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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



ANTÓNIO BOTTO

 

Nacido em Alvega (Abrantes), vivió desde joven en Lisboa, donde fue empleado em una librería y se inició en los medios literarios, debutando en 1917, con Trovas. Descubierto por Fernando Pessoa, que sobre él escribió su ensayo “António Botrto y el Ideal Estético en Portugal”, reeditándole Canções (2ª. ed., 1922), su homosexualidad lo convirtió en una personalidad controvertida pero admirada por su espontaneidad creadora, donde se conjugan ecos del simbolismo y del modernismo con un velo lírico tradicional.  Después de una experiencia africana en Angola, partió en 1947 hacia el Brasil, donde murió trágicamente atropellado. Em su obra obra extensa y desigual se destacan, además de las sucesivas ediciones de Canções (la última de 1956), libros como Olimpyadas (1927), Dandysmo (11928), Ciúme (1934), A vida que te dei (1938), Os Sonetos (1938), Ainda não me escreveu (1959).

 

António Botto (1897-1959) nasceu em Alvega, Portugal, indo muito jovem para Lisboa, na companhia dos pais. Trabalhou numa livraria, indo depois para África como funcionário público. Em 1947 partiu para o Brasil, morrendo atropelado no Rio de Janeiro em 1959. A sua obra poética, talvez o mais brilhante conjunto de poesia homoerótica da língua portuguesa, é muito vasta. Sua obra mais conhecida é Canções, publicada em 1921 e desde logo causadora de escândalo nos meios intelectuais portugueses por ser uma obra explicitamente gay. Além desta obra, publicou: Cantigas de Saudade (1918), Canções do Sul (1920), Motivos de Beleza  (1923), Curiosidades Estéticas (1924), Piquenas Esculturas (1925), Olimpíadas (1927), Dandismo (1928), Ciúme (1934), Baionetas da Morte (1936), A Vida que te Dei (1938), O Livro do Povo (1944), Ódio e Amor (1947), Fátima - Poema do Mundo (1955), Ainda não se Escreveu (1959). No Brasil, a antologia Bagos de Prata foi publicada pela Olavobrás, editorial de Curitiba, com apresentação de Glauco Mattoso.

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTOS EN ESPAÑOL

 

FATALIDADE

 

A fatalidade,

Várias vezes

No meu caminho aparece;

Mas,

Não consegue perturbar

A minha serenidade.

 

Sòmente,

No meu olhar,

Poisa e fica mais tristeza.

 

Não me revolto,

Nem desespero.

 

- Quero morrer em beleza.

 

 

NÃO ME LEVES A MAL, PERDOA...

 

Não leves a mal, perdoa...

Mas a frieza que eu ponho

Nos meus beijos —

Não é cansaço, nem tédio.

 

O teu corpo

Tem o charme necessário

Para iludir ou prender,

E a tua boca

Tem o aroma dos cravos —

À tarde, ao anoitecer.

 

Não é cansaço, nem tédio.

É somente uma certeza

Que eu não sei como surgiu

Aqui — no meu coração:

 

Não, amor; não és aquele

Que o meu sonho distinguiu...

— Não queiras a realidade.

 

A realidade mentiu...

 

 

IA A TARDE NO FINAL...

 

Ia a tarde no final.

 

Somem-se os últimos ecos

Duma jota aragonesa.

 

E a tarde,

Não tem o ar natural

De quem falece na sombra.

 

Quando Ele surge na arena

- Uma flor de oiro! -

Sensualíssimo, viril,

E flexuoso

Procura aproximar-se do toiro

A multidão

Refulge num delírio de loucura.

 

Então,

Com suprema galhardia

Ergue o braço

Para matar.

 

Há uma luz de labareda,

E o silêncio é mais profundo.

 

Os cornos tocam no oiro e na seda.

E ele, - tomba,

Vencido,

Rasgado,

- Cheio de sangue na fronte.

 

A tarde

Principia a arrefecer.

 

Tem o ventre descoberto,

E as negruras

Da sua virilidade

Toda a gente as pode ver.

 

                   (Canções, 1932)  

Extraído de:
2011 CALENDÁRIO   poetas     antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais

 

/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Tradução de Rodolfo Alonso

 

LA FATALIDAD...

 

La fatalidad,

Varias veces

En mi camino aparece;

Mas,

Mi serenidad

No consigue más tristeza.

 

Tan solo,

Em mi mirar,

Posa y queda más tristeza.

 

No me rebelo,

Ni desespero.

 

—Quiero morir en belleza.

 

 

NO MO TOMES MAL, PERDONA...

 

No tomes a mal, perdona...

Mas La frialdad que pongo

En mis besos —

No es cansancio, ni tedio.

 

Y tu cuerpo

Tiene el charme necesario

Para engañar o enlazar,

Y tu boca

Tiene aroma de claveles—

De tarde, al anochecer.

 

No es cansancio, ni tédio.

Es tan solo uma certeza

Que no sé cómo surgió

Aquí — en mi corazón:

 

 

No, amor, no eres aquel

Que mi sueño distinguió...

 

—No quieras la realidad.

 

La realidad mintió...

 

 

LA TARDE YA CONCLUÍA...

 

La tarde ya concluía.

 

Se hunden los últimos ecos

De uma jota aragonesa.

 

Y la tarde,

No da el aire natural

De quien fallece en la sombra.

 

Cuando surge Él en la arena

—ίUna flor de oro!—

Sensualísimo, viril,

Y flexible

Procura arrimarse al toro,

La multitud

Refulge en un delirio de locura.

 

Entonces,

Con gallardía suprema

Yergue el brazo

para matar.

 

Hay una luz de alta llama,

Y el silencio es más profundo.

 

Tocan cuernos oro y seda.

Y el, —cae,

Vencido,

Abierto,

— Lleno de sangre en la frente.

 

La tarde

va refrescando.

 

Tiene el vientre descubierto,

Y el negror

De su virilidad

Lo puede ver todo el mundo.

 

 

 

Página publicada em maio de 2008

Metadados:  Tarde de Touros, Tourada, Tarde de Toros, Tauromaquia.



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