MARIA LÚCIA FELIX
Maria Lúcia Félix de Sousa Bufaiçal, poeta, nasceu em Goiânia, Goiás, em 1950. menção honrosa Conc. da Universidade Federal de Goiás. Professora do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal de Goiás, onde também fez Curso de Mestrado, na área de História. Pesquisadora, Ensaísta, Escritora. Memorialista, Intelectual, Conferencista. Pensadora, Ativista, Produtora Cultural. Literata, Cronista, Contista. Administradora, Educadora, Ficcionista.
Obra poética: Rosa no Vento (1965), As Margens do Dia (2008).
TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL
DELÍRIO MARINHO
Sujo de barro as flores
que transplantei
e só um passo me espera
da loucura.
Mas é diverso o caminho.
Água marinha,
cintilância,
bússola,
lava minha alma dessa ânsia
limpa-me agora que a manhã
me pertence
e não sei o que fazer.
Esquece a dureza de pedra,
sê líquida,
bálsamo.
Penúltimo consolo,
água marinha.
Quero distância de sertões, anseio transbordar
em margens,
brisas,
vertigens.
Água marinha, eterna fonte de ancestrais
procuras
e rotas,
sê azul, verde, nível espuma, inunda-me.
Decifra o mapa que me conduzirá
lá longe
o porto me espera.
A TERRA
Imensa manhã molhada
passando tão rápida
na janela trem.
Abrigo de tanta magia
e vento
chão comprido de viagens.
Chuvas noturnas
limpando o verde
empoeirado
das bananeiras.
Goiás
humilde colcha de retalhos
para sempre guardado
um diamante.
A VOZ DAS COISAS
Eu tanto amo as primeiras paisagens
que vi na infância, que o infinito rumor
nem sempre vem à tona.
(A poesia mora entre as neblinas).
Quero falar dos rios que conheci há muito tempo,
e que rasgam meu olhar sem crueldade;
quero falar da procissão e do azul dos seus andores,
dos redemoinhos de terror e susto
espiralando em meu coração.
Quero falar das gentes, dos vizinhos da frente,
de trás, dos lados
de minha casa,
do verde cheiro de terra molhada,
de eternos limites que o vento criou
dentro de mim.
É ruidoso o sentimento,
poesia que ferve, machuca, queima
e nem sempre se mostra.
A minha terra, primeira morada dos sonhos,
antes me continha,
e hoje, tão forte eu a prendo na alma
que ela não escorre de mim.
POEMA DO FOGO
Fogo, você é tão bonito!
Você parece uma flor
que eu pego na mão.
Fogo, você é tão bonito,
por que você me queima?
será que é só
para me ver sofrer?
POESIA DA NOSSA VIDA
Nossa vida parece uma viagem.
É feito se a casa fosse andando
navegando num rio
e parasse cada dia num lugar.
A SOMBRA
Eu de olhos fechados
vejo minha sombra.
É minha a sombra que eu vejo
de olhos fechados
a sombra que flutua onde eu vou.
Minha sombra cresce muito
não é pequena como eu.
Como eu que sou tão pequena,
muito menor do que ela.
A sombra! Eu morrendo
para onde que ela irá?
TEXTOS EN ESPAÑOL
TRADUCCIÓN DE
ADOVALDO FERNANDES SAMPAIO
VAGO VIAJE
Es inútil desear la eternidad.
Éste es el momento, el místico desvío,
Y decira adiós es um rito fácil.
Nada vale buscar nuevas respuestas
si el postrer acto que nos queda
vivir por ese amor, por nuestro amor,
seguramente es sepultarlo entre sonrisas
para en saudade y encanto preservarlo.
Ves, hay cansancio y tedio em tus ojos,
Um descomedido deliquio em este encuentro,
y es mejor dejar vivir en mí,
el deseo que en gestos y palabras
quizás permenezca más allá de tu ausência.
LA TIERRA
Inmensa mañana mojada
pasando rápidamente
en la ventana del tren.
Abrigo de mucha magia
y viento,
suelo dilatado de viajes.
Lluvias nocturnas
limpiando el verde
empolvado
de los plátanos.
Goiás
humilde colcha de retazos
que todavia envuelve
um diamante.
Extraído de la obra
VOCES FEMENINAS DE LA POESÍA BRASILEÑA
Goiânia: Editora Oriente, s.d.
Página publicada em junho de 2008
|