CARLOS FERREIRA AFONSO
Carlos Alberto Ferreira Afonso nasceu na freguesia da Parada, concelho de Alfândega da Fé, no dia 1 de Janeiro de 1962.
Começou por estudar na escola primária da sua terra natal. Mais tarde frequentou os seminários de São José, em Vinhais e Bragança, onde fez os estudos preparatório e secundário.
Licenciou-se em Humanidades, pela Faculdade de Filosofia de Braga (Universidade Católica) e, atualmente, leciona as disciplinas de Português e Literatura Portuguesa na Escola Secundária de Fafe.
Foi diretor da revista Convida da Escola Secundária de Fafe e da revista Factos. É colaborador assíduo de vários jornais da região, onde escreve crónicas e outros textos em prosa e poesia. Coordena os Clubes de Escrita e de Leitura da Escola Secundária de Fafe.
Pertence à direção do Núcleo de Artes e Letras de Fafe. É presidente da Assembleia da Associação Cultural de Fafe Atriumemoria. Coordenou as quatro primeiras edições das Jornadas Literárias de Fafe. É membro efetivo dos Lions Clube de Fafe. Pertence à Academia de Escritores de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde, em 2018, participou na coletânea Gentes e Lugares, e em 2019 na coletânea Rostos de Terra.
Biografia e foto extraídos de https://www.facebook.com/
O PRISMA DE MUITAS CORES. Poesia de Amor portuguesa e brasileira. Organização Victor Oliveira Mateus. Prefácio Antônio Carlos Cortes. Capa Julio Cunha. Fafe: Amarante: Labirinto, 2010 207 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
AS FLORES NÃO TÊM MEDO
Nestes dias
De distâncias desejadas,
Cidades desertas,
Ruas paradas,
Portas tristes,
Janelas abertas
Igrejas fechadas,
Tabernas secas
E homens trementes,
As flores não têm medo.
Nestas horas
De bocas caladas,
Braços aflitos,
Mãos lavadas,
Rostos tapados,
Corações saudosos,
Beijos adiados,
Olhos que choram
E homens incapazes,
As flores não têm medo.
Nestes minutos
De imensos segundos,
Crianças inquietas,
Hospitais fartos,
Sonhos presos,
Idades marcadas,
Corpos infetados,
Esperanças duvidosas
E homens que suplicam
As flores não têm medo.
DA JANELA, EU VEJO A MINHA CIDADE…
Da janela, eu vejo a minha cidade,
Uma cidade que já foi vila
Em terras de Montelongo,
Terras onde o verde da paisagem
Se mistura nas raízes da uma história
Em palacetes e muros desenhada…
Da janela, eu vejo a minha cidade,
Um amor de cidade,
A sala de visitas do Minho,
Uma Terra Justa,
Esta Fafe dos Brasileiros
E de gentes sem fim,
Que aqui existiram e moram
Num destino para mim…
Da janela, eu vejo a minha cidade,
Uma cidade de poetas,
De Ruy Monte e Soledade,
De Adrianinho a Camilo,
Em palavras e sonhos desenhada,
Nos jardins e praças
Que a enfeitam,
Só porque sim…
Da janela, eu vejo a minha cidade,
Uma cidade de tradições,
Da vitela assada ao pão de ló,
Do bom vira às cavacas,
Numa justiça que a eleva,
E nesta fé bendita
À Nossa Senhora de Antime rezada...
Da janela, eu vejo a minha cidade,
Uma cidade que não posso percorrer,
Num hoje triste e quedo,
De ruas sem pressa
E sem ver,
Num presente doentio e tapado,
Sem afetos e desejos
De alunos que abandonei
Filhos de que me afastei
E amigos que ao longe,
Ainda há pouco, acenei…
Da janela, eu vejo a minha cidade,
Uma cidade que amo
E amarei,
Num amanhã de esperança
Que este pardal,
Que à minha frente esvoaça,
Me promete
E me afiança…
Da janela, que também é a minha cidade,
EU ESPERO...
(29/03/2020)
O PRISMA DE MUITAS CORES. Poesia de Amor portuguesa e brasileira. Organização Victor Oliveira Mateus. Prefácio Antônio Carlos Cortes. Capa Julio Cunha. Fafe: Amarante: Labirinto, 2010 207 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Amores
O mar...
Afagava suavemente
A areia quente daquela praia
E o arfar esverdeado da maresia
Espraiava-se pela ligeireza mansa dos espaços!
O longe abrigava-se na infinidade do horizonte
E o perto encostava-se ao escorregadio acastanhado das rochas.
Repentinamente, um barco mergulhou na paisagem
E um sonho de marinheiro largou-me na praia.
Desprendido dos devaneios gastos do leme,
Senti um vazio cheio de esperanças
Molhar-me o rosto
E...
Movido pelo toque salgado de uma brisa ousada,
Reparei na insistência dos teus olhos
Que se agarravam numa carência nua aos meus,
Que vencidos, se submeteram
E se deitaram sob um desejo ardente
Que me percorreu a alma!
Aceso e esbelto, o teu corpo correu para a minha leviandade
E os teus lábios soltaram um murmúrio ardente
Que se escondeu bem no fundo dos meus braços inquietos!
Numa ânsia acesa, senti erguer-se o meu querer
E agarrei-te numa força aceite
Pelo teu ímpeto de mulher
E ofereceste-me a meiguice da tua pele,
Manchada pelas cores de um sol adormecido na imensidão das águas! Entregues à ousadia de dois seres, envoltos num crepúsculo de emoções,
As nossas duas vontades uniram-se num só corpo,
Que, embebido pela cadência farta das ondas
Ofereceu o húmido prazer dos nossos ais
Ao esvoaçar distraído das gaivotas! ...
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Página publicada em janeiro de 2021
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