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JOCA REINERS TERRON
Joca Reiners Terron (Cuiabá, 9 de fevereiro de 1968) é um poeta, prosador, artista gráfico e editor brasileiro.
Radicado em São Paulo desde 1995, Joca estudou Arquitetura na UFRJ e formou-se em Desenho Industrial na UNESP. Publicou os livros de poemas Eletroencefalodrama (1998) e Animal anônimo (2002) e os de prosa Não há nada lá (2001), Hotel Hell (2003), Curva de Rio Sujo (2004), e Sonho interrompido por guilhotina (2006). Foi editor da Ciência do Acidente.
Seus textos integram diversas antologias nacionais e estrangeiras, como Na virada do século - poesia de invenção do Brasil (2002), editada por Frederico Barbosa e Claudio Daniel, Rattapallax, editada nos EUA (2002), e Tsé=tsé, editada na Argentina (2000)
TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL
HMN
Meu último dia útil
INTEIRO: Hmmm, não moverei
dedo, parte dúctil ou tátil
de mini partes quaiquer
encontráveis em mim, múltiplo
fazer nada labiríntico: Hmmmm
Ancas em ondas
bovinas de grama movida,
minha Minotaurina
UM MILHÃO DE BITS
Um milhão de bits
em um milionésimo
de segundo, amor
um súbito sussurrar
de sílabas suas
ecoa em mim mil
beats, batida comum
em corações binários
zero: um: zero: um
um breve bater de
pálpebras e sentidos
explodem modulados
por modems emol
durados, amor, em
fibras óticas, num
átimo e vibras, pênsil
por sobre o éter, num transe high definition
PRIMEIRO MOVIMENTO
Abrandou-me; cobriu.me co’a anca;
disse dorme; o olho na névoa;
abençou-me; corpo(s em) trégua;
cum pisco da pálpebra branca;
- Pele pele-manta; imanta
a culpa; monstra-encrenca;
e afronta; pele, pele branca;
o cancro que minha mente enfrenta;
brinco inca; câmara de tintas;
finca pé ante o nono sono;
campo bento em que Onan brinca;
-Palmo calmo de pele; pele-nunca;
naco branco que toda boca trinca;
lacero-te; mas; não; nem;nunca; nunca
TERRON, Joca Reiners. Animal anônimo. Jales, SP: Ciência do Acidente, 2002. 110 p. 17x24 cm. ilus. ISBN 85-87515-16-0 “ Joca Reiners Terron “ Ex. bibl. Antonio Miranda
rasgo negro
de margem
a margem
no centro
marcas do
desabamento
acima,
o Elevado leva
restos a reboque
e encobre
escravos tangidos
pelo trator
por que, apesar
de asfalto, erosão
e motor
tudo permanece
imóvel, a mesma
paisagem estática?
no buraco
há um velho
seus rodos
panos, vassouras
ouça-o,
contra o dedo
em riste do tempo:
à morte não cedo
não, não cedo
afinal de contas
amanhã acordo cedo
e o banheiro está sujo
ao sair da toca
o cão lambe
suas rugas
sem razão
o velho
em troca
cata-lhe pulgas
dá a ração
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TEXTOS EN ESPAÑOL
JOCA REINERS TERRON
Joca (JoãoCarlos) Reiners Terron nació en Cuiabã, Mato Grosso, en 1968. Estudió arquitectura y diseño industrial. Vive en São Paulo, desempeñándose como diseñador gráfico y editor del sello Edições Ciência do acidente. Publicó Eletroencefalodrama (1998). [Traducciones de R.J., revisadas por J.R.T.]
Textos extraídos da revista TSÉ=TSÉ n. 7/8 otoño 2000, Buenos Aires, Argentina
HMN
Mi último día útil
ENTERO: Hmmm, no moveré
dedo, parte dúctil o táctil
de mini partes cualesquieras
encontrables en mi, múltiplo
hacer nada laberíntico: Hmmmm
Ancas en ondas
bovinas de grama movida,
mi Minotaurina.
UN MILLÓN DE BITS
Un millón de bits
en un millonésimo
de Segundo, amor
un súbito susurrar
de sílabas tuyas
resuenan en mi mil
beats, batida común
en corazones binários
cero: un: cero: un
un breve batir de
párpados y sentidos
explotan modulados
por modems en
marcados, amor, en
fibras ópticas, en un
momento y vibras, pênsil
por sobre el éter, en un
trance high definition.
PRIMER MOVIMIENTO
Me ablandó; me cubrió con el anca;
dice duerme; el ojo en la niebla;
me abendijo; cuerpo(s en) trégua;
intermitência de párpado blanco;
-Piel piel-manta; imanta
la culpa; monstrua-cómplice;
y afronta; piel, piel blanca;
el cancer que mi mente enfrenta;
juego inca; cámara de tintas;
fija el pie ante el nono sueño;
campo bendito en que Onán juega;
-Palmo calmo de piel; piel-nuca;
taco Blanco que toda boca trinca;
te lacero; pero; no; ni; nunca; nunca
Página publicada em abril de 2010; página ampliada e republicada em janeiro de 2015. |