KIOSKERMAN
Pablo Holmberg (alias Kioskerman)
Buenos Aires, 1979
http://www.kioskerman.com.ar/
Ler poesia, ou a maioria das poesias que já li, me dá um certo nervosismo; é uma velocidade que eu não conheço direito. Acho, porém, que aprendi a ver poesia na prosa e a tentar alguma profundidade estética no que escrevo, mínima que seja para não parecer robótico. E também acho que aprendi a ver poesia nos quadrinhos.
Fazer a junção entre cada imagem e cada frase se assemelha, para mim, a essa troca de marcha que exige a leitura de poesia. Contudo, não me causa nervosismo algum. Pelo contrário: é convidativo. Penso que seja o encanto das imagens em si (a descrição que eu faço acima obviamente não reproduz o traço de Kioskerman), pois também considero que o texto, sozinho, já valeria como bela poesia.
Em Portas do Éden, daria para chamar estas pequenas histórias – tiras, na verdade - de haikais ou de alguma outra forma de poesia curta. Todas têm impreteríveis quatro quadros. As palavras são mínimas. Texto e imagens correm em paralelo, geralmente sem se tocar se não na cabeça do leitor.
Porque o que o Kioskerman faz em Portas do Éden me parece poesia neste sentido de assumir uma outra velocidade.
Por Érico Assis
Página publicada em abril de 2015
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