POESIA ANARQUISTA
Coordinación de OMAR ARDILA
Foto e biografia: pt.wikipedia.org
AGUSTIN GARCIA CALVO
(1926-2012)
Agustín García Calvo (Zamora, 15 de outubro de 1926 - Zamora, 1 de novembro de 2012) foi um poeta, escritor, filósofo e dramaturgo espanhol.
Estudou filosofia clássica na Universidade de Salamanca tornando-se professor de latim e filosofia latina e escreveu vários livros, entre eles, a trilogia "Del lenguaje", "De la construcción" (Del lenguaje II) e "Del aparato" (Del lenguaje III).
Também é autor de novelas, ensaios, poesias, como "Lalia", "¿Qué es el Estado?", "Contra el tiempo" e "De Dios", entre outros.
Por três vezes (1990, 1999 e 2006), ganhou o Prêmio Nacional de Literatura (prêmio espanhol).
Está enterrado no Cemitério de San Atilano, em Zamora.
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
ANTOLOGÍA ANARQUISTA poesía / siglo XX …/ Selección, prólogo & reseña de Omar Ardila. Bogotá: Un Gato Negro Editores, 2013. 200 p. ISBN 978-958-46-2490-1. 14 x 21 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
LIBRE TE QUIERO
Libre te quiero,
como arroyo que brinca
de peña en peña.
Pero no mía.
Grande te quiero,
como monte preñado
de primavera.
Pero no mía.
Buena te quiero,
como pan que no sabe
su masa buena.
Pero no mía.
Alta te quiero,
como chopo que al cielo
se despereza.
Pero no mia.
Blanca te quiero,
como flor de azahares
sobre la tierra.
Pero no mía.
Pero no mía
ni de Dios ni de nadie
ni tuya siquiera.
RABIA AJENA
Nada fuera de mí,
a excepción del enojo,
tiene un principio y un fin
determinado,
a excepción de la rabia,
que no es mía, ya lo digo, así desde el inicio,
como lo dicen en mi ciudad,
tan felices de la mañana
hasta la noche, mucho más felices, mucho más,
que no es mía, repito, porque aun más adentro
me nacen las ganas de morir,
y después de la rabia, mucho después, o no tan después,
sobresalta pensar que volverá de nuevo
la rabia o el enojo,
desde afuera, por supuesto,
fuera de mí, fuera de todos, vuelta a empezar,
vuelta y más vuelta, fuera, vuelta a empezar,
y así acaba todo.
DOS VECES BREVE
TEÓRICA REALIDAD
Poesía y ciencia
son la misma
matemática del sentido.
REALIDAD TEÓRICA
Poesía y ciencia
son la misma
matemática del sinsentido.
UN POEMA
Tú, cuya mano me ha bañado
de un fuego transparente las espaldas,
cuyos ojos en claros naufragios hundieron
algunos principios elementales de mi alma,
tú eres mi patria.
Tú, que no tienes apellido,
que no sé si eres pájaro o si alcándara,
que de todos tus brazos las letras de plomo
cayéndose han ido, como si fueran nueces vanas,
tú eres mis padres
y mi patria.
Tú, que ni tú te acuerdas dónde
tendiste a orear las nubes blancas,
que de tantos amores que tienes confundes
el nombre de todos los días de cada semana,
tú eres mi Dios
y mis padres
y mi patria.
Tú, que tan dulcemente besas
que el cielo bocabajo se volcaba,
y que no se sabía de quién ya la lengua,
de quién la saliva, de puro sabrosa y templada,
tú eres mis leyes
y mi Dios
y mis padres
y mi patria.
Tú, que apacientas calaveras
por las praderas de la verde África
y a los rojos leones les echas de pasto
las rosas de leche de luna de Nuruquimagua,
tú eres mi ejército
y mis leyes
y mi Dios
y mis padres
y mi patria.
Eres mi ejército y mis leyes
y mi Dios y mis padres y mi patria,
y el ejército y Dios y las leyes y todas
las patrias y padres se creen que tú no eres nada:
que no éres nada.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda
EU TE QUIERO LIVRE
Eu te quero livre,
como arroio que brinca
de rochedo em rochedo.
Minha não.
Grande eu te quero,
como monte grávido
de primavera.
Minha não.
Boa eu te quero,
como pão que não sabe
de sua massa boa.
Minha não.
Alta te quiero,
como choupo que ao céu
se espreguiça.
Minha não.
Blanca eu te quero,
como flor de laranjeira
sobre a terra.
Minha não.
Minha não
nem de Deu de ninguém
nem mesmo tua.
RAIVA ALHEIA
Nada fora de mim,
com exceção da zanga,
tem um início e um fim
determinado,
com exceção da raiva,
que não é mina, digo logo, assim desde início,
como dizem em mi cidade,
tão felizes pela manhã
até a noite, muito mais felizes, muito mais,
que não é minha, repito, porque ainda mais adentro
surge a vontade de morrer,
e despois da raiva, bem depois, ou não tão despois,
sobressalta pensar que voltarádoutra vez
a raiva ou a zanga,
de fora, por suposto,
fora de mim, fora de todos, recomeça,
volta e mais volta, fora, recomeçar,
e assim termina tudo.
DUAS VEZES BREVE
TEÓRICA REALIDADE
Poesia e ciência
são a mesma
matemática do sentido.
REALIDADE TEÓRICA
Poesia e ciência
são a mesma
matemática do sem sentido.
UM POEMA
Tu, cuja mão me banhou
de um fogo transparente as espaldas,
cujos olhos em claros naufrágios fundiram
alguns princípios elementais de miinha alma,
tu és minha pátria.
Tu, que não tens sobrenome,
que não sei si és pássaro ou se alcantarilha,
que de teus brazos as letras de chumbo
caindo se foram, como se foram nozes vãs,
tu és meus pais
e minha pátria.
Tu, que nem tu mesmo te lembras onde
deixaste a arejar as nuvens brancas,
que de tantos amores que tens confundes
o nome de todos os días de cada semana,
tu és meu Deus
e meus país e mnha pátria.
Tu, que tão suavemente beijas
que o céu cabeça para baixo virava,
e que não se sabia de quem era a língua,
de quien a saliva, bem saborosa e morna,
tu és as minhas leis
e meu Deus
e meus pais
e minha pátria.
Tu, que pastoreias caveiras
pelas pradarias da verde África
e aos rubros leões lanças como pasto
as rosas de leite de l
a de Nuruquimagua,
tu és meu exército
e as minhas leis
e me Deus
E meus paise minha pátria.
És meu exército e minhas leis
e meu Deus e meus país e minha pátria,
e o exército e Deus e as leis e todas
as pátrias e pais pensam que tu não és nada:
que não és nada.
Página publicada em dezembro de 2018
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