Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

AUGUSTO DOS SANTOS ABRANCHES

( 1914?-1963)


foi poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta, crítico, jornalista, artista plástico, livreiro, editor, e sempre, animador ou agitador cultural - não só em Portugal, mas também em Moçambique e no Brasil.

 

Mãe! Atiraram-me para aqui, sem eu o querer

ou sequer o saber...

 

Meteram-me uma espingarda na mão,

à frente fizeram soar tambores,

e um homem com fitas de oiro nos braços gritou: —

                                                                     Marche!

Mãe: depois

andei por tantos lados que Já os não sei,

até ter caído aqui.

E quando cheguei,

não havia estrelas nem velhas luas no céu...

Mas em paga troavam canhões de todos os lados,

e logo que me indicaram para casa este buraco

em que estou

(Mãe:

em frente há um estendal de arame farpado,

daquele com que o brasileiro pôs cerco ao quintal...)

tive que o defender da vida e da morte.

 

E por isso tenho o corpo coberto de sangue,

e minhas mãos gritam,

E meus olhos gritam;

 

- MATEI!

 

*

 

Onde porei meus olhos pata que não veja as desgraças

                                                                     do mundo,

se em qualquer recanto tremulam bandeiras de guerra

de todos os lados batidas

pelo vento?

Onde porei as mãos para que não sinta as dores do mundo,

se em todas as pedras rebentam bombas de guerra

como chuva caída de inferno,

e em parte alguma há ninho que nos esconda?

Onde porei meus ouvidos para que não ouça os choros

                                                                     do mundo,

se em todas as alturas rumorejam asas de guerra

e a terra por completo se reveste

de grito e maldição?

Onde porei meus pés para que não vibre nos temores

                                                                     do mundo,

se o sangue tingiu todos os mares com sua guerra,

e o meu rosto de paz se revolta e nega

a erguer-se para o céu?

 

                                                           "Poemas de hoje"

 

Página publicada em setembro de 2015


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 

Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar