Solenidade de Criação do Curso de Museologia
da Universidade de Brasília - Antecedente
Brasília, 09 de outubro de 2009
Prof.ª Dra. Elmira Simeão
O Departamento de Ciência da Informação e Documentação da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação (CID/FACE) da Universidade de Brasília (UnB) tem a alegria e a honra de participar da criação e implementação de um novo curso de graduação, o Bacharelado em Museologia.
Concebido como um curso interdisciplinar, funcionará na nossa sede em período diurno com 30 (trinta) vagas por semestre, 169 créditos, 2.535 horas, em quatro anos de formação. Contará com a colaboração do Departamento de História do Instituto de Humanidades (HIS/IH), Departamento de Antropologia do Instituto de Ciências Sociais (DAN/ICS) e Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes (VIS/IdA).
Gostaria nessa oportunidade de destacar alguns ANTECEDENTES importantes, na verdade, memórias da CRIAÇÃO DO CURSO DE MUSEOLOGIA NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA.
Há vinte anos já tivemos neste departamento uma proposta de criar um curso de Museologia. A iniciativa foi da museóloga Lais Scuotto, diretora do Museu Postal e Telegráfico da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, e do Professor Antonio Miranda, professor titular do CID — ambos presentes nesta cerimônia.
Em 1988 foi apresentado ao MEC, por meio do Departamento de Ciência da Informação e Documentação – CID, um projeto de criação de um Curso de Especialização em Museologia, formado por professores de várias cidades brasileiras, principalmente do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O projeto foi aprovado no MEC, mas o curso foi cancelado devido à inflação daqueles tempos que reduziu fatalmente o valor dos recursos.
Mas essa experiência não foi perdida. Na mesma época, a UNESCO promoveu uma mesa redonda internacional, organizada pela IFLA (International Federation of Library Associations) e convidou o professor Antonio Miranda para apresentar em Londres uma pré-proposta de diretrizes para a Harmonização Curricular dos cursos de Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia no âmbito da Ciência da Informação, documento que agora estamos resgatando.
Tivemos também uma pesquisa que resultou na dissertação de mestrado de Eliana Manhães Mendes, intitulada “Tendências para a Harmonização de Programas de Ensino de Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia no Brasil: um Estudo Delfos”, defendida no nosso Programa e orientada por Miranda em 1992. A metodologia incluiu a consulta a uma ampla amostra de profissionais, pesquisadores e acadêmicos de todo o Brasil atuantes naquele período, visando à criação de uma base epistemológica e à formulação de uma proposta de um tronco comum envolvendo as áreas de Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e Ciência da Informação.
No início da década de 1990, o CID chegou a apresentar a proposta preliminar para a criação do curso de graduação em Museologia, em reunião de professores com a Reitoria, mas o grupo foi desestimulado porque não havia, então, condições para a contratação de novos professores.
Destacamos que o atual projeto, como foi dito pela prof.ª Celina, foi concebido por professores do CID atendendo a uma solicitação do Departamento de Museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DEMU/IPHAN) do Ministério da Cultura, encaminhada em 2006. O novo curso de graduação da Universidade de Brasília integra agora o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI com a colaboração de outras unidades.
Com o resgate dessa memória atestamos a experiência e competência do CID que assume, como sede do novo curso, a condução do processo.
Ao lançar o Bacharelado em Museologia da UnB, o Reitor pro tempore, Dr. Roberto Armando Ramos de Aguiar, através do Decanato de Ensino de Graduação, aqui representado pela decana, professora Dr.ª Márcia Abrahão Moura, assume para a UnB a responsabilidade pela sua estruturação. Certamente os recursos virão, pois precisamos de laboratórios e novas instalações.
Estamos animados, felizes com o desafio, e certos que o aumento dessa oferta será objeto de orgulho para nossa instituição. Queremos e podemos mais, na medida em que nos engajarmos pela melhoria de nossas condições estruturais e acadêmicas.
Para concluir essa retrospectiva e ao avaliar o crescimento permanente de nossa unidade ao longo de quarenta e cinco anos de existência, anunciamos também publicamente o resgate de um antigo projeto: a Faculdade de Ciência da Informação. Na verdade, queremos recuperar com isso nossa identidade original.
Na criação da Universidade de Brasília, em 1961, era prevista uma universidade orgânica, integrada por institutos e faculdades, modelo dinâmico e inédito. O primeiro plano diretor de 1962 foi adiado. Em meio a uma situação política difícil, em setembro de 1966, o conselho Diretor da Universidade de Brasília, autoriza a criação da Faculdade de Biblioteconomia e Informação Científica, abrigando o curso de biblioteconomia, implantado em 1963.
Esse relato, o da integração à Faculdade de Estudos Sociais Aplicados (que surgiu somente em 1970) e a transformação para CID já em 1992 foi posteriormente, organizado em estudo extenso realizado pelas professoras Suzana Mueller e Georgete Medleg Rodrigues que o concluem, em 2000, com um documento intitulado “Proposta de criação da Faculdade de Ciência da Informação”.
Neste momento tão propício e solene, quando lembramos o passado do Departamento de Ciência da Informação, buscando sólidas construções acadêmicas que nos assegurem um futuro promissor, queremos também relatar que buscamos agora entendimentos internos e externos para a criação da Faculdade de Ciência da Informação, A FACID, e construção de um novo prédio. Queremos oferecer à comunidade mais dois cursos de graduação, Biblioteconomia noturno e Arquivologia diurno, expandir a pós-graduação e também atender melhor as demandas institucionais na área de tratamento documental, organização, classificação e conservação de acervos. Vamos lutar por um novo prédio também por isso.
Em contato prévio, num diálogo cortês com o diretor de nossa FACE, tivemos manifestação de compreensão pelo pleito, atitude que mostra, mais uma vez, a diplomacia e a capacidade de entendimento do professor César Augusto Tibúrcio, nosso atual diretor, a quem agradecemos publicamente.
É compromisso de nossa unidade chegar à Faculdade com uma concepção epistemológica que sirva de base na formulação de uma proposta de tronco comum da Ciência da Informação, abrangendo o ensino de Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia. Nesta noite, com a assinatura do Termo de Compromisso, selamos nosso comprometimento com o histórico desse Departamento para buscar o desenvolvimento do conhecimento integrador e multidisciplinar, atentos às lições do passado, mas também voltados para as demandas da sociedade contemporânea.
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