POESÍA  ESPAÑOLA / POESIA ESPANHOLA  
              Coordinación/coordenação de AURORA  CUEVAS CERVERÓ   
                
                Foto weblog.aescoladanoite.pt  
                MIRIAM  REYES 
                  
                Nasceu  em Ourense (Espanha) em 1974. Estudou Letras na Universidad Central de  Venezuela e viveu em diversas cidades da comunidade européia.  Autora do poemario Espejo Negro (Barcelona: DVD, 2001).  “Terra e Sangue” é o seu primeiro livro  lançado recentemente em Portugal (2009). 
                  
                  
                TEXTOS  EM ESPAÑOL     /   TEXTOS EM PORTUGUÊS 
                  Traduções de Antonio Miranda 
                  
                  
                Hay una distancia que me separa de todo. 
                  El momento presente es algo 
                  que no logro aprehender hasta que caduca. 
   
                  Más que a mi cuerpo 
                  un sexo excita mi memoria. 
                  Empiezo a olvidar donde y com quién he vivivo cada recuerdo. 
   
                  Desde lejos observo mis manos hacer 
                  como quien observa las manos de un actor. 
                  Y dentro de mí 
                  nada que permanezca. 
                 
                  
                 Existe uma distância que  me separa de tudo. 
                  O momento presente é algo 
                  que não consigo captar até que caduca. 
   
                  Mais que meu corpo 
                  um sexo excita minha memória. 
                  Começo a esquecer onde e com quem vivi cada lembrança. 
   
                  De longe observo minhas mãos fazerem 
                  como quem observa as mãos de um ator. 
                 
                 
                ================================================= 
                  
                Amo a este hombre misógino. 
                Deseo su sexo descarado que pasea de aquí  para allá 
                que entra donde como y cuando él lo desea 
                vomita su odio en mí y se va. 
                Yo, maravillosa artesana, 
                  
                hago de su asco mi mejor creación: 
                una réplica suya mejorada. 
                Del vómito incubado en el más repugnante de  los seres 
                nacerá la criatura que lo iguale en fuerza 
                y sea capaz de destruirlo por envidia 
                  como yo no pude hacer por amor. 
                  
                  
                Amo este homem misógino. 
                Desejo seu sexo descarado que passeia daqui  pra lá 
                que entra onde como e quando quer 
                vomita seu ódio em mim e vai embora. 
                Eu, maravilhosa artesã, 
                faço de seu asco minha criação superior. 
                uma réplica dele melhorada. 
                Do vômito incubado no mais repugnante dos  seres 
                nascerá a criatura que o iguale em força 
                e seja capaz de destruí-lo pela inveja 
                como eu não fui capaz de fazê-lo por amor. 
                  
                =================================================== 
                  
                  
                Mi vientre es mi mundo interior: 
                el espacio vacío 
                de todo lo que fui dejando por el camino. 
                  
                El mejor lugar donde buscar-me.  
                  
                  
                Meu ventre é o meu mundo interior: 
                um espaço vazio 
                de tudo o que fui deixando pelo caminho. 
                  
                O melhor lugar para encontrar-me. 
                ======================================== 
                Meu corpo desnudo está aqui 
                  y no em outra parte. 
                  Pasa y verás lo que hay 
                  tras el esmalte de dientes. 
                  Pasa y verás. 
   
                  Mi cara no es mi cara. 
                  La pequeña señorita sin nombre 
                  la muñeca con lágrima. 
  Por favor por favor por favor 
    llévame a casa. 
    Por favor por favor 
    juega conmigo. 
                La autómata me protege 
                  con su cuerpo de niña bonita de goma homologada. 
                  Qué dulce, qué dulce y perfecto 
                  en su vientre vacío suena el mar. 
   
                  A la gente le encanta. 
                  Le encanta la concha bajo la que el cangrejo ermitaño sobrevive. 
                  La gente prefiere las conchas, las lleva a su casa 
                  se las acerca al oído 
                  las escucha. 
                 
                      Meu corpo despido está aqui 
                  e não em outro lugar. 
                  Entra e verás o que há 
                  detrás do esmalte dos dentes. 
                  Entra e verás. 
   
                  Meu rosto não è o meu rosto. 
                  A pequena garota sem nome 
                  a bonce com lágrima. 
  Por favor  por favor  por favor 
    leva-me para casa 
    Por favor  por favor 
    brinca comigo. 
   
  A autômata me protege 
                  com seu corpo de menina bonita de borracha homologada. 
                  Que doce, que doce e perfeita 
                  em seu ventre vazio ouve-se o mar. 
   
                  Encanta todo mundo. 
                  Encanta a concha na qual o crustáceo ermitão sobrevive.    
                  A gente prefere as conchas, levam-nas para casa 
                  levam-nas ao ouvido 
                  e as escuta. 
                =============================================== 
                No soy dueña de nada 
                  mucho menos podría serlo de alguien. 
                  No deberías temer 
                  cuando estrangulo tu sexo, 
                  no pienso darte hijos ni anillos ni promesas. 
                  Toda la tierra que tengo la llevo em los sapatos. 
                  Mi casa es este cuerpo que parece una mujer, 
                  no necesito más paredes y adentro tengo 
                  mucho espacio: 
                  ese desierto negro que tanto te asusta. 
                 
                        
                
                  Não sou dona de nada                           
                    muito menos poderia ser de alguém. 
                    Não deverias temer 
                    quando estrangulo teu sexo; 
                    não pretendo dar-te um filho nem anéis nem promessas. 
                    Toda a terra que tenho levo-a nos sapatos. 
                    Minha casa é este corpo que parece mulher, 
                    não necessito mais de paredes e dentro tenho 
                    bastante espaço: 
                    esse deserto negro que me assusta tanto. 
                   
                 
                  
                  
                Nos apegamos demasiado a los hombres 
                  esas criaturas bidimensionales e inocentes 
                  a su piel 
                  adherente como una tela de araña. 
   
  Me quedaria allí hasta que no dejase nada  de mí 
    Nada. 
                  
                hasta que empezamos a pesarles 
                  como si de pronto engordásemos. 
                  Entonces nos preguntamos 
                  qué pasó y 
                  cuándo. 
                  Inevitablemente nos ponemos 
  éticas patétias pelenpéticas 
                  pesadas peludas pelenpudas 
                  nos salen canas arrugas 
                  caries estrias verrugas 
                  la sangre no circula. 
                  Nos explotan por dentro. 
                  Se llevan nuestra piel pegada a tiras 
                  y en sus manos algún órgano fácil de vender. 
   
                  En realidad no saben lo que hacen 
                  solo quieren liberarse de la carga. 
                  
                 
                       
                        
                Nos apegamos aos homens em demasia 
                  essas criaturas bidimensionais e inocentes 
  à sua pele 
                  aderente como uma teia de aranha. 
   
                  Ficaria ali até que não restasse nada de mim. 
                  Nada. 
   
                  até que começamos a tornar-nos pesadas 
                  como se de repente engordássemos. 
                  Então nos perguntamos 
                  que acontece e 
                  quando. 
                  Inevitavelmente nos tornamos 
  éticas patéticas escalafobéticas 
                  pesadas peludas peripatéticas 
                  surgem então cabelos brancos rugas 
                  cáries estrias verrugas 
                  o sangue não circula. 
                  Nos explodem por dentro. 
                  Levam nossa pele pregadas em tiras 
                  e em suas mãos algum órgão fácil de vender. 
   
                  Em verdade não sabem o que fazem 
                  apenas querem livrar-se de um fardo. 
                  
                  
                  
                Página publicada em  dezembro de 2009 
                 
                
                 
                  
                                   |