Carmen Fulle (Chile)*

 

 

Os meus vários eus

se desentendem e se ofendem

em posições irreconciliáveis.

 

Os meus vários eus

se defendem como podem

exacerbando as divergências.

 

Entro em pânico e me recolho

execrando minha existência

múltipla e contraditória.

 

Tento a paz, a indulgência

mas a confusão se instala

em minha consciência

sem qualquer escapatória.

 

.

Nem dormindo se apazigua

a guerra, contígua àquela

atração fatal dos contrários

que se anulam pela contrafação

- pelos comentários antagônicos

de eus agônicos e arbitrários

de um total desentendimento.

 

E por falta de melhor argumento

vão àquela lavra maneirista

do recurso redivivo

do “palavra-puxa-palavra”

do saudoso Mario Chamie  

 




O FATOR DE UNIÃO NACIONAL

 

Poema de Antonio Miranda

 

 

      E fizeram filhos nas senhoras e nas escravas”.

                       OSWALD DE ANDRADE

 

 

Gilberto Freyre garante

 

com farta e firme documentação

 

que a unidade brasileira se deu

 

antes pela religião

que pela língua.

 

Pode ser.

Ou não.

 

 

 

 Se pelo número de igrejas:

a nação mais católica...

Pela catequese e reduções de índios

e escravos. Cristãos-novos, conversões.

Pelo exclusivismo religioso

pela Santa Inquisição.

 

Nem tanto pela devoção.

Uma relação promíscua com o santo

familiar, a quem se pedia tanto

e se punia e blasfemava

quando nada acontecia...

 

Santos afogados, emborcados, enterrados...  
 

 

Escapulários e figas-de-guiné

um certo ou incerto fetichismo

(animismo e até animalismo)

mesclado ao culto de Deus

e nossa paixão pelo Encarnado

num sincretismo de terreiro

e pajelança.

 

Se estamos de passagem

para onde é que vamos?

Melhor perguntar, de onde

viemos. Esse messianismo

sem Deus: injustiça na terra

como no Céu.

 

O que uniu o Brasil foi

o misticismo ou a mestiçagem?  

 

 

 

 

Do livro-poema TERRA BRASILIS (em fase final de produção) 2004-2005.

http://www.antoniomiranda.com.br/terrabrasilis.htm



 

 

 
 
 
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