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José Antonio Ramos Sucre


Cumaná, 1890 - Genebra, 13.6.1930. Morreu pelas próprias mãos. Predisse: "Creio no poder de minha capacidade lírica. Sei muito bem que criei uma obra imortal e que nem sequer o triste consolo da glória me compensaria de tantas dores. Serei compreendido dentro de quarenta anos."

TEXTO EN ESPAÑOL y/e TEXTO EM PORTUGUÊS



LA VERDAD

La golondrina conoce el calendario, divide el año por el consejo de una sabiduría innata. Puede prescindir del aviso de la luna variable.
Según la ciencia natural, la belleza de la golondrina es el ordenamiento de su organismo para el vuelo, una poporción entre el medio y el fin, entre el método y el resultado, una idea socrática.
La golondrina salva continentes en un día de viaje y ha conocido desde antaño la medida del orbe terrestre, anticipándose a los dragones infalibles del mito.
Un astrónomo desvariado cavilaba en su isla de pinos y roquedos, presente de un rey, sobre los anillos de Saturno y otras maravillas del espacio y sobre el espíritu elemental del fuego, el fósforo inquieto. Un prejuicio teológico le había inspirado el pensamiento de situar en el ruedo del sol el destierro de las almas condenadas.
Recuperó el sentimiento humano de la realidad en medio de una primavera tibia. Las golondrinas habituadas a rodear los monumentos de un reino difunto, erigidos conforme una aritmética primordial, subieron hasta el clima riguroso y dijeron al oído del sabio la solución del enigma del universo, el secreto de la esfinge impúdica.

 

A VERDADE
Traduzido por Anderson Braga Horta

A andorinha conhece o calendário, divide o ano segundo o conselho de uma sabedoria inata. Pode prescindir do aviso da lua variável.
De acordo com a ciência natural, a beleza da andorinha é o ordenamento de seu organismo para o vôo, uma proporção entre o meio e o fim, entre o método e o resultado, uma idéia socrática.
A andorinha atravessa continentes num dia de viagem e aprendeu de recuadas eras a medida do orbe terrestre, antecipando-se aos dragões infalíveis do mito.
Um astrônomo desvairado cavilava em sua ilha de pinheiros e rochedos, presente de um rei, sobre os anéis de Saturno e outras maravilhas do espaço e sobre o espírito elemental do fogo, o fósforo inquieto. Um preconceito teológico lhe inspirara a idéia de situar em redor do sol o desterro das almas condenadas.
Recuperou o sentimento humano da realidade no meio de uma tépida primavera. As andorinhas, habituadas a rodear os monumentos de um reino defunto, erigido conforme uma aritmética primordial, subiram para o clima rigoroso e disseram ao ouvido do sábio a solução do enigma do universo, o segredo da esfinge impudica.

 

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