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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

ANTÓNIO PATRÍCIO

(1878-1930)

 

Escritor e diplomata português, natural do Porto. Frequentou a Escola Naval, acabando no entanto por se formar em Medicina, em 1908. Proclamada a República, foi cônsul na Corunha, em Cantão, Manaus, Bremen e outras cidades, vindo a falecer pouco depois de nomeado ministro de Portugal em Pequim.

Como escritor, convergem em António Patrício tendências simbolistas, decadentistas e saudosistas, a que se alia a influência do niilismo de Nietzsche, nomeadamente na recusa de uma finalidade da vida exterior à própria vida. Esta concepção, alheia à metafísica, conjuga-se com um certo panteísmo, na vivência de cada momento perante a omnipresença da morte (a obsessão dos corpos cadavéricos, por exemplo), numa intensa espiritualidade que se manifesta em motivos como a saudade e as contradições e dualismos do homem (finitude e infinitude, carne e espírito, insaciabilidade do donjuanismo), na ânsia nostálgica de absoluto, por exemplo, no amor. Esta tensão trágica é servida por uma escrita de profunda sensibilidade e ritmo poético, numa linguagem de forte carga musical e imagística que o aproxima do simbolismo.

Colaborador das revistas Águia e Atlântida, escreveu os livros de poemas Oceano (1905) e Poesias (1942, edição póstuma), tendo ainda sido editada a sua Poesia Completa (1980). Publicou um livro de contos, Serão Inquieto (1910). É também autor das peças de teatro O Fim (1909), Pedro, o Cru (1918), Dinis e Isabel (1919) e D. João e a Máscara (1924, o ponto alto da sua carreira, que toma como personagem principal o célebre D. Juan), e ainda dos contos de Serão Inquieto (1910). Deixou várias obras inéditas.
Fonte da biografia: www.astormentas.com

                              

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTOS EM ESPAÑOL

 

 

A REDENÇÃO

 

A divina emoção que tu me deste,

Já m´a deu uma árvore ao poente...

Não é só teu encanto que te veste:

A seiva e o sangue rezam irmãmente.

 

Às vezes nuvens, mares, areais,

Dão-me mais sonho do que os olhos teus...

É como se eles fossem meus iguais,

Tendo nós todos fé no mesmo Deus...

 

Não será isto o instinto, a profecia,

De que desfeitos e transfigurados

Viveremos num só, numa harmonia?...

 

Sim, deve se: amor, sonho, emoção,

São esforços febris d´encarcerados

Para quem a Unidade é a redenção.

 

 

SAUDADE DO TEU CORPO

 

Tenho saudades do teu corpo: ouviste

correr-te toda a carne e toda a alma

o meu desejo – como um anjo triste

que enlaça nuvens pela noite calma?...

 

Anda a saudade do teu corpo (sentes?...)

Sempre comigo: deita-se ao meu lado,

dizendo e redizendo que não mentes

quando me escreves: «vem, meu todo amado...»

 

É o teu corpo em sombra esta saudade...

Beijo-lhe as mãos, os pés, os seios-sombra:

a luz do seu olhar é escuridade...

 

Fecho os olhos ao sol para estar contigo.

É de noite este corpo que me assombra...

Vês?! A saudade é um escultor antigo!

 

 

UNGE-ME DE PERFUMES

 

“Gosto tanto de ti...”, dizes. É pouco.

É das tuas mãos erguidas que eu preciso.

Vê bem, Amor: não é orgulho louco.

Para os outros eu sou apenas riso.

 

Unge-me de perfumes, minha amada,

Como certa Maria de Magdala,

Ungiu os pés d´Aquele cuja estrada

Só começou para além da vala.

 

Ama-me mais ainda, ó meu amor

Como aquela mulher ungiu o Cristo,

Unge o meu corpo todo, a minha dor...

 

Ela ungiu-o p´ra o túmulo, p´ra a Cruz.

Unge-me teu, p´ra o Sol por quem existo:

Viver é ir morrendo a beijar luz.

 

 

COMO CRISTO

 

      “Tomai e comei: isto é o meu corpo,

      “Tomai e bebei: isto é o meu sangue”

 

A lua abriu as veias... Preamar!

E tu mesmo está branca como a altura...

A tua carne agora está a sonhar

Contra o meu peito, cheia de doçura.

 

És doce como a noite, e ao  vê-la cuido

Que é o céu uma grande nebulosa

Onde o sêmen lunar escorre fluido

Pela carne da noite — dolorosa...

 

“Sou toda tua, amor... Já não existo...

Seja sempre o meu corpo o teu pomar;

Bebe o meu sangue e bebe o meu olhar...”

 

Eu ouço a tua voz e lembro o Cristo,

As palavras que disse em certa Ceia

A uns homens que o seguiram na Judeia...

 

 

O QUE É VIVER?

 

Viver é só sentir como a Morte caminha

E como a Vida a quer e como a vida a chama…

Viver, minha princesa pobrezinha,

É esta morte triste de quem ama…

 

Viver é ter ainda uma quimera erguida

Ou um sonho febril a soluçar de rastos;

É beijar toda a dor humana, toda a Vida,

Como eu beijo a chorar os teus cabelos castos…

 

Viver é esperar a Morte docemente,

Beijando a luz, beijando os cardos, e beijando

Alguém, corpo ou fantasma, que nos venha amando…

 

É sentir a nossa alma presa tristemente

Ao mistério da Vida que nos leva

Perdidos pelo sol, perdidos pela treva…

 

 

TEXTOS EM ESPAÑOL

Traducción de Rodolfo Alonso

 

 

LA REDENCIÓN

 

La divina emoción que tu me diste,

Ya me la Dio un árbol al poniente...

Tu encanto solo no es quien te viste:

Selva y sangre oran fraternalmente.

 

A veces nubes, arenales, mares,

Me dan más sueño que tus propios ojos...

Es como si ellos me fuesen mis pares,

Teniendo todos fe en el mismo Dios...

 

¿No será esto el instinto, profecía,

De que deshechos y transfigurados

Seremos uno solo, una armonía?...

 

Sí, debe ser: amor, sueño, emoción,

Son esfuerzos febriles de enclaustrados

Para quien la Unidad es redención.

 

 

NOSTALGIA DE TU CUERPO

 

Tengo nostalgias de tu cuerpo: ¿oíste

Enteras recorrerte carne y alma

A mi deseo — como un ángel triste

Que enlaza nubes por la noche calma?

 

Va la nostalgia de tu cuerpo (¿sientes?...)

Siempre conmigo : se tiende a mi lado,

Diciendo y repitiendo eu no mientes

Cuando me escribes: “vem, mi todo amado...”

 

Tu cuerpo en sombra es esta nostalgia...

Beso sus manos, pies, sus senos-so9mbra:

La luz de su mirar da oscuridad...

 

Los ojos cierro al sol para tocarte.

Es de noche este cuerpo que me asombra...

ί¿Ves?! ίAntiguo escultor es la nostalgia!

 

 

ÚNGEME DE PERFUMES

 

“Gusto tanto de ti...”, dices. Es poco.

Es de tus manos erguidas que preciso.

Ve bien, Amor: no es orgullo loco.

Para los otros soy apenas risa.

 

Úngeme de perfumes, mi amada,

Como cierta María de Magdala

Ungió los pies de Aquel cuyo camino

Sólo empezó más allá de la fosa.

 

Amame más aún, oh mi amor

Como aquella mujer ungió a Cristo,

Unge mi cuerpo todo, mi dolor...

 

Lo ungió para la tumba y la Cruz.

Úngeme ruyo, al Sol por quien existo:

Vivir es ir muriendo a besar luz.

 

 

COMO CRISTO

 

         Tomad y comed: este es mi cuerpo.

            Tomad y bebed: esta es mi sangre”.

 

La luna abrió las venas... ίPleamar!

Y hasta tu blanca estás como la altura...

Tu carne ahora procura soñar

Contra mi pecho, llena de dulzura.

 

Dulce eres cual la noche, y creo al verla

Que es el cielo uma grande nebulosa~

Donde el semen lunar recorre fluido

La carne de la noche— dolorosa...

 

“Soy toda tuya, amor... Ya no existo...

Sea siempre mi cuerpo tu pomar:

Bebe mi sangre y bebe mi mirar...”

 

Tu voz escucho y me acuerdo de Cristo,

Las palabras que dijo en cierta Cena

A hombres que lo siguieron em Judea...

 

 

 

Textos extraídos de la obra POETAS PORTUGUESES Y BRASILEÑOS DE LOS SIMBOLISTAS A LOS MODERNISTAS; organización y estúdio introductorio: José Augusto Seabra.  Buenos Aires: Instituto Camões; Editora Thesaurus, 2002.  472 p. ISBN 85-7062-323-2

 

Agradecemos ao Instituto Camões a autorização para a publicação dos textos, em parceria visando a divulgação da literatura de língua portuguesa em formato bilíngüe na web

 

 Página publicada em abril de 2008



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